quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Post de adeus a 2009

Depois que passa o Natal, é fatal pensar na vida. Avaliar o ano que passou, o que se quer mudar, o que se quer melhorar. A minha restrospectiva de 2009 é muito louca.

No primeiro trimestre de 2009, eu tive uma grande revelação, me fez mudar o rumo dos meus sentimentos, acalmou meu coração, entendi meu passado e tirei a culpa das costas. Você pode morrer de curiosidade, mas não conto o que foi. Só te digo que foi extremamente relevante.

No segundo trimestre, abri este blog, e comecei a desfiar aqui o que andava pulsando no meu coração. Abri também o Dez Milhões, blog para falar de BBB, minha paixão assumida, sem vergonha de ser feliz.

No segundo semestre, a minha vida mudou totalmente o rumo. Perdi minha mãe. Linda, cheia de vida e amor, foi viajar e não voltou. Agora, ela nos ajuda e nos orienta diretamente lá do céu. E, com tanta mudança doida, eu ainda inventei de fazer minhas malinhas e voltar (temporariamente) a morar com meu pai e irmãs. Busca de aconchego e apoio.

Eu sinceramente acho que 2010 será melhor. Pois 2009 foi ano divisor de águas na minha vida. Tanto na vida familiar quanto na vida amorosa. Eu cresci, eu mudei, eu pensei, eu refleti. Eu aprendi o que realmente importa.

Estou me recusando a fazer qualquer tipo de ritual hoje. A cor da roupa não vai me trazer dinheiro ou namorado. Vou comer lentilha porque gosto de lentilha. Eu entrei 2009 ao lado da minha mãe, estou entrando 2010 sem ela. Então, esse treco de que o que se faz na virada se faz o ano todo é balela. Não farei rituais, mas nunca perderei a esperança. 2010 é o ano da Mara cuidar da Mara. É o ano de ser feliz. A trilha sonora é essa:



Não deixe de acreditar. Espere pelo sentimento.

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Update: Uma hora após publicar este post, nossa cachorra futriqueira Poliana morreu. Foi lá ficar com a vózinha dela.

Já vai tarde, heim, 2009?

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Reencontros...

Recebi um email da Personare, que dizia como é importante de tempos em tempos reencontrar antigas amizades, que às vezes ao vermos as mudanças de amigos percebemos as mudanças em nós mesmos.

Isso bem é verdade. Uma vez eu revi na rua uma moça que estudou comigo no colegial, e me assustei como ela estava enrugada. E logo em seguida pensei: "caramba, estou enrugada também desse jeito e não percebi?". Não, não estava. Fiz enquete e todos negaram, disseram que eu estava melhor. Mas é fato que vermos pessoas que fizeram parte de nosso passado pode funcionar como um espelho, até para avaliar se progredimos ou ficamos estagnadas.

Mas, na verdade, esse texto me lembrou de uma amiga da faculdade. Entramos com 17-18 anos, saímos com 21-22. Ambas virgens, sem carro, sem namorado. Eu terminei a faculdade empregada, namorando, comprei carro logo após a formatura. Ela não. Ela mudou de país, perdemos o contato. A internet nos reaproximou. Quando isso aconteceu, eu estava casada. Daí eu me separei, ela voltou ao Brasil. Nos últimos anos nos reencontramos todo mês de dezembro, para confraternizar.

Invariavelmente, todo final de encontro eu volto pensativa. Caramba, temos 38 anos nas costas. Não faz sentido uma mulher de classe média de 38 anos não poder sair a noite porque não tem carro. Oi, tem taxi? não é possível que com sua idade e emprego ainda não tenha condições de pagar um taxi! E não que ela tenha grandes despesas: ela AINDA mora com os pais!

E o papo de todo encontro? como ela é funcionária pública, todo santo encontro ela reclama da falta de aumento de salário do funcionalismo, do arrocho, da pqp. E eu mordo mais um pedaço de pizza, pensando: "minha filha, vai trabalhar de verdade numa empresa, depois venha com nhé-nhé-nhé! na vida real não tem disso não!".

Então eu fico abismada toda vez: como pode uma mulher de 38 anos viver como se tivesse 17? que amarras pode ter essa pessoa? e olha, ela era tão boa aluna... tirava notas melhores que eu! sempre achei que seria alta executiva... mas se acovardou, e preferiu ficar escondida e protegida nas tetas do Estado, e se sentindo prejudicada.

Enfim, ver essa amiga me faz ver o quanto EU evoluí. Coisas boas e ruins aconteceram, mas ACONTECERAM. Depois me chateio, que eu deveria dizer alguma coisa para ela. Mas depois me convenço que não tenho mais participação na vida dela, não tenho esse poder, e me calo. Até dezembro seguinte!

PS: Agora estou preocupada se ela vai ler. Ah, bobagem, vai não! ela não está inserida no mundo digital!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Ho ho ho!

Então o Natal chegou...

Ontem acordei muito angustiada. O coração dolorido, a mente dispersa, vontade de gritar, de correr, de sumir. Já tinha feito as compras de ingredientes da ceia, já havia feito as compras de presentes. A contragosto, sem vontade e inspiração, mas fiz. Mas ontem, dia 23, foi um dia difícil.

Uma bobagem na empresa, me deu uma ziquizira (adoro essa palavra!) e larguei tudo. Fui direto no cemitério. Coloquei flores no túmulo da mamãe e chorei. Chorei muito. Falei muita coisa com ela, com Deus, com minha vó do lado dela. E chorei mais um pouco. E para finalizar, dei mais uma choradinha. Então voltei para o trabalho, um pouco mais aliviada.

Em casa, resolvi fazer o que minhas irmãs adiaram o mês de dezembro inteiro: armar a árvore de Natal. Num lampejo, fiz o seguinte:

coloquei minha mãezinha no seu devido lugar: a estrelinha do topo. Fazer isso me fez bem. Chorar no cemitério me fez bem. Depois disso, foi muito gostoso arrumar a árvore, enfeitar a casa. Acho que o espírito do Natal chegou. Estou com vontade de abraçar todo mundo, e ficar cantando:



Então é isso. Nenhum Natal daqui para frente será o mesmo. Vai faltar nossa estrelinha. Mas continua sendo Natal. E Natal é tempo de ser feliz, de estar com quem se ama. Então faça isso, que eu vou aqui ser feliz também!

Feliz Natal!!


PS: e nunca subestime o poder de um bom chororô. Dá uma limpada na energia parada.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Momento difícil


Em 2006, quando eu me separei, com o coração partido em mil pedaços, comecei a fazer uma pós-graduação. Foi muito bom para mim, ganhei uma das melhores turmas de amigos que alguém pode ter. E sempre usei o ombro deles para desabafar, pedir conselhos. E quando eles pegavam no meu pé eu dizia:

- me deixa, eu num momento difícil!!

Sendo uma das palhaças da turma, quando eu falava "momento difícil" virava piada, eles diziam que era minha desculpa para tudo. Sim, tinha dias que eu falava por charme, mas tinha dia que era difícil mesmo. E, olha, usei o "momento difícil" pelos anos de 2006, 2007 e acho que uma parte de 2008. Ou seja, meu momento difícil encheu o saco de meus queridos amigos.

Ora, ora. Nessa última sexta, dia 11 de dezembro de 2009, jantava com alguns membros desta turminha. Falávamos de viagens, de Natal, de carros, de empregos, e no meio do nada, Silvinha solta essa: "agora sou eu que estou num momento difícil".

Numa fração de segundos, entrei num transe. Demorei para entender que ela estava brincando comigo. Quando percebi isso, me toquei como o tal "momento difícil" ficou para trás. Como eu superei o que doía. Como a dor passou. Sim, eu sabia que ia passar. Mas quando estamos vivendo a dor, a gente quer saber em que dia do calendário ela vai passar. Não sei que dia foi, mas aquele momento difícil se foi.

Como diz o ditado, this too shall pass. Se a minha dor passou, a sua também vai. Confie.

Ontem fiz meu mapa astral. Mas isso é papo para outro post. Momento difícil...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O Natal

A vida inteira escutei de pessoas que perderam entes queridos que o Natal era a época mais difícil. E isso virou meio lugar comum. Mas como a gente só entende as coisas quando acontecem com a gente, chegou a minha vez de experimentar isso.

Para mim, o Natal há muito tempo vem sendo uma época delicada. Há um bom tempo não venho curtindo essa data direito. É um tal de nos enchermos de compromissos, de confraternizações. Ano passado, se bem me lembro fui à 13 confraternizações. Foram 7 amigos-secreto. É um corre-corre dos infernos para na semana seguinte a vida continuar como a vida sempre foi.

