sexta-feira, 23 de maio de 2014

Sua foto

Numa brincadeira, tirei sua foto. Você não quis, colocou a mão na frente do rosto. Demos risadas e continuamos o almoço. Esqueci da foto, que obviamente não tinha prestado.

Mais tarde, em casa, mexendo no celular, achei sua foto. Meu coração teve um sobressalto. Tudo que eu amo estava lá. A mão, que eu adoro ver gesticulando enquanto fala. As pontas do seu cabelo despenteado, ficando cada dia mais comprido. Esse cabelo que eu gosto tanto de passar a mão. A pequena costeleta grisalha, que charme. As linhas que saem de seus olhos, sempre tão expressivos. Tem uma pequena covinha, provavelmente cobrindo um sorriso de leve. E, por entre os dedos, seu olho. Lindo. Com toda a força que tem o seu olhar. Com todas as coisas que seu olhar diz. Com seu olhar olhando para mim.

Já tinha roubado uma foto de seu facebook. Mas essa é diferente. Essa é MINHA. Olhando para mim. E eu me pego agora dando bom dia e boa noite para sua foto, já que não tenho você aqui todos os dias.

Tenho medo do tanto que gosto de você.




terça-feira, 20 de maio de 2014

A foto

Em outubro do ano passado, eu estava em Frankfurt, trabalhando. Atendi pessoas o dia inteiro. Minha mente transtornada por tanto idioma que ouvia ao mesmo tempo: português, inglês, alemão, espanhol, japonês, chinês. Tentando entender e se fazer entender. Com alegria vi que ia conseguir almoçar e dar uma espairecida. Desci os 3 andares do pavilhão de exposições e fui no andar térreo, tomar ar e vento frio de 4 graus. Comprei um sanduíche caprese, porque não aguentava mais as comidas alemãs, e sentei na pracinha para comer. Tinha uma feirinha na minha frente. Fui lá e me presenteei com um colar de prata. Andando mais um pouco, gostei muito de uma echarpe, toda colorida. Paguei os 10 euros e já coloquei no pescoço (os 4 graus tiveram influência nisso).

Voltei pro evento. Passei antes no banheiro para escovar os dentes, pentear o cabelo. Me olhei no espelho. Lembro que sorri e gostei da imagem refletida. Estava num good hair day. A pele estava boa, e a echarpe ficou super bonita mesmo, combinou com a blusa e o casaco que estava usando. Ao sair do banheiro, resolvi fazer uma coisa que quase nunca faço: tirar uma foto. A tal da selfie. Passei um gloss na boca, posicionei o iphone e pronto. Gostei da foto, e atualizei meu perfil do Facebook.

E hoje escuto o gato dizer que quando viu aquela foto, no meio de tantas outras, teve vontade de me conhecer. Que gostou da energia que sentiu na foto. Que gostou dos meus olhos. Que torceu para que eu o respondesse.

Fiquei pensando naquele dia frio de outubro, quando eu nem sabia que ele existia. Um dia tão nada a ver, tão distante, eu num momento tão de bem comigo mesma faço uma coisa tão corriqueira que influenciaria tanto um futuro próximo? O acaso, o destino... caixinhas de surpresas!


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Autoconhecimento é tudo

Autoconhecimento é tudo. Eu já sabia disso. Me conheço há muito tempo. Vivo comigo mesma há 42 anos. Eu sabia que era tudo uma questão de tempo. Mesmo nos dias de maior desespero. Quando fiz Vigilantes do Peso, anotava tudo que comia, o que sentia. Consegui entender os dias de maior ansiedade. Percebia que engordava 1 semana antes de menstruar. Não resolvi os problemas do peso, mas pelo menos entendi o modus operandi do meu organismo. Não preciso mais anotar nada, sei qual será o desfecho. (claro, a não ser que eu resolva tomar vergonha na cara e voltar a emagrecer - mas isso é assunto para outro post).

Autoconhecimento é tudo. Quando a minha mente viaja pra Marte, pensa no pior. Já sei que é mecanismo de autodefesa. É a mente imaginando o pior para que o real não doa tanto assim. Por exemplo, se alguém querido está doente, minha mente imagina a morte, o velório, o adeus. Aí a pessoa melhora mais ou menos, mas para mim está ótimo, pois eu esperava o pior. Coisas de uma cabeça delirante.

