terça-feira, 29 de abril de 2014

Não vou ligar

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Parabéns, Mara. Não ligou mas sua cabeça não fez outra coisa.


terça-feira, 22 de abril de 2014

Lost in translation

A primeira vez que vi esse filme, no Brasil chamado de Encontros e Desencontros, foi em 2004. Saí chorando do cinema. A pessoa que estava comigo odiou o filme, não entendeu nada, só gostou de ver o Japão. Eu senti tudo bem lá no fundo. É um filme sobre solidão, e de pessoas que se tornam cúmplices na solidão. No ano de 2004 eu estava casada, vivendo a época mais solitária da minha vida. Era 10 anos mais jovem, achava que tudo ia acontecer, achava que ia ser mãe, achava que ia amar e ser amada. E não foi o que aconteceu. Era tudo morno, era tudo solidão. E eu vivendo cada dia de uma vez, tentando melhorar. Nada.

Assisti esse filme outras vezes ao longo dos anos. Mas assisti ontem de novo. Me vi de novo lá. Duas pessoas que o acaso junta. Cada um imerso na sua solidão, cada um lutando como pode com suas questões pessoais, mas com aquela chama ardendo lá dentro. Ambos são casados e decepcionados com o casamento. E começa um envolvimento de almas. De um fazer companhia para o outro. Coisas no ar, coisas não ditas. 

Tive uma amostra agora do que era sair dessa solidão. E voltei para ela. Para minha vida feijão com arroz. Sem tempero. E vou viver sabe-se lá quanto tempo de novo presa naquele quarto de hotel do filme, procurando me divertir, me entreter, saindo com os amigos, mas vivendo de novo com aquele vazio bem conhecido.

[e uma parte de mim queria tanto acreditar que o final do filme ele sussurra alguma coisa no ouvido dela, e que isso seja uma nova chance de viver essa relação - ou de formar a banda de jazz - ou éramos nós que estávamos planejando uma banda?]



domingo, 20 de abril de 2014

Jogos de amor são pra se jogar

Uma música antiga do Paralamas do Sucesso começou a tocar no rádio do carro...

Eu sei, jogos de amor são pra se jogar
Ó por favor não vem me explicar o que eu já sei e o que eu não sei...

Primeiro ri porque lembrei da Mara com 15 anos, sofrendo pela sua primeira paixão platônica, e chorava na parte onde dizia o seu exército invadiu o meu país (porque o rapaz em questão estava servindo o exército...perfect timing, Herbert Vianna!)

Depois pensei sobre essa coisa de jogos de amor e o quanto a Mara de 42 anos está cansada. A Mara hoje, calejada de tanto sofrimento, quer se proteger. Mas ela quer amar. Mas ela quer ter certeza que não está perdendo tempo, que tem chance. Veja bem, Mara trabalha na área do planejamento, das estatísticas, das probabilidades.

O coração da Mara diz que a probabilidade existe. Que tem como chegar. Que pode dar certo. Que pode ser divertido. Que eles podem se completar e ser felizes, pelo tempo que tiver ser. Sem pressão, sem expectativa. Como deve ser. Já o cérebro da Mara... afffff! Esse não tem sossego! Ele procura indícios o tempo todo do que pode dar errado. Para protegê-la. Para dizer "eu te disse" quando naufragar. Ele não quer que ela se exponha, implora, chore, reclame, sofra.

Aí vem a coisa do jogo de amor. Que eu, que sou meu coração e meu cérebro ao mesmo tempo, não sei conciliar. Eu quero ligar. Mas os jogadores dizem para não ligar, para fazer mistério, para não ser disponível, que isso desinteressa. Mas é certo eu parecer ser quem eu não sou? Se eu estou apaixonada, porque não dizer para ele? porque ter que disfarçar? só porque não sei se sou correspondida? Não é melhor ser eu mesma, com minhas inseguranças e paixão avassaladora, do que parecer blasé?

Por outro lado, os jogadores estão certos em me avisar disso. Posso parecer carente. Posso parecer desesperada. Não estou desesperada não. Não pretendo me humilhar ou fazer nada que não tenha vontade. Mas tenho vontade de mostrar para ele quem eu sou. Que posso ser sua melhor amiga. Que posso ser sua amante. Que posso ser sua namorada. Que posso ser sua companheira. Que não estou preocupada em casar, em aliança, em filhos, em alterar o status no facebook. Quero apenas desfrutar da sua companhia deliciosa, que veio tão inesperadamente na minha vida. Que eu adoro o papo dele, as teorias dele, as ideias dele, o jeito dele ver o mundo. E eu quero ir mais fundo. Sem planos. Sem jogos. Sem máscaras.