Esse é o lado consumista. Você TEM QUE dar lembrancinhas, e vai receber algumas de volta. Essas que você receber de volta, provavelmente vai trocar. E vai injetar mais dinheiro na ciranda do consumismo. No fim das contas, você gasta um dinheiro legal para girar uma grana que poderia comprar algo bem legal para você, mas gastou picadinho. Alguém vai dizer: "mas o que importa não é o presente, é a brincadeira, é estar junto". Desculpa, para mim não é mais uma brincadeira gostosa ter que me enfiar num shopping 8 vezes no mês, lotado, sem vaga de estacionamento, para comprar lembrancinha.

Tem o lado emocional. Você já parou para pensar no desgaste emocional que provoca você TER QUE ligar para as pessoas queridas e desejar felicidade, alegria, amor, sucesso, tudo de bom? E escutar isso de volta? ao invés de soar como mensagens alegres, tem me soado como meta inalcançável, cobrança. Tem sido cansativo.

E tem o lado "agenda". Façam as contas comigo: se dezembro tem 23 dias, e eu fui à 13 confraternizações, me sobraram 10 noites. Dessas 10 noites, umas 7 eu tive que ir ao shopping fazer compras. Sobraram 3 para eu viver, ver um programa de tv, dormir mais cedo. Fora que alem desses compromissos "noturnos", sua vida normal segue: trabalho, casa, etc. Eu me canso de ver uma agenda lotada assim. Eu estou cansada de tanto compromisso!

Não, não. Em 2009 eu não vou viver isso. Fiz diferente já: não entrei em absolutamente nenhum amigo secreto. Expliquei minha total falta de vontade de fazer compras. Estou dizendo que é por causa da perda da mamãe, mas na verdade não é. Isso vem de antes. E vou nas confraternizações se estiver com vontade NO DIA. Sábado passado faltei num almoço. Ah, estava um dia esquisito, e eu não amanheci sociável. Esse ano, eu me permiti fazer o que tiver vontade. E se no frigir dos ovos gostar da receita, vai virar meu modus-operandi para sempre.

Voltando ao assunto inicial, sobre o Natal ser a estação mais difícil quando se perde alguém, acho que entendi o motivo. Passeando de carro por São Paulo, vi luzes enfeitando prédios, vi árvores lindas. É a celebração de um NASCIMENTO. Que é justamente o aposto do momento que vivemos hoje, que é a morte na nossa família.

Vamos armar a árvore, vamos nos reunir, vamos brincar, vamos festejar como mamãe bem gostava, mas... can we just skip X-mas this year?

Post Secret. O site onde descobrimos segredos que são nossos segredos também.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Inveja e despeito, teu nome é MARA!


Precioso é este guapo na foto ao lado. Amigo do peito, de todas as horas, queridíssimo. Consultor de estilo, é anfitrião dos melhores jantares de nosso seleto grupo G12, fã da Oprah como eu. Quando fico mais de 3 dias sem postar, recebo ligações malcriadas do digníssimo, cobrando posts. Pessoa que eu amAVA. amava!

No início desta tarde de domingo, um domingo chinfrim como tantos outros, recebo uma ligação de Precioso. A voz um pouco alterada de espumante:

- Mara! adivinha aonde estou?? (ao fundo, som de ronco de motores)
- Aonde, darling?
- Fui convidado para a corrida de Stock Car. Papo vai, papo vem, e eu estou no camarote da Contigo! Sabe quem estou olhando enquanto falo com você?
- Ai... até imagino!


- Mara, o RAJ tá aqui maravilhoso! vou tirar uma foto com ele e te mandar!
- Ora, vá par...
- Peraí um minuto que eu tô dando licença pro Marcelo Antony passar.


- Eu quero morrerrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!!!

E é isso. Tudo de interessante que aconteceu na MINHA semana é o Henrique vendo o Raj e o Marcelo Antony. Me dá licença que vou alí cortar os pulsos e já volto.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Respire... inspire...

Li na Vida Simples (você lê essa revista? não? então leia!) uma matéria que conseguiu traduzir para mim de forma perfeita a diferença entre cuidar de si mesma e o egoísmo. Vou usar essa analogia para sempre!
No avião, sempre escutamos a fatídica explicação dos comissários: "em caso de despressurização, máscaras de oxigênio cairão automaticamente. Coloque primeiramente em si mesmo, para depois ajudar as pessoas ao seu lado".

Cuidar de si mesmo é isso. É primeiro colocar sua máscara de oxigênio e respirar. Para poder ajudar os outros. Quantas vezes não queremos fazer tantas coisas pelos outros, mas nossa máscara está capenga, estamos com dificuldade de respirar, a situação está complicada e mesmo assim nos sentimos culpados de não colocar a máscara no outro? É aí que vem a lição: não podemos cuidar de ninguém enquanto estamos com problemas. Pare, sem culpa nenhuma, e cuide de você mesmo. Regularize sua respiração. Fique bem.

E o egoísmo? Egoísmo é estar com a máscara ajustada, fluindo, e ver a pessoa ao lado, ao seu alcance, se debatendo, com problemas, e simplesmente ignorar. Egoísmo é querer ser feliz sem se importar com ninguém.

O que precisamos descobrir é a maneira de cuidarmos tão bem de nós mesmos, a ponto de estarmos ao lado e ajudar os outros sem que isso nos machuque, tire pedaço, tire energia, canse.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Burocracia dos infernos

Perdi minha mãe. Gente, eu e minhas irmãs perdemos a nossa mãe. Perdemos nosso colo, nosso chão, nosso tudo. Mamãe era tão especial que pensou nas filhas. Deixou um pequeno seguro de vida. Aquele dinheiro que você não gostaria de receber. Mas então tá, vamos aceitar esse presente dela e resgatar esse valor.

E quando você diz que perdeu sua mãe, as pessoas deveriam ser solidárias, não? as pessoas e instituições deveriam respeitar seu momento, não? Não.

Vem a documentação exigida: todos os documentos, comprovantes, extratos, DNA. E além disso, um relatório médico explicando no formulário próprio as causas da morte. Como assim? o atestado de óbito não diz isso? não, para o mundo fantástico das seguradoras, o atestado de óbito é tipo papel higiênico, não vale nada. Precisa ser preenchido do jeito deles, no formulário deles, quem manda são eles, não?

Só que minha mãe cometeu o grande erro de morrer em Rondonópolis, pois estava conhecendo o Pantanal Matogrossense. Ou seja, a informação não mora ao nosso lado. Faz 2 meses que mandamos a documentação, e o hospital não nos devolve. Descobrimos que a pessoa encarregada disso, que nos cobrou R$ 400,00 para preencher os papéis, está afastada por improbidade administrativa.

Cansamos. Minha irmã pegou um avião e foi para Rondonópolis tentar resolver a situação. Ninguém em nenhum momento pensa como deve ser gostoso para ela ter que visitar o hospital que nossa mãe morreu. Pois bem. Ela chega lá, e a médica que assinou o atestado de óbito se RECUSA a preencher os formulários. Que ela é plantonista, que ela não é paga para isso, que ela não tem essa responsabilidade. Aí você começa a chorar e implorar por ajuda. Ai ela resolve te fazer o FAVOR de fornecer um relatório médico, mas formulário ela não preenche não.

Enquanto isso, em São Paulo, eu ligo na seguradora e pergunto qual o procedimento, uma vez que o hospital se recusa a preencher a informação. A resposta que recebo? "senhora, essa é uma reação comum dos hospitais. Basta então a família escrever uma carta de próprio punho, dizendo que o hospital se recusa a preencher os formulários, reconhecer firma da família e entregar com o processo. Nessa caso, fica valendo os dados do atestado de óbito".

É piada, ?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Inveja?


Sabe o que é muito desagradável hoje em dia? as pessoas perderam o senso crítico e a capacidade de argumentar e escutar.

Não se pode fazer nenhum tipo de crítica para ninguém, que logo somos rotuladas de "invejosos". Se a funcionária é relapsa, chega atrasada e você dá uma advertência, esta logo conclui que não fez nada errado, é você quem tem inveja do corpo dela. Ou do cabelo dela. Ou do namorado dela. Ou do carro dela. Ou da vida dela. Ela é sempre vítima do olho gordo das pessoas!

O que anda acontecendo com as pessoas? da onde surgiu esse sentimento que o mundo gira ao seu redor? tudo que acontece tem relação com você? eu não posso estar descontente, eu tenho que estar querendo o que você tem? muito esquisito.

