quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Respire... inspire...

Li na Vida Simples (você lê essa revista? não? então leia!) uma matéria que conseguiu traduzir para mim de forma perfeita a diferença entre cuidar de si mesma e o egoísmo. Vou usar essa analogia para sempre!
No avião, sempre escutamos a fatídica explicação dos comissários: "em caso de despressurização, máscaras de oxigênio cairão automaticamente. Coloque primeiramente em si mesmo, para depois ajudar as pessoas ao seu lado".

Cuidar de si mesmo é isso. É primeiro colocar sua máscara de oxigênio e respirar. Para poder ajudar os outros. Quantas vezes não queremos fazer tantas coisas pelos outros, mas nossa máscara está capenga, estamos com dificuldade de respirar, a situação está complicada e mesmo assim nos sentimos culpados de não colocar a máscara no outro? É aí que vem a lição: não podemos cuidar de ninguém enquanto estamos com problemas. Pare, sem culpa nenhuma, e cuide de você mesmo. Regularize sua respiração. Fique bem.

E o egoísmo? Egoísmo é estar com a máscara ajustada, fluindo, e ver a pessoa ao lado, ao seu alcance, se debatendo, com problemas, e simplesmente ignorar. Egoísmo é querer ser feliz sem se importar com ninguém.

O que precisamos descobrir é a maneira de cuidarmos tão bem de nós mesmos, a ponto de estarmos ao lado e ajudar os outros sem que isso nos machuque, tire pedaço, tire energia, canse.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Burocracia dos infernos

Perdi minha mãe. Gente, eu e minhas irmãs perdemos a nossa mãe. Perdemos nosso colo, nosso chão, nosso tudo. Mamãe era tão especial que pensou nas filhas. Deixou um pequeno seguro de vida. Aquele dinheiro que você não gostaria de receber. Mas então tá, vamos aceitar esse presente dela e resgatar esse valor.

E quando você diz que perdeu sua mãe, as pessoas deveriam ser solidárias, não? as pessoas e instituições deveriam respeitar seu momento, não? Não.

Vem a documentação exigida: todos os documentos, comprovantes, extratos, DNA. E além disso, um relatório médico explicando no formulário próprio as causas da morte. Como assim? o atestado de óbito não diz isso? não, para o mundo fantástico das seguradoras, o atestado de óbito é tipo papel higiênico, não vale nada. Precisa ser preenchido do jeito deles, no formulário deles, quem manda são eles, não?

Só que minha mãe cometeu o grande erro de morrer em Rondonópolis, pois estava conhecendo o Pantanal Matogrossense. Ou seja, a informação não mora ao nosso lado. Faz 2 meses que mandamos a documentação, e o hospital não nos devolve. Descobrimos que a pessoa encarregada disso, que nos cobrou R$ 400,00 para preencher os papéis, está afastada por improbidade administrativa.

Cansamos. Minha irmã pegou um avião e foi para Rondonópolis tentar resolver a situação. Ninguém em nenhum momento pensa como deve ser gostoso para ela ter que visitar o hospital que nossa mãe morreu. Pois bem. Ela chega lá, e a médica que assinou o atestado de óbito se RECUSA a preencher os formulários. Que ela é plantonista, que ela não é paga para isso, que ela não tem essa responsabilidade. Aí você começa a chorar e implorar por ajuda. Ai ela resolve te fazer o FAVOR de fornecer um relatório médico, mas formulário ela não preenche não.

Enquanto isso, em São Paulo, eu ligo na seguradora e pergunto qual o procedimento, uma vez que o hospital se recusa a preencher a informação. A resposta que recebo? "senhora, essa é uma reação comum dos hospitais. Basta então a família escrever uma carta de próprio punho, dizendo que o hospital se recusa a preencher os formulários, reconhecer firma da família e entregar com o processo. Nessa caso, fica valendo os dados do atestado de óbito".

É piada, ?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Inveja?


Sabe o que é muito desagradável hoje em dia? as pessoas perderam o senso crítico e a capacidade de argumentar e escutar.