Autoconhecimento é tudo. Só que desde fevereiro eu me sinto numa areia movediça. A dinossaura aqui não se apaixonava desde 1989. Naquele tempo não existiam redes sociais, celulares. Só o telefone da casa do moço, e você tinha hora para ligar, falar com a mãe, etc. Imagina, eu, que tenho blog, twitter, instagram, facebook, whatsapp, totalmente conectada, de repente não sabia lidar com essas coisas na vida afetiva!

Na vida real, entendo você mandar um sms e a pessoa receber e responder horas depois, quando tiver tempo. Eu faço isso. Entendo a pessoa receber um email e responder dias depois. Eu sou a rainha de não responder emails. Entendo demorar para responder uma inbox do facebook, eu faço isso. Entendo não responder um tweet, eu faço isso. Entendo ignorar uma, duas, três ligações, pelo simples fato de que não está a fim de falar com ninguém. Deus, como eu faço isso! Daí o gato faz o mesmo que eu sempre fiz, e eu fico transtornada! Como assim ele leva 2 horas para responder um sms? respondeu meu email apenas no fim do dia? O quê? dormiu e não atendeu minha ligação? Mas como assim o mundo não gira ao meu redor? (esse post chama-se Autoconhecimento é tudo, mas poderia perfeitamente chamar-se Provando do próprio veneno)

Mas voltando ao autoconhecimento. Eu já desisti de ter controle do meu coração. Mas eu sabia que em algum momento eu iria retomar a minha sanidade mental. Que eu iria ficar menos ansiosa. Eu tinha uma recordação nebulosa na minha mente. Naquele ano de 1989, eu também fiquei doida por amor. Transtornada, ansiosa. Lembro que durou uns meses. Lembro que brigamos, terminamos, e quando voltamos a coisa ficou mais tranquila, e seguiu como um namoro normal. Liguei pro ex e perguntei: "André, eu era assim transtornada?" "era", foi a belíssima resposta que recebi. "Quando fiquei normal?" "quando você teve segurança do meu sentimento por você".

Esse fim de semana teve de tudo. Teve eu surtando de ansiedade achando que ele ia cancelar nosso encontro. Daí ele liga confirmando, eu fico feliz e fico puta comigo mesma por deixar ele ser motivo de felicidade. Mas isso é assunto pra outro post. Aí a gente sai e cada minuto com ele é uma delícia. Combinamos de sair no sábado, espero por ele o dia todo, e ele fura. Ansiedade level hard. Mas ficamos 2 horas no telefone, eu perdoo e durmo tranquila. 

Então ele vem tomar café da manhã comigo no domingo. Passeamos pelas ruas, pelo parque, almoçamos. Voltamos pra minha casa. Namoro no sofá. Delícia namorar no sofá. Conversamos muito. Percebi ele me colocando na vida dele. Ele disse que precisamos nos ver mais vezes. Obrigada, querido, era isso que eu queria desde sempre! Um dia ele me disse que se sentia seguro comigo. Respondi que tudo que não sinto é segurança com ele. Depois do dia de domingo, comecei a sentir um pouco. Dormi feliz. Acordei tranquila no dia seguinte. Vou voltar ao normal. Seguirei apaixonada, mas voltarei a ser dona da minha vida de novo, eu sinto. Autoconhecimento é tudo.


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Filme real

Hoje de manhã, enquanto minhas mãos e olhos trabalhavam roboticamente no computador, minha mente voava. Estava lá longe. Procurava, sem resposta, uma comunicação telepática com alguém. Procurava saber o que fazer, o que não fazer, o que dizer, o que calar. 

Na tv, passaram 2 comédias românticas. Que eu já tinha assistido. Mas não importava, a tv só estava ligada para me fazer companhia e tentar calar a gritaria dentro da minha cabeça. Li alguns emails, autorizei pagamentos no banco, mas o foco estava muito distante. Parei para olhar os filmes. Nos dois, o amor acontece. Aí o cara vai embora, porque estava com medo de se apaixonar, ou porque achava que existia mulher mais nova, mais bonita. Aí a mocinha come o pão que o diabo amassou. Ela chora, se descabela, se reinventa. Levanta, enxuga as lágrimas e segue em frente. Até arruma outra pessoa. Aí o cara reaparece e percebe que ela é tudo que ele sempre quis. Pede pra voltar, ela titubeia mas o amor é mais forte e o final é feliz.