Muito provavelmente essa reação deve ser uma auto-defesa para não ver seus próprios erros, e também para supervalorizar o que tem. Afinal, deve ser o máximo ter um namoradinho, colocar as fotos no orkut e dizer que todos tem inveja do seu amor. Isso deve fazer a pessoa acreditar que o que ela tem é a único e especial. Muitas vezes tenho vontade de provocar essas pessoas, e perguntar POR QUE ela acha que todos estão com inveja. Mas provavelmente serei tachada de invejosa...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Erratas e explicações

Revendo meus 2 últimos posts, Gorda! e Tenho que... , e principalmente depois de ler os comentários, muitos de pessoas queridas mesmo, fui obrigada a concordar que me expressei mal. Na verdade, não me expressei mal. Eu apenas não expliquei a situação onde esses "estresses" ocorrem. Vamos lá:

Eu não estou passando por nenhuma crise de auto-estima. Eu só estou cansada de fazer as coisas por obrigação, por pressa, sem o prazer de fazer. Claro que uma boa caminhada no parque nos faz sentir bem. O que não faz sentir bem é se culpar por não ter conseguido arrumar tempo para isso. Claro que um bom cabelereiro, manicure, pedicure, se sentir bonita, faz muito bem. O que não faz bem é por algum motivo não estar em dia com isso e se sentir culpada. Claro que sair com os amigos é delicioso. O que não é delicioso é fazer isso num dia que você sente necessidade de ficar recolhida, sem dar satisfações. O que eu questionei é a OBRIGAÇÃO de fazer essas coisas. Quando é por PRAZER, é uma delícia. E o que mais estou necessitando nessa vida é colocar mais prazer nela!

E concordo com os comentários, devemos estar sim alerta aos toques dos AMIGOS DE VERDADE, que nos avisam da raiz, que nos obrigam a colocar o nariz para fora de casa, e no final descobrimos que era isso mesmo que precisávamos. Tanto sei que isso é importante, que faço isso com as pessoas que amo também.

Agora, o que não faz sentido é você rever uma pessoa que não vê há 5 anos, não tem contato nenhum, e ela olha para você e fala: "nossa, você não fez a cirurgia? não emagreceu? ou já foi malandra e engordou tudo de novo?". Não, para esse tipo de gente eu realmente não quero e não pretendo dar satisfações. Ainda estou dando sorriso amarelo. Num dia qualquer, dou um belo f***-se!

Tenho que...

Tenho que fazer exercícios. Tenho que hidratar o cabelo. Tenho que fazer as unhas. Tenho que emagrecer. Tenho que controlar a ansiedade. Tenho que comer saladas e frutas diariamente. Tenho que evitar doces. Tenho que pagar as contas. Tenho guardar dinheiro. Tenho que fazer o relatório. Tenho que fazer supermercado. Tenho que sair com os amigos. Tenho que dar atenção a todos que me procuram. Tenho que responder emails. Tenho que lavar o carro. Tenho que me vestir adequadamente. Tenho que arrumar um namorado. Tenho que ser feliz enquanto não acho esse namorado.

Quando paro para pensar, parece que a vida vem sendo uma série de cumprimentos de "tenho que". E esse monte de "tenho que" gera uma ansiedade incontrolável, pois estamos sempre com a sensação de não estarmos dando conta, de estarmos falhando em alguma área. Cada sucesso em uma coisa é um fracasso em outra, e portanto, estamos sempre infelizes, sempre correndo atrás de algo, tal qual o cavalo seguindo a cenoura, nunca alcançada.

Li uma vez uma frase muito interessante, infelizmente não achei nenhuma referência no google, mas era algo assim: "não basta comer arroz integral. Integral tem que ser sua vida!". E me parece que uma vida aonde a gente faça coisas porque TEM QUE, e não porque QUER não é integralmente vivida.

Vamos tentar?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Gorda!

8 meses de blog. Demorô para eu fazer esse post...

Queria muito saber que direito as pessoas tem de apontar o dedo para você e te chamar de gorda. E como elas esperam que eu reaja? Eu tenho que sorrir e aceitar como uma preocupação, um carinho, um conselho? Mas na verdade é um julgamento!

Eu não saio na rua dizendo:
- oi, você é careca! faz um implante, vai?
- olha, você tá com cc!
- menina, teu cabelo é ruim, heim?
- você precisa depilar o buço, barba não favorece!
- cara, quando você vai operar esse nariz?
- ei, amigo, você tem olhar de peixe morto!
- mas suas roupas são bregas, heim?

Então eu gostaria muito de ser tratada da mesma forma que eu trato as pessoas. Quem vive a minha vida sou eu, eu sei como é o meu dia-a-dia, eu sei o que eu passo, enfrento, o quanto luto. Já carrego o meu próprio peso de sempre me questionar e às vezes me culpar, para no fim escutar de estranhos conselhos "pro meu próprio bem". Ah, tá, é super fácil ser magra, eu estou assim de pirraça! engordei esses últimos 20 kilos só porque gosto da emoção de fazer dieta! ou faço isso para chamar a atenção, né? Faz lembrar aquela revista Mad, na seção "perguntas idiotas, respostas cretinas", algo assim.

O que falta nas pessoas é se colocar no lugar do outro.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O cimento


Faxinando (esse verbo existe?) meu Outlook, achei esse email fofo da mamãe, enviado há um ano atrás. Na época, estávamos com umas arestas familiares a serem aparadas, e aqui nessa família a gente resolve tudo com reunião. Quase uma intervenção.

E nessa reunião (que acho que foi a última com nós 5, não lembro se houve outra) eu fiz uma dinâmica de grupo que aprendi numa aula de RH. Consistia em sortearmos cartões com o nome de um material de construção (água, areia, cimento, madeira, pá, etc). E cada pessoa, ao sortear o tal cartão, tem que dizer qual sua importância na construção. Depois de muito blá-blá-blá, o que aprendemos que cada material é importante JUNTO, e que a falta de cada um deles é "risco de desabamento".

E nessa dinâmica, mamãe tirou a carta "cimento". E brincamos como caiu como uma luva para ela, que realmente ela era a pessoa que mais trabalhava para manter a união e a força. E como o cimento representava isso bem. No dia seguinte, mandei um email para meus pais e irmãs dizendo como a reunião havia sido boa, e como os amava, e recebi esse email da mamãe, brincando com o codinome Cimento,

Não esperava que menos de um ano depois nossa construção perderia o cimento. Parece que nós que sobramos, água, areia, pá, madeira, estamos precisando dessa força e dessa liga, que só o cimento nos dava. Se naquela época tínhamos noção de como ela era cimento, hoje temos total clareza disso.

Sabemos que não teremos mais cimento daqui pra frente. Mas o cimento que já está aqui na construção permanece. Todos somos fortes juntos e unidos. E para nós que ficamos é uma delícia reler essa declaração de amor dela.

sábado, 7 de novembro de 2009

Vida de ladrão

Fui acordada pelo vizinho às 6hs da manhã, avisando que um cara tentava roubar meu carro. O vizinho gritou que ia chamar a polícia, e o "meliante" desapareceu. Mas ainda deu tempo de estourar meu vidro, que não caiu por causa do insulfilm.

Desci na rua para ver o carro, e o guarda da obra ao lado veio me contar que o cara já havia tentado roubar por voltas das 3hs, mas que desistiu ao vê-lo. Mas que voltou depois, e conseguiu entrar.

Dois pensamentos me passaram pela cabeça:
1. Porque o guarda impediu o cara de roubar? facilitaria muito a minha vida receber o seguro, e comprar carro de novo apenas quando comprar meu apartamento Agora que moro perto do trabalho, nem uso tanto. Cuidar de vidro, insulfilm, vai encher mais o saco do que ficar sem o carro. Meu pneu furou há mais de 1 mês e eu ainda não consertei o estepe. Imagine quanto tempo vai levar para eu recolocar insulfilm?
2. Que interesse tem o ladrão de vir 2 vezes atrás do meu carro? ele nem é essas coisas. Já estou com a pulga atrás da orelha que é encomendado, alguém quer alguma peça. E se é encomendado, o fdp vai voltar e tentar outra vez. Será que merece então que eu corra atrás de conserto se vou perder de qualquer jeito?

O mais interessante é que já vieram 4 pessoas me consolar pelo ataque ao meu carro. E eu, sinceramente, não estou nem um pouco abalada com isso. Não estou vendo motivo para estresse. Gente, eu perdi minha mãe há menos de 3 meses, vocês acham que eu vou chorar, espernear, sair do eixo por conta de um vidro quebrado?

Aí voltei a dormir e pensei no ladrão. Pensei na vida fdp que ele tem. Será que ele teve uma mãe tão especial quanto eu tive? será que ele tem para onde voltar como eu tive agora? será que ele tem amigos verdadeiros e queridos como eu tenho? será que ele tem um emprego que paga suas necessidades, seus fricotes, seus planos, como eu tenho? será que ele deita a cabeça no travesseiro e dorme, como eu? longe de sentir dó da figura, mas eu me acho privilegiada e esse dissabor me parece bem pequeno diante de tantas coisas boas na minha vida. Se eu fosse assaltada e me roubassem a carteira, a preocupação seria muito maior. Então tá, Universo, se eu tenho que sofrer mais alguma coisa, que seja o carro.

Ou não. Pode ser que mais tarde eu acorde que isso é um absurdo e fique histérica!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quem grita perde a razão

Dois casos essa semana me chamaram a atenção.