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Falta

Esses dias estão uma correria. Muita coisa acontecendo o tempo todo. Dentro do meu coração e fora dele também. Muita coisa para pensar, muita coisa para resolver, muita coisa para negociar. Minha cabeça parecendo uma panela de pressão. Aí chega esse dia 17 resolvendo [quase tudo] aquilo que estava incomodando. Eba!

Sentei no escritório e comecei a passar a régua, a fazer os cálculos, a resolver tudo, naquele sentimento de alívio. De repente, olhei pro lado e procurei você, mamãe. Fechei os olhos e um filme passou: naqueles anos que queríamos esquecer, como a gente adorava esses momentos de colocar a casa em ordem, de ter sossego, de ter estabilidade. Como você adorava cuidar disso!

São 4 anos e meio sem você. Sinto falta de colocar a cabeça no seu colo. Sinto falta de você falando SACO! E, mais que tudo, sinto falta de celebrar com você tantas coisas boas que aconteceram nesses últimos anos com a gente. Sim, eu sei que você nos vê. Mas falta o seu toque. Falta a sua opinião nas minhas decisões. Falta você mimando seu primeiro neto. Falta você fazendo o bacalhau para essa sexta feira da paixão.

Assisti Argo na tv a cabo. Pensei em você o tempo todo, até sei em que pedaço você daria um gritinho de excitação com a trama do filme e levantaria as pernas! Você ia achar o filme sensacional, ia comprar o DVD, e nunca assistir. E aí eu ia reclamar na sua orelha que você é uma compradora compulsiva e vamos parar de gastar dinheiro com bobagem, e iria confiscar seu cartão de crédito de novo.

Rotinas que só quem ama entende. 


sábado, 12 de abril de 2014

Não é você, sou eu.

Sete anos se passaram. Tanta raiva, tanta magoa, tanta decepção se passou. Tantas sessões de terapia, tantos posts, tantos ombros amigos se passaram. Tantos perdões se passaram. Tanta certeza de que tudo estava no passado.

Aí você finalmente consegue dar um passo. Sempre naquela sua certeza arrogante de que tem domínio de tudo, que sabe levar as coisas, que as coisas são como você quer. E olha, o Universo, Deus, sei lá qual força maior, fez a coisa ser boa pra você: te mandou um cara legal, gentil, que te trata da melhor forma e consideração. Que liga, que responde, que sai, que brinca, que te diverte, que transa.

E você não está bem. E descobre que não está bem por SUA CAUSA. Porque a relação está onde deve estar, no tempo dela. Sempre achei que o meu problema seria não confiar mais em ninguém. E, quando aconteceu, vi que tiraria isso de letra, que meu coração e intuição me ajudariam nisso. O que não esperava acontecer fosse um MEDO terrível de do fim. E, com medo de que isso acabe, cada ligação não atendida, cada SMS demorado para responder é como um pé na bunda.

Essa noite, enquanto ele dormia do meu lado, com as pernas apoiadas nas minhas costas, cheirei o seu ombro, profundamente. E pensei: quero guardar esse cheiro para quando ele não estiver aqui. Em seguinda me dei um tapa na cara mental e pensei: Mara, aproveita esse momento, não pensa no amanhã. Carpe diem, já dizia o filme.

Foi então nessa hora, ali, deitada do lado dele, que acho que entendi: eu já fui feliz. Eu já acreditei que os momentos felizes durariam sempre. E não foi. E descobri que momentos felizes acabam. E acabou, dolorosamente. Levantei, recompus meus pedaços, mas agora descubro que ainda existem rachaduras. Em mim. E o outro não tem nada a ver com isso. Ele não pode resolver isso pra mim. É um processo eu comigo mesma. Aprender que nem todo momento feliz tem prazo de validade.

Espero que reconhecer isso seja o primeiro passo para acabar com essa ansiedade. Não posso causar sofrimento gratuito em mim nem jogar nele o peso das falhas passadas. E eu estou gostando tanto da forma leve que ele tem de ver a vida...


quinta-feira, 10 de abril de 2014

The day after

Pronto. Você já se declarou verbalmente e por escrito para a pessoa. E qual o protocolo depois disso?

