segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Balanço


Gostei de 2012 sim. Tive muito pouco tempo pro blog, pras outras redes sociais. Às vezes até tive tempo, mas faltou saco. Encaro isso de forma positiva. Cuidei mais da vida real que da virtual.

Cuidei do meu coração. Acho que finalmente consegui estancar umas mágoas, consegui colocar pessoas no seu devido lugar dentro de mim. Parei de dar importância a quem não me dá importância. Ou a não dar importância às coisas ruins vinda de quem tem importância. Acredite, isso não é fácil e leva tempo. Muito tempo, no meu caso.

Viajei muito. Foram 3 viagens internacionais, que me fizeram ver um mundo novo, coisas novas, coisas lindas. Cresci como ser humano, alimentei minha alma.

Profissionalmente, ainda tenho coisas a resolver. Mas o grande trunfo de 2012 foi o processo de coaching. Consegui colocar coisas na empresa com muito mais assertividade, separar profissional de pessoal. Ainda há muito o que percorrer, mas creio ter o "mapa da mina" nas minhas mãos.

Em 2012 pequei pela saúde. Como mudei de convênio, recolocar médicos foi uma tarefa complicada. Fiz exames ginecológicos no fim de 2011 e cheguei ao fim de 2012 sem ter achado um novo ginecologista para mostrar. Não consegui ir atrás do fisiatra, do endócrino, dei cano na dermato no meio do ano e não remarquei mais. Ou seja, no quesito cuidar de mim fisicamente... falhei! Só não me dou nota zero porque não falhei no dentista e na manutenção do aparelho. Em 2012 pequei pela saúde e meu corpo teve que dar conta sozinho do tranco, sem nenhuma ajuda da minha parte.

Financeiramente, foi um ano tranquilo. Não sobrou (claro, do jeito que eu viajei), mas não faltou. Vivi bem. Fui a shows, passeios, restaurantes, me mimei como pude. Agora no início de dezembro, quando estava acalentando a idéia de trocar de carro, sofri um acidente (e esclareço: esse acidente foi mais grave na minha mente, no meu susto, na minha sensação de fragilidade, do que na realidade). Fiquei catatônica 3 dias, levantei e comprei um carro novo. Chegou há 3 dias e eu estou in love. Mais pelo sistema integrado do som do que pelo motor. Adorei esse presente de mim para eu mesma de última hora. Mereço.

Estou entrando 2013 tranquila. Com fé. Com esperança. Com a certeza de que Deus me reserva coisas boas. Prometi não prometer nada. Mas quero cuidar de mim. Fiz supermercado ontem e comprei salada e frutas. Se não der certo em janeiro, tem fevereiro, tem abril, tem junho, tem outubro pra dar certo.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

My own apocalipse

Dia 07 de dezembro de 2012, uma sexta feira, cerca de 22:30, eu vi a morte.

A semana tinha sido difícil e puxada no trabalho. Quando a noite chegou, resolvi relaxar. Tomei banho, jantei e deitei no meu delicioso sofá para ver um filme do Telecine. Tava vendo uma comédia boa, dei risada. E comi 2 sonhos de valsa. Deitada em berço esplêndido. Então comecei a sentir calor. Pensei em ir ao quarto pegar o ventilador. Mas pensei que, já que iria para o quarto, terminaria de ver o filme por lá, já que o lençol era mais geladinho que o sofá. Levantei.

Deu cãibra na minha perna direita inteirinha. Uma dor enlouquecedora. Tentei caminhar o metro e meio de chão até o balcão da cozinha americana, foi um suplício. Dei a volta no balcão e coloquei o pé no azulejo, para ver se a perna retornava. Só não contava que minha vista escurecesse completamente. Não enxergava nada, agarrada naquele balcão. Meus ouvidos zumbiam. Não tenho idéia se tinha voz. Todos meus sentidos se foram.

Menos minha mente. Agarrada naquele balcão, a pose que Napoleão perdeu a guerra. Tinha certeza que estava morrendo. E dentro de mim, chorei. Não era justo minha vida acabar daquele jeito. Com aquela camisola chinfrim e esgarçada que eu estava usando. Pelo menos a calcinha estava limpa e ok, sem furos e elásticos soltos. Até eu achar que estava fazendo xixi, pois sentia todo meu corpo molhado. Naquela posição, agarrada no balcão. Pensei quantos dias minha família levaria para vir procurar meu cadáver. Acho que ia ser só na 2a feira, e eu eu estar dura, agarrada no balcão, e qual seria o formato do meu caixão? Quem viria para meu velório? Eu deixei as coisas em ordem na empresa? Ah, deixei sim. Minha irmã tem todas as senhas. As escrituras e certidões estão aqui na gaveta. Meu pai sabe o esconderijo do dinheiro. Mas e o meu caixão, como vão acomodar meu corpo duro e gelado nessa posição que eu morri? Será que é melhor eu me jogar no chão? Meu cachorro vai sentir minha falta, tadinho!