A médica que, ao ter seu embarque no vôo de lua-de-mel atrasado, teve um piti homérico no aeroporto. Ela xingou os funcionários da Gol de mortos de fome, pobres, que faltava feijão em casa. Ela humilhou. E, para piorar, ainda fez menção à cor da pele. Pronto! Racismo.

Uma amiga, de muito boa vontade, emprestou dinheiro a uma "amiga", que começou a enrolar para pagar. Quando começou a desconfiar do calote, descobriu as várias mentiras da pessoa com relação ao seu status social. O velho caso do "come mortadela, arrota peito de peru". Minha amiga então se revoltou ao perceber que perdera o dinheiro, e, num ato de desespero, raiva e indignação, desmascarou na internet todas as mentiras que a figura aprontou.

O que aconteceu com a médica? vai ser indiciada por preconceito e sei lá mais o quê. O que aconteceu com minha amiga? acaba de levar um processo por difamação. Fico com muita dó. Ela agora vai ter a maior dor de cabeça para resolver uma situação que ela é VÍTIMA. Mas o juiz escreveu no seu despacho: "se a pessoa deve, a credora pode cobrar em todas as instâncias, mas não pode expor a devedora". Infelizmente, está certo.

Nos 2 casos, guardadas as devidas proporções, ambas estavam certas, foram lesadas, mas perderam a razão ao se exaltar, a deixar a raiva tomar conta. Esse tipo de situação é para a gente aprender a lidar com a raiva, com as situações, e aprender a resolver pelo caminho certo: a justiça.


Só assim para aguentar certas coisas: ommmmmmmmmmm

O que eu posso te dizer: seja chato. Exija seus direitos. Ligue, e anote quantas vezes ligou, os números de protocolo. Faça reclamações por escrito, ligue na Ouvidoria. Entre no Juizado Especial. É simples, rápido e eficiente. Mas nunca, nunca, nunca mesmo despeje no atendente sua ira. Não parta para o lado pessoal.

Estou falando isso para você, caro leitor. Mas serve para mim que, no momento, quero matar alguém dentro da Sul América.

sábado, 31 de outubro de 2009

Quando a minha mãe morrer...

Esta semana foi uma semana triste para mim. Sinto que a morte da minha mãe está bem próxima. Calma, eu explico:

Tive que fechar o balancete do 3o trimestre de 2009, que ela fez até 14 de agosto, data que viajou. Tive que pegar o bonde andando, entender o trabalho dela, decifrar as anotações malucas dela, como as da foto. Deu certo. Fechei o balancete sexta, um trabalho meu e dela.

E é aí que vem a morte número 2. Faz 2 meses que lidamos com a ausência física dela. Mas, de uma forma ou de outra, estamos mexendo com as coisas dela, papéis dela. Os próximos balanços eu farei sozinha. Acabou a participação dela na empresa. O próximo trimestre não terá a presença dela. Em casa, o inventário está na finalização. Daqui uns dias, o nome dela sumirá do contrato social, da escritura da casa, da conta bancária. O nome dela já sumiu das contas de cartão de crédito e contas de consumo. Vamos mexer com ela de novo em abril, para fazer sua última declaração de imposto de renda. E daí, fim. Ela não existirá mais no mundo da burocracia, no mundo dos papéis.

Não sei como será viver no mundo dos adultos, um mundo aonde mamãe nao está para quebrar um galho, emprestar um dinheiro, segurar as pontas na empresa para eu poder viajar. E, principalmente, não sei o que fazer com essas anotações dela. Não dizem coisa com coisa, mas, ainda assim... é a letrinha dela...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

As coisas que as mulheres fazem...

Rosa* é excelente funcionária. Fala bem, escreve bem, executa as tarefas com perfeição. Faz diversos cursos de aperfeiçoamento para melhorar mais ainda no cargo. Se antecipa aos problemas, resolve tudo, é um braço direito. Por monitorar seu email comercial, conheço sua boa redação, quase nunca necessitando alterações. É muito bom trabalhar com ela.

Eis que recebo uma denúncia de que ela está usando de forma inadequada o MSN na empresa. Junto vem uma cópia das conversas. E a conversa é com um funcionário de um cliente. Vou ler preocupada: "será que ela está concedendo privilégios? será que liberou informações sigilosas?"

Abro o arquivo e vejo:
- Oiii... ki calor.... cum saudadi...
- hasahasuhasu (risada miguxa)
- vc naum me acha bunita? qtos anos vc me dah?

Ou seja: a moçoila numa dança do acasalamento miguxês!!

Mulher quando está a fim de um cara faz cada coisa... e eu agora não sei o que faço: se repreendo pelo uso inadequado do MSN, ou pelo uso inadequado da Língua Portuguesa!

* Rosa é nome fictício, claro!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Novos horizontes...

Um dia antes de começar a desmontar o apartamento, tirei essa foto para recordação:

Eu adorava o entardecer da janela da sala. A linha dos prédios ficava linda contra a persiana. Adorava a vista da rua Sergipe com a Consolação. Adoro esse sofá, delicioso e aconchegante, que já abrigou várias sonequinhas vespertinas. Nesse sofá já sentaram bundinhas de pessoas que amo muito. Essa sala, com esses puffs e almofadas, já foi cenário de noites deliciosas e divertidas. Sim, essas almofadas também já foram molhadas com muitas lágrimas. Mas isso não é a vida?

No dia seguinte, esse sofá foi desmontado e embrulhado em plástico bolha. (Nota: eu MATO alguém se ele tiver algum problema na montagem!). A persiana arrancada, o tapete enrolado. Acabou a alma da casa.

Ontem estive no apartamento para supervisionar a pintura. Sim, Britto Jr não merece, mas eu procuro ser correta, e estou pintando e refazendo o cascolac meia boca dele. O Universo me devolverá isso um dia. Mas não é disso que quero falar. O que quero falar é sobre minha sensação ao entrar no apartamento.

Eu não senti nada! Ele estava lindo, pintadinho. Mas parecia tão sem vida, tão anônimo, tão estranho... nem parecia que eu vivi os últimos 6 anos da minha vida lá. Não sei se é o fato de que estou indo para coisa melhor, mas estou completamente desapegada do apartamento, e incrivelmente tranquila na casa do meu pai. Me preparei tanto para sentir desespero e falta do meu espaço, que a realidade se tornou fichinha perto do que imaginei. Bom assim.

Dizem que LAR é onde seu coração está. E hoje, meu coração está aqui, com meu pai e irmãs, junto com minhas quinquilharias, gatos e cachorros. Sempre aguardando algo melhor que está por vir.

domingo, 25 de outubro de 2009

Ainda sobre redes sociais...

Há algum tempo atrás, Precioso disse uma coisa que ficou martelando na minha cabeça, mais ou menos assim:

"antes, a gente ficava aguardando um telefonema. Pegava no gancho para ver se dava linha, e aguardava. Hoje? além do telefone, tem o celular, a caixa postal, o torpedo, o email, o email comercial, o msn, o orkut, o twitter, o facebook, o sonico, e o que mais inventarem nessa vida. Na verdade, são apenas mais canais aonde podemos nos sentir rejeitados."

É tanta rede social para interagir e dar satisfação, e procurar satisfações, que acho que pode gerar mais ansiedade que prazer.

Ou eu estou numa má fase, sei lá.

Vou refletir. Reflita você também.

Out!


Acabei de ficar de saco cheio. Deletei minha conta no Facebook. Eu juro que tentei, pessoal. Mas não rola. Tentei ter a mente aberta, não comparar com o Orkut. Mas não consegui me adaptar. Além de não conseguir me adaptar, consegui me irritar! Vejam:

1. A pessoa te manda um "sorriso". Aí você tem a opção de ignorar ou retribuir. Pessoa educada que sou, vou retribuir. Então, para retribuir, eu tenho que selecionar pessoas para mandar o tal sorriso, não só a que me mandou. O que significa que vou encher as caixinhas dos outros...

2. Você coloca o que está pensando. E o povo comenta. , o Twitter não é para isso?

3. Outra pessoa te manda um convite para "farmville". Aparentemente seremos fazendeiros. Só que a pessoa só prospera na fazenda conforme seus amigos também se tornam fazendeiros. Praticamente um esquema de pirâmide virtual. Ai que saco!

É isso. Não vi graça nenhuma. E fica esse monte de pendência para aceitar perturbando minha home page. No orkut já fiz isso também: deletei o Buddy Poke. É engraçadinho, é fofinho, mas é mais uma coisa para ver. Vamos combinar que tempo não é um produto em sobra por aqui.