Esse tipo de filme faz você achar que isso vai acontecer. Que você deu um basta e vai se recompor, mas ah, ele vai te procurar. Tudo vai ficar bem. O amor é lindo. Só que o que acontece em 90 minutos de filme é o que acontece em 6 meses, 1 ano, 2 anos, 5 anos na vida. E isso significa que os 10 minutos que a mocinha chorou pode representar 6 meses de chororô na vida real.

Acreditar no final feliz não faz o meio do filme ser mais fácil.




domingo, 4 de maio de 2014

Crônica da carangueja

O @Acuio postou no face e eu vou colocar aqui. Porque isso é ser canceriana.
Crônica da carangueja esposa de Ló.
*Por Priscila Merizzio.
Nem era amor o que foi embora. Era projeção pautada em idealizações internas irrealizáveis. Quis resolver as paixões conturbadas do passado em sua existência. Joguei sobre suas costelas responsabilidades que não eram suas –– nem de pessoa qualquer. Um vazio preenchido com outro vazio. Tropecei no buraco negro de alguma galáxia. Descobri que o sentimento que criei por você existe sozinho, então, renasço-o secretamente em algumas madrugadas. É fácil. Como a criança que se concentra com força e brinca com seus amigos imaginários. O céu é um espelho. A luneta é meu olho mágico. Olho para cima como se estivesse com portáteis projetores de fotografias antigos, daqueles que eram vendidos durante os espetáculos de circo. O ritual é esse, portanto: olho para cima e para trás Ad infinitum. A algazarra das crianças e jantares de família tira-me de minha concentração simbolista. Quero quebrar as luzes dos postes públicos da cidade. Quero caminhar no escuro, sozinha, em alguma avenida agora deserta. Quero entornar uma garrafa de vodca e dormir embolada com os cachorros de rua. Manchar a grama com o delineador que tenta imitar (de forma decante) as maquiagens de Françoise Hardy. Quero que um estranho me acorde e me leve até seu apartamento aquecido. Quero que ele me dê banho e me coloque para dormir. A princesinha do papai. Como Blanche Dubois, quero acreditar na bondade de estranhos. No entanto, desconfio de tudo. A carência e o fracasso maltratam minha ossatura coberta por carnes humanas desnecessárias.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Anônimo querido

O(a) Anônimo(a) deixou o seguinte comentário no post anterior:


Ainda bem que terminou o texto com "de nada". Obrigada!

Na verdade penso do mesmo jeito. Acho que tenho que ser como eu sou, amar do meu jeito. Se não rolar, em algum lugar desse planeta com 7 bilhões de pessoas deve ter alguém que aprecie. Fui aconselhada inclusive a parar de me expor aqui, já que ele leu (lê ainda? Nunca saberemos!) o meu blog. Que talvez eu devesse inclusive deletar os posts onde declaro minha paixão por ele. Me recuso. Nunca deletei um post. Esse blog existe muito antes de eu saber da existência dele. E ele serve para marcar meus sentimentos e pensamentos num determinado momento. O foco aqui sou eu, não ele. Provavelmente nem penso mais como eu pensava em posts antigos. O bom da vida é mudar, crescer, evoluir. E viver.

O relacionamento ainda é muito novo, nem sei se decola. Por mim, decolaria. Por ele, não faço a menor idéia. Não sei se sou uma transa, uma amiga, ou uma namorada em potencial. Na verdade, acho que ele nem pensa sobre isso, ele está curtindo o momento, sem expectativas, há tanta coisa no mundo dele para se preocupar. E no meu também, só que eu penso mais nele do que nas outras coisas. Invejo essa leveza dele. Eu devia ser assim. Eu não devia pensar tanto. 

O grande problema, querido anônimo, é que tivemos um stress semana passada. Aparentemente superamos, mas não tenho certeza. Eu quero ligar, mas tem dia que não tenho desculpa para isso que não seja dizer que estou com saudade. Ok, isso é fofo, mas ligar todo dia é over. E eu sinto saudade todo dia. Estou indo rápido demais? O que é rápido demais?

Ainda é pouco tempo. Ainda preciso me situar. Preciso de referências. Preciso relaxar. Preciso fazer yoga. Ommmmmmmmmmm...