Bom, vou morrer. Deixa eu rezar um Pai Nosso. Encomendar meu corpo. Me arrepender dos meus pecados. Misturei Pai Nosso com Ave Maria, mas certamente Deus perdoa. Fui uma boa pessoa. Vou pro céu. Mas achava que ainda merecia mais uns dias felizes aqui, mas vamos lá. Peraê, cadê minha mãe que não veio me buscar? Não é possível que não vou chegar do outro lado sem ser com minha mãe segurando minha mão! O que ela tem de mais importante pra fazer lá do que me conduzir? ai que raiva! Era o mínimo ver minha mãe! olhei pro outro lado, respirei... inspirei, expirei...respirei... fui voltando. Comecei a ver a minha sala, e nada da minha mãe. CADÊ A MINHA MÃE??? Consegui caminhar até a geladeira, abri, e aquele geladinho foi me acalmando. Tomei água gelada, da garrafa mesmo. Estava totalmente suada, mas não era xxi não. Calcinha continuava OK. Caminhei até o quarto, liguei o ventilador, deitei. 


Acordei no sábado às 9 da manhã. Na minha cama, não na outra dimensão, com minha mãe do lado. Acordei sozinha, calma, tranquila. Não tenho certeza do que aconteceu. O André acha que foi a dor da cãibra, que ele já teve uma desta mesma forma, e perdeu todos os sentidos. Minhas irmãs acham que foi dumping. Dumping é uma reação ao açucar ou gordura que a pessoa que operou o estômago sente. Só que eu nunca tive. Talvez por isso, tenha sido nesta intensidade desta vez. Meu pai se desesperou e quis que eu fosse morar com ele. Aham.

O fato é que eu vivi meu apocalipse naquela sexta. Pode vir o apocalipse desta sexta, 21/12/12. Porque eu não tô nem aí. Desta vez eu vou ver minha mãe. Fim do mundo, vem ni mim!

Update: Nooooooooooo!! Meu Deus, me dá mais uma chance? Me deixa resolver as coisas, me dá um amor, me deixa ser mãe, me deixa mais zen, deixa eu ver minha mãe mais uma vez? Não acaba com o mundo ainda não, juro que vou tentar me transformar em algo melhor!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Contenhe probrema

Aí eu me dei conta que não postava há mais de um mês. E não foi por falta de assunto. Mas faltou tempo, sobrou calor, e muitas vezes, neurônios para concatenar idéias.

Eu resolvi demitir uma assistente. Dessa vez, sofri menos que da outra vez, mas não quer dizer que não  sofri. Mas consegui ser mais profissional, separar emoção do trabalho. Já tinha identificado o problema, conversado com ela por 3 ocasiões. A pessoa não muda, não colabora, não se integra. Chega uma hora que fica muito claro que é a pessoa que se adapta à equipe, não a equipe à pessoa. Demiti. Fiquei uma semana sozinha, sem ajudante, só pra fazer auditoria. Achei sarna pra me coçar, obviamente.

Aí vamos para a segunda parte: a substituição. Delineei o perfil, encaminhei pro RH. Esse fez seleção, me mandou 5 pessoas para entrevistar. Entrevistei - e não há nada mais vago no mundo do que uma entrevista - liguei o achômetro e selecionei a pessoa que considerei mais adequada. PRIMEIRA HORA de trabalho na segunda-feira, ela vai escrever um email, eu ao lado ditando o texto: "a duplicata contém.." e a pessoa escreve: "a duplicata CONTENHE...". Pausa para eu sofrer uma isquemia cerebral. Eu corrijo: "não é contenhe, é contém, M no final". Ela vai e coloca o M no final: CONTENHEM. Segunda isquemia cerebral do dia. E já percebi o que vem por aí.

Ao longo da semana foi uma chuva de emails para mim com belezas da tipo: vencerão no lugar de venceram, verifica-se no lugar de verificasse. E um texto de 3 linhas sem absolutamente nenhuma vírgula. Na 5a feira ela veio pedir feedback, porque estava adorando a empresa e precisava demais do emprego. "Tecnicamente, você é boa. Mas sua ortografia e redação é péssima, e isso é realmente um problema para mim". Agradeceu o feedback, disse que na escola não gostava de português (nota-se), mas que iria se esforçar. Bom, vamos ver. Tenho dó. Mas ultimamente tenho mais dó de mim também, sabe?


Sei que é uma ilusão, que isso não existe... eu sei, eu sei. Mas eu estou tão cansada do mundo corporativo. Das brigas, das encrencas, dos egos, das decisões, de ter que agradar a todos, de não poder agradar a todos. Cansada. Mundo bom de acabar, esse.