Não se pode fazer nenhum tipo de crítica para ninguém, que logo somos rotuladas de "invejosos". Se a funcionária é relapsa, chega atrasada e você dá uma advertência, esta logo conclui que não fez nada errado, é você quem tem inveja do corpo dela. Ou do cabelo dela. Ou do namorado dela. Ou do carro dela. Ou da vida dela. Ela é sempre vítima do olho gordo das pessoas!

O que anda acontecendo com as pessoas? da onde surgiu esse sentimento que o mundo gira ao seu redor? tudo que acontece tem relação com você? eu não posso estar descontente, eu tenho que estar querendo o que você tem? muito esquisito.

Muito provavelmente essa reação deve ser uma auto-defesa para não ver seus próprios erros, e também para supervalorizar o que tem. Afinal, deve ser o máximo ter um namoradinho, colocar as fotos no orkut e dizer que todos tem inveja do seu amor. Isso deve fazer a pessoa acreditar que o que ela tem é a único e especial. Muitas vezes tenho vontade de provocar essas pessoas, e perguntar POR QUE ela acha que todos estão com inveja. Mas provavelmente serei tachada de invejosa...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Erratas e explicações

Revendo meus 2 últimos posts, Gorda! e Tenho que... , e principalmente depois de ler os comentários, muitos de pessoas queridas mesmo, fui obrigada a concordar que me expressei mal. Na verdade, não me expressei mal. Eu apenas não expliquei a situação onde esses "estresses" ocorrem. Vamos lá:

Eu não estou passando por nenhuma crise de auto-estima. Eu só estou cansada de fazer as coisas por obrigação, por pressa, sem o prazer de fazer. Claro que uma boa caminhada no parque nos faz sentir bem. O que não faz sentir bem é se culpar por não ter conseguido arrumar tempo para isso. Claro que um bom cabelereiro, manicure, pedicure, se sentir bonita, faz muito bem. O que não faz bem é por algum motivo não estar em dia com isso e se sentir culpada. Claro que sair com os amigos é delicioso. O que não é delicioso é fazer isso num dia que você sente necessidade de ficar recolhida, sem dar satisfações. O que eu questionei é a OBRIGAÇÃO de fazer essas coisas. Quando é por PRAZER, é uma delícia. E o que mais estou necessitando nessa vida é colocar mais prazer nela!

E concordo com os comentários, devemos estar sim alerta aos toques dos AMIGOS DE VERDADE, que nos avisam da raiz, que nos obrigam a colocar o nariz para fora de casa, e no final descobrimos que era isso mesmo que precisávamos. Tanto sei que isso é importante, que faço isso com as pessoas que amo também.

Agora, o que não faz sentido é você rever uma pessoa que não vê há 5 anos, não tem contato nenhum, e ela olha para você e fala: "nossa, você não fez a cirurgia? não emagreceu? ou já foi malandra e engordou tudo de novo?". Não, para esse tipo de gente eu realmente não quero e não pretendo dar satisfações. Ainda estou dando sorriso amarelo. Num dia qualquer, dou um belo f***-se!

Tenho que...

Tenho que fazer exercícios. Tenho que hidratar o cabelo. Tenho que fazer as unhas. Tenho que emagrecer. Tenho que controlar a ansiedade. Tenho que comer saladas e frutas diariamente. Tenho que evitar doces. Tenho que pagar as contas. Tenho guardar dinheiro. Tenho que fazer o relatório. Tenho que fazer supermercado. Tenho que sair com os amigos. Tenho que dar atenção a todos que me procuram. Tenho que responder emails. Tenho que lavar o carro. Tenho que me vestir adequadamente. Tenho que arrumar um namorado. Tenho que ser feliz enquanto não acho esse namorado.

Quando paro para pensar, parece que a vida vem sendo uma série de cumprimentos de "tenho que". E esse monte de "tenho que" gera uma ansiedade incontrolável, pois estamos sempre com a sensação de não estarmos dando conta, de estarmos falhando em alguma área. Cada sucesso em uma coisa é um fracasso em outra, e portanto, estamos sempre infelizes, sempre correndo atrás de algo, tal qual o cavalo seguindo a cenoura, nunca alcançada.