Num post anterior, havia comentado que não tinha entendido a graça do Twitter. Agora já encontrei e estou me divertindo bastante. E chega de outras redes sociais!

sábado, 24 de outubro de 2009

Chocotone na moranga

Todo ano, quando entra outubro, já conseguimos encontrar Chocotone Bauducco nas gôndolas de supermercados. Adoro chocotone! Bom de comer com café com leite, a qualquer hora...

A mamãe adorava comprar a primeira fornada, às vezes até em setembro, para me dar o primeiro chocotone do ano. Além do primeiro, ela dava o segundo, o terceiro... ela via chocotone e comprava para mim! Tinha que pedir para ela parar, pois não dava conta... coisas de Potira!

Mamãe odiava fazer camarão na moranga. Meu prato preferido. Então ela sempre fazia no dia 09 de julho, meu aniversário, que eu podia escolher o cardápio. Todo ano ela reclamava, mas fazia. E era a coisa mais deliciosa do mundo! Mal sabia eu que o desse ano seria o último...

Mas esse post não é para lamúrias. É para agradecer às pessoas maravilhosas que me cercam e me mimam...

Fadinha, linda, chegou aqui ontem com a primeira caixa de chocotone do ano. Já veio dizendo: "vou dar continuidade à tradição da sua mãe!". Oba, posso contar com meu chocotone todo fim de ano!

E a Júlia... se ferrou! se ofereceu para fazer um camarão na moranga amanhã. Coitada, ganhou um compromisso para todo dia 09 de julho até o final das nossas vidas! E isso não é pouca coisa não!

Meninas, obrigada a vocês, e a tantas outras pessoas que estão do meu lado e de minha família, fazendo com que as lembranças sejam deliciosas e festivas, ajudando os dias a serem mais leves. Amo!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

de volta ...


Faz 10 dias que voltei a morar com minha família. Foi uma decisão repentina, impulsiva, achei até que fosse me arrepender. Bom, 10 dias ainda não é um bom parâmetro, mas ainda estou bem.

Claro, estou sentindo falta de minha privacidade. E fico com medo de deixar meus perfumes, bolsas e bijuterias à mercê de minhas irmãs. E elas dormem de janela aberta, e a luz do sol incomoda demais logo cedo (máscara para os olhos já resolveu!). Fora que os 2 cachorros e 3 gatos estão adorando a "carne nova" e vão todos dormir comigo. Então é aquela suruba a noite inteira.

Mas de repente estou gostando de chegar e encontrar café da manhã pronto. E a roupa passada e limpa no guarda roupa. E de ter companhia a noite - isso diminuiu bastante minha vontade de comer doce a noite.

A lua de mel meio que acabou no domingo, quando eles começaram a assistir programas sertanejos pela manhã. Acordar com a música "é que a viola bate no meu peito..." e bem difícil para uma roqueira. A viola não bate no meu peito não. Isso é um contra na lista de prós.

E a saudade da mamãe... amanhã faz 2 meses que ela se foi. Voltar a morar aqui me faz sentir pertinho dela. Ela ia adorar me ver de volta. Essa noite sonhei que assistia um filme que podíamos entrar dentro dele. E nesse filme, ela abria um portão, e eu e minhas irmãs corríamos para abraçá-la. Eu a apertava tanto, tanto, tanto...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Flores

Hoje, no meio da mudança da minha mobília para a empresa de boxes, descubro que esta fica bem próxima ao cemitério que minha mãe está. Eu ainda não tinha ido visitá-la. Resolvi o que tinha para resolver e fui correndo estar com ela.

Engraçado. Olhei o túmulo, olhei a placa. Joguei uma rosa lá dentro. Tentei rezar, tentei conversar com ela. Mas eu não consegui. Esse tipo de momento solene parece tão estranho para rezar. É como na missa: sempre que comungo, não consigo rezar, fazer pedidos, me concentrar. A hora de rezar é na cama, no carro, sempre que estou sozinha. E no cemitério não foi diferente: tentei falar com ela, mas minha voz fazia eco no túmulo e isso era engraçado.

O que fiz então? liguei para minhas 2 irmãs e perguntei se tinham recado para a mamãe. Uma delas, que estava na Receita Federal resolvendo inventário na hora que liguei, mandou eu dar uma bronca pela bagunça na papelada. "Que palhaçada é essa de morrer e deixar ITCM para a gente pagar, manhê?", gritei lá dentro. Então falei com a outra irmã, que mandou um beijo e perguntou como ela estava. Daí falei com minha tia, que pediu para eu avisar que elas iam viajar, e que a mamãe podia ir junto com elas que seria muito bem vinda. Dei o recado.

Então foi isso. Tentei fazer uma visita solene, mas acabou sendo uma gostosa reunião de família , como ela bem curtia. Mas Ok, resolvi parar pois achei que ela e os outros lá dentro mereciam um descanso eterno, e eu tagarelando por lá não era muito legal.

Outra coisa aconteceu: fui comprar um vasinho de margaridas, flor que ela adorava, para enfeitar o túmulo. Custava R$ 3,00. Eu só tinha uma nota de R$ 50,00, e a mulher não tinha troco. Visa Electron não funcionava. Eis que a mulher me entrega o vaso e diz:

- Pode levar. Um dia você me paga.

Fiquei muito feliz com o gesto inesperado. Minha mãe, que tinha nome de flor, sempre ajudou tanta gente, conhecida e desconhecida. E, com este singelo ato, ela recebeu de volta. Achei lindo. E vou pagar quando voltar lá, claro.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Cidoca

Minha fama com empregadas não é das melhores. Não que eu seja desumana, ou pegue no pé, ou seja chata. É que qualquer pessoa, por melhor que seja, comparada à bondade e doçura da minha mãe, é considerada chata. Minha mãe permitia tudo, aceitava as desculpas mais esfarrapadas. E eu colocava ordem. Então era a chata. Sou chata.

Há 6 anos saí de casa. Quando saí, decidi o tipo de pessoa que queria que trabalhasse comigo. Não sou exigente, mas não gosto de nhé-nhé-nhé. A primeira pessoa que contratei não deu certo, e levei um ano para demití-la (minha mãe, na mesma situação, levou 20 anos..). Em seguida veio a Cida, que estava comigo até ontem.

Não que ela seja perfeita. Ela fala mais que o homem da cobra, tem dia que chega com um mau humor dos infernos. Mas ela tem semancol, ela cumpre o trabalho dela sem firulas, e não me perturba com seus problemas pessoais. Ela comenta por cima e pronto. (A empregada da minha mãe fica o dia inteiro reclamando do cartão de crédito que ela não tem dinheiro para pagar - quase que mandei ela ir a uma sessão espírita tentar ver se minha mãe pagava, porque de mim não sai mesmo!)

E ontem foi o último dia de Cida aqui. Vejam bem, ela perdeu o emprego. O que ela fez? encaixotou todas minhas coisas de cozinha e cama, mesa e banho. Detalhe: sem eu pedir! Embalou no jornal, fechou caixa, etiquetou. Tudo no maior carinho. Ela fez em 6 horas tudo que adiei desde domingo! E quando voltei achei esse bilhete:


É inevitável a comparação com a empregada da minha mãe. Acabamos de perder a mãe, e a pessoa não tem a sensibilidade de perceber o momento difícil que nós estamos passando, e nos atazana com seus problemas, que não temos nada a ver. Já Cidoca, que perdeu o emprego, percebe meu momento de mudança, que isso não é algo pessoal, e me ajuda até o último dia. Isso é realmente demais. O que falta às pessoas é o exercício de se colocar no lugar dos outros.

Cida, tenha certeza! assim que tiver minha casa de volta, vou precisar de você. Porque nós precisamos de pessoas que facilitem a vida da gente, não que atrapalhem.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Basta!

Eu escrevi o post abaixo no dia 01. No dia 02 resolvi mudar. Ia enrolar aqui uns 6 meses, mas não deu. Chega uma hora na vida da gente que temos que avaliar a real importância das coisas. Eu suporto Britto Jr há 6 anos. Já fomos amigos, e depois da pisada de bola dele, mal nos tolerávamos. Aí ele inventou o aumento, eu não aceitei. Ok, isso você já sabia no post abaixo.

O que você não sabia é o seguinte: Britto tem 2 opções: ou pede a revisão na justiça, ou pede a desocupação do imóvel. Só que percebi que ele não vai fazer uma coisa nem outra. O que ele vai fazer é me procurar semanalmente, mensalmente, e bater na mesma tecla, over and over and over and over and over...

E é esse o momento do basta. Quando se vive uma situação limite como a minha, de perder a mãe, você repensa muita coisa da vida, o que tem valor e o que não tem. Então eu decidi que não preciso mais aturar essa pessoa. Na minha escala de pessoas e prioridades, Britto Jr está lá no final. Eu tenho uma relação facilmente "rompível" com ele. Então, tchau! Quero boas energias na minha vida, quero chegar em casa e chamar de lar, não de inferno.

