segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A falta de consideração


Este post poderia ter vários títulos: Falta de consideração, Falta de generosidade, Falta de solidariedade, Negação, Só meu mundo importa...

Essa semana saí com amigas que vejo uma vez por ano. Mesmas coisas, mesmo tudo. 500 emails para marcar uma data, daí sempre falta uma. Nem estresso mais com isso. Vou no dia e pronto.

Só que dessa vez, aconteceu algo diferente. Cheguei no restaurante, cumprimentei, jogamos conversa fora. Aí, pergunto à uma delas: "como você está?" e ela responde: "estou indo. Minha mãe faleceu há 20 dias, entre o Natal e o Ano Novo".

Óbviamente, fiquei chateada e a abracei forte. Sim, eu infelizmente conheço essa dor. E perguntei porque ela não avisou, se precisava de ajuda, etc. Ela disse que não, mas está complicado, pois é filha única e não tem boa relação com o pai, não tem familiares por perto. Enfim, uma barra e ela não tem o ombro de ninguém para chorar.

Então eu comecei a conversar com ela, a dizer quanto é difícil, que melhora, que saudade vem o tempo todo. Começamos uma troca de figurinhas. Daí o assunto mudou, e as outras pessoas interagiram. Então, essa amiga novamente trouxe a questão da mãe. Estava tão óbvio para mim que ela estava colocando coisas para fora. E uma outra "amiga" na mesa, interrompeu a conversa para mostrar foto do cachorro! Perfect timing!

Almoçamos, conversamos mais e a moça, mais uma vez, trouxe a mãe pro assunto. E me fez perguntas de inventário, seguros. Enquanto estou falando, olho para frente e vejo uma CARA DE BUNDA. Tipo assim, a pessoa não conseguia disfarçar a cara de enfado, de saco cheio com aquele assunto. Fui ficando desconcertada, perdi a linha de pensamento, mas terminei. E a cara de bunda lá. Ela só sossegou quando este assunto finalmente encerrou e a gente passou a falar do que ela realmente estava a fim: a vida dela.

Estou até agora pensando sobre isso. Acho que esse foi meu último encontro com essa turma. Porque eu ainda acho que amigo está aí pros momentos bons e ruins. Na maioria do tempo sou feliz, mas quando estiver triste, gostaria de ser escutada. Olha, logo depois da morte da minha mãe, falei sobre isso com muita gente. Ainda falo sobre isso. A morte dela ainda é recente, minha mãe ainda faz parte da minha vida, das roupas que uso, dos restaurantes que vou... sempre tem uma coisa para lembrar dela. E não pretendo parar. A saudade é boa. Dói, mas é boa.

Sobre esta "amiga", não defini ainda se essa atitude foi egoísmo, falta de educação, de generosidade, de solidariedade. Ou ainda uma negação - melhor imaginar que a mãe dela nunca vai morrer e ela não vai passar por isso. Desculpa te dizer, amiga, mas isso vai acontecer com todos, mais cedo ou mais tarde.

PS: Na época, recebi este link desta ótima matéria da Marie Claire sobre o luto, segue o link aqui. Incluindo centros de apoio.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Come on baby, light my fire...

Quando se faz uma mudança, e todas as suas coisas são mexidas (e quando eu digo todas as suas coisa, é TUDO mesmo: roupas, sapatos, bijouxs, perfumes, móveis, louças, quadros, roupas de cama, mesa e banho...) parece que acabamos fazendo um "inventário" da sua vida. Este é o momento de fazer essas coisas caberem no novo espaço, momento de se desapegar, de doar, e de rever conceitos.

Tive vários insights, mas um deles foi bem esclarecedor de como eu ando vivendo minha vida. O que você tem, o que você guarda, o que você descarta diz muito sobre a realidade. E daí que eu comecei a abrir caixas e mais caixas, e achei nada mais, nada menos, que 13 velas decorativas. Compradas ou ganhadas, e guardadas para usar num momento que eu quisesse "criar um clima" com alguém. Momento esse que nunca aconteceu.