Li uma vez uma frase muito interessante, infelizmente não achei nenhuma referência no google, mas era algo assim: "não basta comer arroz integral. Integral tem que ser sua vida!". E me parece que uma vida aonde a gente faça coisas porque TEM QUE, e não porque QUER não é integralmente vivida.

Vamos tentar?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Gorda!

8 meses de blog. Demorô para eu fazer esse post...

Queria muito saber que direito as pessoas tem de apontar o dedo para você e te chamar de gorda. E como elas esperam que eu reaja? Eu tenho que sorrir e aceitar como uma preocupação, um carinho, um conselho? Mas na verdade é um julgamento!

Eu não saio na rua dizendo:
- oi, você é careca! faz um implante, vai?
- olha, você tá com cc!
- menina, teu cabelo é ruim, heim?
- você precisa depilar o buço, barba não favorece!
- cara, quando você vai operar esse nariz?
- ei, amigo, você tem olhar de peixe morto!
- mas suas roupas são bregas, heim?

Então eu gostaria muito de ser tratada da mesma forma que eu trato as pessoas. Quem vive a minha vida sou eu, eu sei como é o meu dia-a-dia, eu sei o que eu passo, enfrento, o quanto luto. Já carrego o meu próprio peso de sempre me questionar e às vezes me culpar, para no fim escutar de estranhos conselhos "pro meu próprio bem". Ah, tá, é super fácil ser magra, eu estou assim de pirraça! engordei esses últimos 20 kilos só porque gosto da emoção de fazer dieta! ou faço isso para chamar a atenção, né? Faz lembrar aquela revista Mad, na seção "perguntas idiotas, respostas cretinas", algo assim.

O que falta nas pessoas é se colocar no lugar do outro.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O cimento


Faxinando (esse verbo existe?) meu Outlook, achei esse email fofo da mamãe, enviado há um ano atrás. Na época, estávamos com umas arestas familiares a serem aparadas, e aqui nessa família a gente resolve tudo com reunião. Quase uma intervenção.

E nessa reunião (que acho que foi a última com nós 5, não lembro se houve outra) eu fiz uma dinâmica de grupo que aprendi numa aula de RH. Consistia em sortearmos cartões com o nome de um material de construção (água, areia, cimento, madeira, pá, etc). E cada pessoa, ao sortear o tal cartão, tem que dizer qual sua importância na construção. Depois de muito blá-blá-blá, o que aprendemos que cada material é importante JUNTO, e que a falta de cada um deles é "risco de desabamento".

E nessa dinâmica, mamãe tirou a carta "cimento". E brincamos como caiu como uma luva para ela, que realmente ela era a pessoa que mais trabalhava para manter a união e a força. E como o cimento representava isso bem. No dia seguinte, mandei um email para meus pais e irmãs dizendo como a reunião havia sido boa, e como os amava, e recebi esse email da mamãe, brincando com o codinome Cimento,

Não esperava que menos de um ano depois nossa construção perderia o cimento. Parece que nós que sobramos, água, areia, pá, madeira, estamos precisando dessa força e dessa liga, que só o cimento nos dava. Se naquela época tínhamos noção de como ela era cimento, hoje temos total clareza disso.

Sabemos que não teremos mais cimento daqui pra frente. Mas o cimento que já está aqui na construção permanece. Todos somos fortes juntos e unidos. E para nós que ficamos é uma delícia reler essa declaração de amor dela.

sábado, 7 de novembro de 2009

Vida de ladrão

Fui acordada pelo vizinho às 6hs da manhã, avisando que um cara tentava roubar meu carro. O vizinho gritou que ia chamar a polícia, e o "meliante" desapareceu. Mas ainda deu tempo de estourar meu vidro, que não caiu por causa do insulfilm.

Desci na rua para ver o carro, e o guarda da obra ao lado veio me contar que o cara já havia tentado roubar por voltas das 3hs, mas que desistiu ao vê-lo. Mas que voltou depois, e conseguiu entrar.