Voltarei para a casa dos meus pais até comprar meu apartamento, ainda estou decidindo o que fazer com os móveis. Vai ficar tudo bagunçado, vou perder privacidade, minhas irmãs acordarão gritando, os cachorros e gatos vão tirar meu espaço na minha cama. Sim, eles vão encher o saco. Mas são PESSOAS QUE EU AMO enchendo o saco. De quem eu não amo não tolerarei mais isso.

(*) ah, alguém teve essa dúvida: somente esclarecendo, Britto Jr é um nome fictício, em homenagem à semelhante aparência física da figura

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Brigas mentais

Você já brigou mentalmente com alguém? Então sabe bem como é. Você está com raiva e pensa num monte de impropérios para dizer para a pessoa. Daí imagina qual seria a resposta dela (e esta nunca é apaziguadora). Então você briga mais ainda. E mais, e mais... transformando seu dia numa trincheira!

Eu brigo mentalmente com um indivíduo, vamos chamá-lo carinhosamente de BRITTO JUNIOR, há pouco mais de um ano. Ok, não sou xarope totalmente, eu briguei pessoalmente também. Mas nos outros dias que não falo com ele, quando penso nele a briga vai longe.

Britto Junior é o dono do apartamento onde moro. Sempre tivemos relação pacífica e amigável. Eu cedi em várias bobagens, por dó da triste figura que ele é. Até o dia que cometi um engano. Daí Britto Junior esqueceu todas as gentilezas e resolveu fazer valer o contrato. Isso me feriu de uma forma absurda. Nunca fui questionada na minha idoneidade. Imagina, logo eu que sou a mais caxias do mundo! E então resolvi pedir de volta todas as bobagens que cedi no contrato. E ficamos nesse bate boca, mas ninguém faz nada.

Essa pendenga completou um ano agora. Este mês, exatamente no dia da missa de 1 mês da minha mãe (sim, porque o mundo não para por causa da sua dor, saiba disso), Britto resolve reajustar aluguel como se não houvesse amanhã. Então é isso. Fiz o que deveria ter feito há um ano atrás: consultei uma advogada.

Queria dizer que foi a melhor coisa que fiz. Não que mude muito a minha vida. Ela entendeu que eu me sinto injustiçada e com razão, mas explicou aonde eu não vou ter razão aos olhos da justiça. Eu não posso ceder e depois voltar atrás e cobrar 4 anos retroativo. Isso é picuinha. Foi um papo bem legal. Entendi aonde posso mexer. Hoje vejo quanta energia gastei com raiva, com mágoa dessa pessoa. E isso, mediante tudo o que aconteceu, é tão pequeno...

Minha conclusão? é um ciclo da minha vida terminando. Eu vim para este apartamento com um sonho de constituir família. Mas o casamento acabou, o marido se foi, eu fiquei. Esse apartamento já tem um pouco a cara de sonho destruído. Todo esse auê com Britto contribuiu para esse saco cheio. Agora, com a morte da minha mãe, é hora de repensar novos caminhos, novos lugares, novas paredes.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Um mês sem você, mãe...

Quando fez uma semana, eu sabia que o tempo ia passar rápido. E é verdade. Hoje faz um mês que você nos deixou. Ainda consigo escutar dentro de mim nossa última conversa pelo telefone. Mal sabia eu que era a última vez que escutaria essa vozinha...

Passou um mês. E o que fizemos dele? mexemos em armários, gavetas. Resolvemos contas, bancos, seguros. Avisamos e consolamos pessoas, fizemos missa. Rezamos. Lembramos de você, imitamos suas atitudes histéricas, terminando com aquele palavrão recentemente incorporado ao seu vocabulário. Domingo joguei buraco com as tias, e quando "abri novas frentes", lembramos o quanto a senhora emperrava o jogo dos outros fazendo joguinhos toscos... ai, mãe, que falta você faz!

Nesse meio tempo, eu ainda fui para a Disney. Nos meus pensamentos mais doloridos e masoquistas, achei que podia estar te desrespeitando. Que nada! a viagem foi boa! Quantos brinquedos eu não fui pensando em você? sei que fez comigo o vôo de bicicleta do ET. No 3D do Shrek você ficou histérica com a presença da aranha fazendo cócegas na perna! Vibrou com a montanha russa da Múmia, do Homem Aranha. Você estava o tempo todo comigo, mãe. Sei disso. Mas no final da viagem, mãe, faltou alguém para trazer lembrancinhas...

Ontem o pai também chegou de viagem. Ele colocou a mala sobre a mesa, e lá ficou. Não foi ninguém lá abrir, ver os presentes, guardar as coisas. Dias atrás, ele ligou para mim no seu ramal, e me chamou de Néquinha, no piloto automático. Foi dolorido para ele e para mim. Nós sentimos sua falta em cada detalhe, cada coisinha...

Mãe, nossa vida está seguindo, pode ficar tranquila. A gente quer que a sua siga também, aonde for. A gente se diverte, não tem ninguém chorando o tempo todo. É só essa saudade que aperta, e a certeza de que teremos que reaprender a viver felizes sem você por perto, fisicamente. E quando quisermos conversar, desabafar, sabemos que sempre teremos essa estrelinha no céu, olhando por nós.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Back!


Sim, as férias acabaram...
Tenho muitos assuntos paralelos para comentar, isso vai dar pauta para o blog por muito tempo. Mas o que posso dizer de momento é:
1. Entrar nos Estados Unidos é o uó.
2. Disney é lavagem cerebral, mas é delicioso e quero voltar sempre!
3. Certeza que a mamãe vibrou comigo nos parques da Universal
4. Impressionante como chegar de orelhas de Minie causa comoção!

sábado, 5 de setembro de 2009

Enfim, férias...

A mamãe queria...
O Bono ajudou...

FUI!!!


manhê...

Eu tô tentando seguir minha vida. Eu vou viajar hoje, essa viagem que você estava empolgadíssima que eu ia fazer. Vou comprar os esmaltes e cacarecos que a senhora encomendou. Eu estou tentando, mãe. Estou tentando falar de outros assuntos, estou fazendo piadas... mas falta você.

Quando eu chegar lá, para quem vou avisar que a viagem correu tudo bem? Com quem vou deixar meus telefones de emergência?

Acabei de descarregar minha câmera, para ter espaço para fotos da viagem. Levei um susto. Tinha foto sua da festinha surpresa que te fizemos em julho. Tem foto sua no treinamento dos funcionários. E tem foto sua assistindo uma palestra. E eu tive que formatar a memória da máquina. Eu formatei você, mãe!! E sei que a partir de agora nunca mais baixarei nenhuma foto sua.

Manhê, eu vou viajar. Eu sei que vou me divertir. A minha vida vai ter que seguir, e a sua lembrança vai virar uma saudade gostosa, eu sei. Mas ainda é muito estranho. A única coisa boa é que, na minha volta, não vou precisar te mostrar as fotos nem te contar os detalhes da viagem. Porque a senhora vai junto, dentro do meu coração.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A Rainha

Ontem assisti "A Rainha", filme com a Helen Mirren no papel título. Passou no cinema em 2007, mas eu não vi. Não vou fazer grandes análises do filme, achei ele mais documentário que outra coisa, mas ele me fez pensar um pouco. E é bom quando a gente pensa um pouco.

O enredo do filme é o seguinte: Tony Blair acaba de assumir o cargo de Primeiro-ministro, e logo após a Princesa Diana sofre o acidente fatal. O filme se passa na semana entre o acidente e o enterro. A rainha, que não considerava mais Diana parte da família real, visto que se divorciara de seu filho Charles, não vê motivo para bandeira em meio mastro, declarações públicas, e se retira para a casa de campo real. E a opinião pública se revolta com a monarquia, condena sua frieza, e questiona sua relevância no mundo atual.

O filme é interessante pois o que mostra é uma rainha presa a tantas convenções desde menina que é muito difícil se adaptar. Mas o filme é bem isento: não a mostra como vilã, nem a Diana. Só mostra como é difícil a uma sogra se afeiçoar a uma ex-nora que, certa ou errada, trouxe tantos dissabores e questionamentos a seu modo de viver.

Sempre é interessante ver o outro lado.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Belo protesto

Assista esse vídeo, leia a legenda...



A explicação:

Dave Carroll teve seu violão danificado pela United Airlines. Tentaram de todas as maneiras, numa peregrinação sem fim, ter o valor de US 2,000.00 ressarcidos. Todas as instâncias foram negadas, a companhia aérea dizia não ter responsabilidade pelo conteúdo da bagagem (?!?!)

Eis que eles resolveram transformar essa saga nessa musiquinha legal. O resultado? virou hit. Diz a lenda que a United já ofereceu milhões para eles tirarem do ar, e pararem de cantar nos shows, sem sucesso. A banda responde que a época de negociações já terminou.

Ah, se todos nós tivéssemos esse poder de fogo para protestar por maus atendimentos...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Thank you...

