sábado, 29 de agosto de 2009

o tempo e o luto

E hoje faz uma semana que minha mãe partiu... é inacreditável que já passou uma semana!

Daqui a pouco vai fazer um mês, um ano, dois anos, dez anos... o tempo é uma coisa muito engraçada. É o tempo que nos faz lembrar de alguém: tanto que ficamos juntos, quanta coisa rotineira que agora vai fazer falta. Mas é esse mesmo tempo que vai nos ajudar a nos readaptar a uma nova situação e, de alguma maneira, voltarmos a ficar bem.

Essa semana foi muito esquisita. Eu voltei a trabalhar, mas parece que as coisas ainda funcionam no piloto automático. Estou cuidando de coisas burocráticas e práticas, tais como contas, seguros, inventários, placas de cemitério. Mas às vezes parece que não sou eu mesma. Tem algo diferente dentro do meu coração.

Então esse é o luto. A gente vê viúvas enlutadas nas novelas, filmes, sempre tão caricatas. Ouvimos falar que no luto se veste preto, não ouve música. Eu não estou fazendo nada disso. Mas parece que meu coração está pedindo um tempo para pensar.

No sábado que ela morreu, eu fui para casa de carro sozinha, e automaticamente liguei o rádio. Em poucos minutos, começou a parecer que era muito barulho, e desliguei. Até agora não o liguei de novo. Eu trabalhei, conversei com as pessoas, mas ainda não consegui falar amenidades. Ontem, depois da missa de sétimo dia, saí com 2 amigos queridos. Eu queria estar lá, eu me diverti. Mas uma hora dei uma risada alta, e dentro de mim essa risada soou estranha. Não que minha mãe estivesse sendo desrespeitada. Era, mais uma vez, meu coração pedindo mais um pouquinho de silêncio.

Tenho certeza de que minha mãe me queria feliz. Não ia querer que eu parasse minha vida. Inclusive meu pai e irmãs não me deixaram cancelar a minha viagem na próxima sexta. Minha mãe ia adorar que eu fosse. Mas eu tenho que tratar desse dragão dentro de mim que está prendendo a alegria, pois tem um outro dragão querendo ser feliz.


PS: Ontem a noite foi a missa de sétimo dia. A missa foi linda! foi celebrada por um padre amigo nosso, a flauta tocada por uma grande amiga, e o canto do Edinho, maravilhoso. Tanta gente querida, amiga, em volta de nós. Mamãe teria adorado assistir essa missa. E, bem, ela assistiu...

3 comentários:

poesia potiguar disse...

Eu sei que nos vimos na sexta. E sei que eu te expliquei o motivo que me fez não ir à missa. Mas isso não ameniza minha tristeza por não estar lá junto de vocês e do seu pai...

Quando me despedi de seu pai na sexta, lá no evento da PUC, eu disse: "Meu coração estará aqui com vocês hoje à noite".

Queria que você soubesse disso!

beijos!

Fernanda Reali disse...

Mara, vim agradecera visita que fizeste ao meu bloguinho. Li que tu tiveste duas perdas em agosto, da mãe e de uma amiga jovem. Nossa, que dureza!

Não te conheço, mas quero te dar um abraço virtual, transmitindo energias positivas. Nada a dizer sobre as perdas, só um abraço silencioso de solidariedade.
Bjs

Júlia disse...

Mara, não sei o que dizer mais para conforta-la. Gostaria muito que você, suas irmãs e Tio José não estivessem passando por esse sofrimento, por essa dor .... a única coisa que posso fazer e ficar a disposição de vocês e rezar para que isso tudo melhore.
Li em algum lugar que essa dor não passa, mas que nós aprendemos a conviver com ela e que isso a torna suave com a brisa do vento.

Tô aqui sempreeeee.

Amo!!!

Beijooo