Dois pensamentos me passaram pela cabeça:
1. Porque o guarda impediu o cara de roubar? facilitaria muito a minha vida receber o seguro, e comprar carro de novo apenas quando comprar meu apartamento Agora que moro perto do trabalho, nem uso tanto. Cuidar de vidro, insulfilm, vai encher mais o saco do que ficar sem o carro. Meu pneu furou há mais de 1 mês e eu ainda não consertei o estepe. Imagine quanto tempo vai levar para eu recolocar insulfilm?
2. Que interesse tem o ladrão de vir 2 vezes atrás do meu carro? ele nem é essas coisas. Já estou com a pulga atrás da orelha que é encomendado, alguém quer alguma peça. E se é encomendado, o fdp vai voltar e tentar outra vez. Será que merece então que eu corra atrás de conserto se vou perder de qualquer jeito?

O mais interessante é que já vieram 4 pessoas me consolar pelo ataque ao meu carro. E eu, sinceramente, não estou nem um pouco abalada com isso. Não estou vendo motivo para estresse. Gente, eu perdi minha mãe há menos de 3 meses, vocês acham que eu vou chorar, espernear, sair do eixo por conta de um vidro quebrado?

Aí voltei a dormir e pensei no ladrão. Pensei na vida fdp que ele tem. Será que ele teve uma mãe tão especial quanto eu tive? será que ele tem para onde voltar como eu tive agora? será que ele tem amigos verdadeiros e queridos como eu tenho? será que ele tem um emprego que paga suas necessidades, seus fricotes, seus planos, como eu tenho? será que ele deita a cabeça no travesseiro e dorme, como eu? longe de sentir dó da figura, mas eu me acho privilegiada e esse dissabor me parece bem pequeno diante de tantas coisas boas na minha vida. Se eu fosse assaltada e me roubassem a carteira, a preocupação seria muito maior. Então tá, Universo, se eu tenho que sofrer mais alguma coisa, que seja o carro.

Ou não. Pode ser que mais tarde eu acorde que isso é um absurdo e fique histérica!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quem grita perde a razão

Dois casos essa semana me chamaram a atenção.

A médica que, ao ter seu embarque no vôo de lua-de-mel atrasado, teve um piti homérico no aeroporto. Ela xingou os funcionários da Gol de mortos de fome, pobres, que faltava feijão em casa. Ela humilhou. E, para piorar, ainda fez menção à cor da pele. Pronto! Racismo.

Uma amiga, de muito boa vontade, emprestou dinheiro a uma "amiga", que começou a enrolar para pagar. Quando começou a desconfiar do calote, descobriu as várias mentiras da pessoa com relação ao seu status social. O velho caso do "come mortadela, arrota peito de peru". Minha amiga então se revoltou ao perceber que perdera o dinheiro, e, num ato de desespero, raiva e indignação, desmascarou na internet todas as mentiras que a figura aprontou.

O que aconteceu com a médica? vai ser indiciada por preconceito e sei lá mais o quê. O que aconteceu com minha amiga? acaba de levar um processo por difamação. Fico com muita dó. Ela agora vai ter a maior dor de cabeça para resolver uma situação que ela é VÍTIMA. Mas o juiz escreveu no seu despacho: "se a pessoa deve, a credora pode cobrar em todas as instâncias, mas não pode expor a devedora". Infelizmente, está certo.

Nos 2 casos, guardadas as devidas proporções, ambas estavam certas, foram lesadas, mas perderam a razão ao se exaltar, a deixar a raiva tomar conta. Esse tipo de situação é para a gente aprender a lidar com a raiva, com as situações, e aprender a resolver pelo caminho certo: a justiça.


Só assim para aguentar certas coisas: ommmmmmmmmmm

O que eu posso te dizer: seja chato. Exija seus direitos. Ligue, e anote quantas vezes ligou, os números de protocolo. Faça reclamações por escrito, ligue na Ouvidoria. Entre no Juizado Especial. É simples, rápido e eficiente. Mas nunca, nunca, nunca mesmo despeje no atendente sua ira. Não parta para o lado pessoal.

Estou falando isso para você, caro leitor. Mas serve para mim que, no momento, quero matar alguém dentro da Sul América.