Infelizmente, em situações limite como essa que estou passando, a gente passa a experimentar todos aqueles chavões que ouvimos a vida toda. Um desses chavões é que nessas horas que se reconhecem os amigos.

Olha, aprendi muita coisa essa semana. Mas sinceramente, não senti falta do carinho de ninguém. Todos que eu imaginava que estariam do meu lado estiveram de alguma forma. Recebi muitas palavras de conforto. Muitos amigos choraram comigo. Pessoas que eu nem imaginava sofreram a morte da minha mãe. Eu queria dizer que isso é muito bom e faz a gente perceber que não está só.

Além de meus valiosos amigos da vida real, no meu outro blog, Dez Milhões, especializado em reality shows (vocês sabem que eu adoooooro!), acabei fazendo amizades virtuais. Uma delas é a Elis, que me brindou com essa gracinha de selinho com meu nome:

Elis, querida, amei o presentinho. Amei sua sensibilidade de me brindar com um anjinho. Especialmente agora que tenho um anjo-mãe olhando por mim.

Obrigada, Elis. Obrigada, Fadinha, Aninha, Henrique, pelas ligações diárias. Obrigada aos que não ligam todo dia, mas ligaram uma vez. Obrigada a todos os que não ligam, mas escrevem. Obrigada aos que não escrevem, mas rezam. Amo vocês.

sábado, 29 de agosto de 2009

o tempo e o luto

E hoje faz uma semana que minha mãe partiu... é inacreditável que já passou uma semana!

Daqui a pouco vai fazer um mês, um ano, dois anos, dez anos... o tempo é uma coisa muito engraçada. É o tempo que nos faz lembrar de alguém: tanto que ficamos juntos, quanta coisa rotineira que agora vai fazer falta. Mas é esse mesmo tempo que vai nos ajudar a nos readaptar a uma nova situação e, de alguma maneira, voltarmos a ficar bem.

Essa semana foi muito esquisita. Eu voltei a trabalhar, mas parece que as coisas ainda funcionam no piloto automático. Estou cuidando de coisas burocráticas e práticas, tais como contas, seguros, inventários, placas de cemitério. Mas às vezes parece que não sou eu mesma. Tem algo diferente dentro do meu coração.

Então esse é o luto. A gente vê viúvas enlutadas nas novelas, filmes, sempre tão caricatas. Ouvimos falar que no luto se veste preto, não ouve música. Eu não estou fazendo nada disso. Mas parece que meu coração está pedindo um tempo para pensar.

No sábado que ela morreu, eu fui para casa de carro sozinha, e automaticamente liguei o rádio. Em poucos minutos, começou a parecer que era muito barulho, e desliguei. Até agora não o liguei de novo. Eu trabalhei, conversei com as pessoas, mas ainda não consegui falar amenidades. Ontem, depois da missa de sétimo dia, saí com 2 amigos queridos. Eu queria estar lá, eu me diverti. Mas uma hora dei uma risada alta, e dentro de mim essa risada soou estranha. Não que minha mãe estivesse sendo desrespeitada. Era, mais uma vez, meu coração pedindo mais um pouquinho de silêncio.

Tenho certeza de que minha mãe me queria feliz. Não ia querer que eu parasse minha vida. Inclusive meu pai e irmãs não me deixaram cancelar a minha viagem na próxima sexta. Minha mãe ia adorar que eu fosse. Mas eu tenho que tratar desse dragão dentro de mim que está prendendo a alegria, pois tem um outro dragão querendo ser feliz.


PS: Ontem a noite foi a missa de sétimo dia. A missa foi linda! foi celebrada por um padre amigo nosso, a flauta tocada por uma grande amiga, e o canto do Edinho, maravilhoso. Tanta gente querida, amiga, em volta de nós. Mamãe teria adorado assistir essa missa. E, bem, ela assistiu...

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cibele

A Cibele era uma menina linda. Eu a conheci com uns 13 anos, e com essa idade já trabalhava, já se virava, pois a vida não foi fácil não. A mãe havia morrido quando ela tinha 7 anos, e o pai casou de novo, e Cibele foi jogada de lá para cá, em muitas casas. Mesmo assim, Cibele tinha alegria de viver: namorava, dançava, viajava, estudava. Conseguiu sua independência e parar de viver de migalhas, estava feliz. Tinha uma filha de 2 anos, com quem iria escrever uma história muito diferente da sua.

Cibele me ligou na terça, quando soube da morte da minha mãe. Me disse que "perder a mãe, ninguém merece!". Disse que, apesar de não estarmos sempre nos falando, nos vendo, nós tínhamos uma ligação maior. A gente se gostava muito. E eu disse que era verdade mesmo, era isso que eu sentia, tanto por ela quanto pela Cilene, a irmãzinha... E desligou o telefone conbinando de nos vermos no final de semana, depois da mudança de casa dela, pois queria muito me dar um abraço.

No dia seguinte, pela manhã, recebo a notícia: a Cibele morreu. Como assim? falei com ela ontem! estava feliz, combinamos de nos ver! Meu coração está em frangalhos. Não acredito que voltei em um velório 3 dias depois de enterrar minha mãe. E ainda por cima de alguém que estimava tanto. Tanto mesmo. Rezarei muito agora pela pequena Larissa e pela linda Cilene. Que as duas saibam ser forte e tenham o espírito de dar a volta por cima que a Cibele tinha.

E, enquanto eu olhava para Cibele alí, me veio um pensamento: "nossa, minha mãe não vai acreditar quando eu contar que a Cibele morreu!" E na sequência caiu minha ficha... não tenho mais ela aqui comigo para contar nada...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A preferida...

Eu e minha mãe sempre fomos muito ligadas. Desde que virei adulta, quase virei mãe dela. Ela era meio soltinha com relação a dinheiro. E eu vira e mexe confiscava cartões de crédito, talões e reorganizava a vida dela. Além disso, a gente trabalhava junto. Então, não raro a gente dava uma fugidinha para almoçar no shopping, conversávamos sempre, eu estava sempre junto. A gente se dava muito bem. Eu sempre dava umas enquadradas nela com coisinhas erradas, tais como gastar muito, dar muito espaço para empregada, ser muito mole...

Essas e outras coisas faziam minhas 2 irmãs atazanarem a pobre coitada, dizendo que eu era a filha preferida. Elas não se conformavam com minha mãe pedindo minha opinião para algumas decisões, e achavam que ela estava sempre fazendo o que eu queria.

E ontem aconteceu algo muito cômico. Estávamos decidindo o texto e formato do santinho para distribuir na saída da missa. E eis que começa a discussão:

Miriam: o santinho da capa será Nossa Senhora da Aparecida, que era a santa preferida dela
Eu: o quê??? imagina!! a mamãe ia preferir São Judas Tadeu, que era para quem ela fazia todas as promessas, inclusive quando ela operou ela marcou a cirurgia no dia dele, 28 de outubro!
Miriam: o quê?? toda vez que eu vinha do RJ ela mandava eu entrar na Basílica! ela era super devota!
Eu: claro que ela queria que você entrasse lá! É a padroeira do Brasil! agora, toda vez que trocamos de carro, ela corria lá na São Judas para benzer chaves. Ela estava sempre lá! No final do ano eu fui com ela lá levar cestas básicas!
Marcia: parem vocês duas! vamos fazer de Jesus logo! para quê colocar santo no meio se podemos ir direito em Jesus?
Eu: São Judas!
Miriam: Nossa Senhora Aparecida!
Marcia: Jesus!

Eis que aparece a idéia: SORTEIO! sim, pediremos aos céus que mamãe escolha o santinho dela. Fazemos os papéis, misturamos e pedimos para o pai sortear e...

São Judas Tadeu

\o/\o/\o/

Miriam, olhando para cima: Pô, mãe... você sempre faz o que a Mara quer!!!

PS: vai ser lindo resolver tudo daqui pra frente desse jeito...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Segredos

E ontem foi dia de abrir os armários e gavetas da minha mãe. Foi um exercício doloroso e engraçado ao mesmo tempo. Doloroso porque ver as coisas dela, sentir o cheiro dela e saber que não a veremos de novo é muito difícil. E é estranho também mexer nas coisas de alguém, parece que estamos invadindo a privacidade, e poderemos a qualquer momento descobrir segredos tão guardados a sete chaves...

E descobrimos mesmo. Descobrimos que minha mãe era uma maluca consumidora de sabonetes. Em cada gaveta tinha muitos sabonetes. Não contei, mas acredito que tinham uns 80 sabonetes. Artesanais, de hotéis que ela visitava, miniaturas da Natura... Até brincamos que na missa de sétimo dia, iríamos distribuir sabonetes ao invés de santinhos...