E quando eu achei esse conjunto de velas, achei que valia a pena acendê-las PARA MIM. Para celebrar minha casa nova. E eu, feliz e ansiosa, fui acender. E daí descubro que NÃO TENHO FÓSFORO.

A lição foi clara: tanto que eu planejei para mim, mas na reta final eu falhei. Ou não planejei efetivamente. Ou não cuidei de todas as variáveis do plano. Quantas coisas que eu quero e eu efetivamente não faço o que tem que ser feito?

Agora, me dá licença que eu vou lá comprar fósforo.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Happy New Life!!

A máquina de lavar quebrou agora, mas eu estou feliz. Estou no meu cantinho.

Preciso fechar balanço, estou com muita coisa pendente para resolver, mas estou feliz. Estou no meu cantinho.

Uma pessoa querida está passando por problemas, e isso me dói o coração, mas estou feliz. Estou no meu cantinho.

Esta semana tive uma pequena hipertensão, o médico disse que era stress e me deu diurético, mas estou feliz. Estou no meu cantinho.

Começou o BBB, vou ficar presa e sem tempo, mas estou feliz. Estou no meu cantinho.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Happy desperate housewife

Eu tinha um ritual planejado. Eu tinha superstições a cumprir. Me falaram que, ao entrar na casa pela 1a vez, as primeiras coisas eram o azeite e a farinha, que eram símbolos da construção, da fartura, etc e tal.

Como diz a twitteira @nairbello, Ma Che!! Quem teve tempo de ritual? a vida vem com tudo e você não tem tempo de pensar em nada! Cada diz traz uma coisa de um lugar, vem pedreiro, vem pintor, vem o mundo e você não acha tempo de ir no supermercado e comprar o azeite e a farinha. Aí você se ilude: vou trazer isso no dia que entrar os móveis. Ledo engano. O dia passa correndo e estressante, você querendo arrumar tudo. Aì você se ilude pela 3a vez, que vai comprar quando for definitivamente começar a morar aí. E quando você percebe, ficou muito cansada num dia e já dormiu lá, fez supermercado para o café da manhã e esqueceu das bendita farinha com azeite.

Chega uma hora que você tem que assumir que não vai conseguir fazer. Ponto. Pelo menos, no dia que peguei a chave, consegui 10 minutos de solidão para rezar um Pai-Nosso em cada cômodo.

E quando eu vi, já estava morando aqui. E está tudo tão lindo, tão gostoso...

Agora vocês me dão licença que eu ainda tenho 13 caixas de coisas para guardar. Isso não acaba nunca!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Vamos abrir as caixas da esperança!

Ontem fui no guarda-móveis resgatar minhas coisas. Tudo. Ao abrir o cadeado do box, dou de cara com uma bicicleta ergométrica. Não lembrava que tinha, nem sei aonde vou colocar. Mas esse era apenas o primeiro objeto que eu ia estranhar...

Seguimos, eu e o caminhão, até o apê. Com muita felicidade, vi que tudo ficou bem preservado. Afinal, meus móveis ficaram guardados por 1 ano e 2 meses, enrolados em plástico bolha, mas eu estava receosa que tivessem mofado, estragado. Nada, tudo perfeito. Meu sofá continua a sendo a 15a maravilha do mundo, e minha cama a 14a.

Aí comecei a abertura de caixas. Cada uma que abro é uma surpresa:
- achei robô do BBB que minha mãe deu.
- várias bolsas que eu queria
- copão da Disney
- tenho 6 DVDs do U2. Não lembrava de ter tudo isso.
- filme do Monty Phyton, vai ser a 1a coisa que vou assistir quando instalarem a TV.
- boneco do Charlie Brown
- jogo de lençol do Shop Time que eu amava
- 2 almofadinhas de futon

E por aí vai. Será que eu estou com Alzheimer? Cada caixa é uma felicidade e surpresa! Ainda não achei meu i-pod, mas não perdi a fé.

Hoje começo a levar as roupas e sapatos para lá. Oremos.