Quero falar com ele todo dia. Quero vê-lo todo dia. Quero fazer parte da rotina dele. Queria ter o poder de deixar a rotina dele feliz. Mas não posso, sei que não. E, caramba, também tenho vida, né?

Aí fico mal porque ele sabe do que eu sinto. E eu não sei o que ele sente. Mas daí acho ótimo que ele sabe o que sinto. Pois não preciso fazer de conta que não ligo. Mas daí fico mal de novo porque ele sabe o que sinto. Pois isso pode assustar e ele entender como pressão. Mas, ah que droga, não se pode sentir mais nada? Tem que fingir tudo?

Como manter a naturalidade, fazer ar blasé quando você liga e ele não atende? Como controlar as 500 elocubrações mentais dentro de sua pobre cabeça cansada? Porque tudo é lindo e tem explicação quando estou ao lado dele. Quando ele não está, é um mar de interrogações. Sinto uma batata quente entalada na minha garganta.  

Ele é um fofo. Ele é gentil. Ele é educado. Ele gosta de estar ao meu lado. Tenho a sensação que ele está se esforçando para gostar de mim. E poxa, tem que ser um esforço? Mas tem uma Mara aqui dentro que realmente acha que um homem não pode amá-la como ela quer. Sempre serei amada como amiga, como companhia. Eu não deveria achar isso, mas acho. Queria ser dona da maior auto estima do mundo. Mas não sou.

Talvez a minha ansiedade esteja estragando tudo. Que pena.


sexta-feira, 4 de abril de 2014

Para o N.

E chegou o dia que finalmente você conseguiu o link do meu blog. Sempre cumpro minhas promessas, não?

Espero que entenda meu suspense. Não era charme, era coração na mão. Pois aqui está a minha alma, e eu achava extremamente perigoso você ler isso tudo - ou o tanto que você vai ter saco de ler mimimi de mulherzinha - sem as coisas que pontuei pessoalmente.

Muitas Maras moram aqui. Tem Maras de todas idades: infantil, adulta, idosa, responsável, chata, boazinha e, no momento, uma Mara adolescente.

Por favor, não surte. Não me julgue. Eu sou exagerada. Eu sou canceriana e meu coração é assim, intenso. Não sei sentir mais ou menos. Mas juro que estou tentando aprender com você a ser mais leve, a não fazer [tantos] planos, a viver o dia de hoje.



quarta-feira, 2 de abril de 2014

A ---> B

Hoje levei um soco no meu estômago. No meu pobre estômago que estava cheio de borboletas. Que estava tentando se reacostumar com a alegria. Lembrando como era. Sim, eu sei, estou "monoassunto". Sim, uma hora vou falar de outra coisa. Sim, outras coisas me interessam. Mas agora essa é a novidade. E essa era a lacuna de tantos anos, então me deixa falar, sentir, pensar, viver.

Está tudo bem, exceto pelo fato de eu pensar demais. Overthink. O tempo todo. Eu crio histórias, eu sofro por elas. Sofrer por antecedência é meu nome do meio. Mas sei que terei que conviver com isso até saber onde estou pisando. Estou com muito medo de ser inadequada. Aliás, medo é a palavra de ordem aqui. Alterno esse medo com alguns arroubos de coragem: coragem de ligar, coragem de escrever, coragem de me expor. Se o retorno é bom, fico confiante. Se não, fico insegura, fico péssima. Mesmo sabendo que homens reagem diferentemente. Queria uma bola de cristal. Queria avançar o filme só pra saber se o final é feliz.

E se o final não for feliz? vou voltar para onde? para onde eu estava? E o que havia de bom naquele lugar?

Hoje o passado veio e bateu na porta. Bateu na porta, não. Escancarou. Jogou coisas na minha cara. Coisas já resolvidas, encerradas. Mas lembrar delas faz doer tudo de novo.

Então eu estou no meio da corda bamba. E a corda está balançando. A corda é território estranho. E já não dá mais para andar para trás, aquele lugar não me cabe mais. E eu não sei para onde estou indo. O que me espera lá. Não há segurança em nenhuma das duas pontas.

O exercício agora vai ser tentar fazer a travessia ser o mais tranquila - ou menos dilacerante - possível.