Além de sabonetes, meias... muitas meias! eu sempre a via de meia calça, aquelas meinhas até a canela. Achamos caixas e mais caixas fechadas... olhamos para o céu e gritamos: "mãe, essas meias não eram descartáveis, viu?" e já imaginávamos ela, com a carinha que ela ficava quando recebia um puxão de orelha, reclamando: "me deixa, que saco!!"

Ah! além de sabonetes e meias, achamos um ovo de Páscoa vencido em 2006... coisas de Potira...

Amanhã começo a abrir as gavetas do escritório. Vou mexer com extratos, contas e afins. Deus, me prepare para que eu vou encontrar!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Tanta saudade...

Engraçado... a morte da minha mãe parece não ter trazido tristeza... só saudade. Não sei se era o fato dela ser espírita, ler tanto sobre isso. Não sei se era o fato dela ter sido uma pessoa tão serena, tão sorridente, tão carinhosa, que não há revolta. Só saudade.

O que é estranho agora é imaginar que a partir de agora eu vivo num mundo aonde minha mãe não está. Isso significa que qualquer coisa que acontecer na minha vida, ela não estará presente. Qualquer amigo novo que eu conhecer, será um amigo que minha mãe não conheceu. Se eu encontrar um novo amor, não vou saber o que minha mãe pensaria dele. Ela não vai mimar e estragar com presentes nenhum neto. Ela vai estar no céu, olhando a gente. Mas não terei mais aquele colo gostoso para encostar.

Estava olhando muitas fotos. Achei uma foto nossa aonde ela me dava um Cheetos da Hello Kitty. Sim, porque toda baboseira que ela via da Hello Kitty ela me dava. Ela me deu um bonequinho do Big Brother. Quem vai no camelô da 25 de março comprar aquelas latinhas bregas que dançam? e aqueles tuperwares e quinquilharias inúteis do catálogo da Avon? E a lasanha maravilhosa dela, que ninguém da família perdia?

Desde que eu saí de casa, toda viagem que ela fazia (e ela viajava muito mesmo, ou com a gente, ou com as irmãs) ela me trazia uma nova toalha para minha mesa redonda. Ano passado pedi para ela parar, afinal daqui a pouco precisaria não de toalhas, mas de um armário. E ontem a noite, eu saí da casa dela para voltar para a minha, e não tinha ninguém na sacada me vendo sair... acenando...

Mãezinha, será que eu te beijei o suficiente? será que eu fui a filha carinhosa que você precisava?

domingo, 23 de agosto de 2009

E agora?

Em maio, no dia das mães, ia fazer um post sobre o dia, aquele blá-blá-blá todo de data comercial, etc. Dia 26 de julho, aniversário de 62 anos dela, ia fazer um post homenagem, mas por algum motivo não fiz. Afinal, tenho todos os dias e linhas para falar da minha mãe e como é bom conviver com ela...

Daí ela resolve nos deixar de súbito, sem aviso...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Eu sei que eu sou bonita e gostosa...

eu sei que você me olha e me qué-ér!

Recebi esse email da Personare:

Então é isso. Até 12/09, estarei com o magnetismo a flor da pele. Por favor, me lembrem de levar o perfume com feromônio na viagem, quem sabe eu caso com o Pateta. De quebra, ainda ganho o green card! é win-win situation, gente!

Daí que na sequência eu recebo um email do Par Perfeito, dizendo que eu não acessava a conta há mais de 6 meses, e minha alma gêmea estava esperando. Putz! eu tinha esquecido que tinha essa bodega! uma amiga me OBRIGOU a fazer o cadastro, me diverti horrores na época com as mensagens, mas achei que tinha deletado essa conta. Mas claro, esse email aguçou minha curiosidade, fui ler (depois de 5 horas tentando lembrar a senha...)

Aí o guapo peruano de 59 ANOS!! (hello!!! já tenho pai!) me manda essa mensagem. E foi um fofo, dizendo amar gordinhas com bunda grande. Dá para ser mais fino? e termina dizendo que não quer aventuras. Ah tá, e eu sou o Bozo, ? Além disso, sempre achei que PORTUNHOL fosse uma língua falada apenas por brasileiros... ledo engano!

Então vem o Adriano e vem com essa... já diz onde trabalha, manda os telefones, msn. E eu sou linda, maravilhosa, quer me beijar intensamente. E eu sou rara e perfeita! uauuuu! Poxa, viu tudo isso numa fotinha?

Fora que uma pessoa que escreve lindaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa já meio que dá uma prova de ser miguxo, não? No, thanks. Além de que acho que nunca nessa vida teria coragem de ligar num número desses. Além disso, nos 2 casos tenho a sensação que o texto foi escrito somente para mim. Óbvio, homens tão passionais assim não iam ficar galinhando, né?

Bom, ia deletar a conta, mas não vou mais. Vou manter para a gente aqui do blog se divertir de vez em quando...

sábado, 15 de agosto de 2009

filme...

Estou aqui em casa, trabalhando, e a tv me fazendo companhia. Assistindo o filme The wedding date (Muito bem acompanhada, em português). Nunca me liguei muito nesse ator, o Dermot Mulroney, mas nesse filme ele está especialmente delicioso e agora oficialmente candidato àquela listinha de 5 nomes...


Ele interpreta um acompanhante profissional para mulheres. A Grace (não lembro o nome dela no filme, mas ela sempre será a Grace de Will & Grace) o contrata para acompanhá-la no casamento da irmã e fazer ciúmes no ex. Claaaaaro que o amor é lindo e sempre vence, e no fim eles se apaixonam e vivem felizes para sempre. Com a trilha sonora deliciosa do Michel Bublé.

Em um momento do filme ele diz a ela: "toda mulher tem exatamente a vida amorosa que deseja ter". E pergunta a ela: é essa vida que você quer?

E eu me pergunto aqui: é essa vida que eu quero ter? Ok, vou dormir agora, refletindo sobre isso... ou é muito verdade, ou é baboseira hollywoodiana...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Colheita

Queria dizer aqui um ditado, que não recordo bem, e não achei na net. Mas, de forma resumida, é que você colhe o que planta. É impossível você colher coisas ruins quando você semeou coisas boas.

Em certos momentos, quando começo a questionar algumas coisas da minha vida, no fim das contas me lembro disso. No fundo, o que eu sempre fiz foi amar. Eu amei incondicionalmente. Eu amei acima de tudo. Eu passei por cima de coisas que incomodavam, eu não dei trela para minhas intuições, eu perdoei. Eu tentei, eu ajudei, eu apoiei. E isso não foi suficiente. A única coisa que eu deixei de fazer foi perguntar se a pessoa queria ser amada assim. Pois hoje entendo como esse amor sufocou, tolheu, prendeu.

E agora, o que me move é a certeza de que algum dia serei recompensada por isso, por outra pessoa, de outra forma. O dia da colheita vai chegar. Porque eu mereço isso.


terça-feira, 11 de agosto de 2009

Mulher é assim...

Esta madrugada tive insônia. OK, ter ido dormir na hora da novela deve ter contribuído para o sono acabar antes. Liguei a TV e estava começando Ghost no Telecine. Nossa, quantos anos não via esse filme!

Chega a hora dessa cena clássica, aonde fazer cerâmica dá origem a uma noite de amor apaixonado. Essa cena com certeza mexeu com o imaginário de muitas mulheres. E comigo não foi diferente. Estava assistindo esse filme agora e comecei a rir. Lembrei de mim mesma assistindo esse filme em 1990-1991, por aí...

Fui assistir Ghost no cinema com o namorado. Acho que ele não sabia que era filme de amor, senão não teria ido. E quando passou essa cena fatídica, vai dando um negócio dentro da gente... você deseja que a pessoa ao seu lado simplesmente vire o Clark Gable em "E o vento levou..." e te beije apaixonadamente. Bom, isso não aconteceu. Ele estava compenetrado vendo o filme. Enchendo a boca de pipoca, claro. Como todos os rapazes do cinema, que não percebiam os olhares lânguidos das meninas...

Na semana seguinte, atazanei tanto o namorado para ver esse filme de novo, que ele acabou cedendo. Ele não entendia porque, sugeriu um novo filme, e eu inventei que não tinha entendido alguma coisa do roteiro. Homem é tão enrolável... Mas na verdade o que eu queria era passar uma tarde romântica se agarrando no cinema. E começa o filme, pega na mão, abraça aqui... e na hora da cerâmica... ele vai ao banheiro!

Hoje isso é muito engraçado, mas na época achei isso um ato de muita insensibilidade! como homens e mulheres são diferentes e motivados por coisas diferentes. Se eu tivesse dito para ele que gostaria de passar a tarde com ele, isso teria acontecido, com certeza. Mas não, eu queria naquele cenário específico, com aquela trilha sonora... realmente, colocamos expectativas demais na pessoa amada...

Não sei de onde saíram essas lembranças, mas foi gostoso lembrar de mim naquela época, rever o filme, dar risada com a Whoopi Goldberg...