quinta-feira, 26 de julho de 2012

Tempo e esquecimento (ou não)

Essa coisa do tempo é muito estranha. Ao mesmo tempo que cura as coisas, e se não cura, ameniza, ele faz a vida funcionar de outra forma.

É estranho, por exemplo, você ser casada (ou namorar) durante anos. E você e a pessoa amada guardam algumas datas especiais. Tipo o dia que começou o relacionamento, o primeiro beijo, a primeira transa, as datas que significam coisas importantes naquelas vidas. Para mim era o dia 25 de novembro. Mas daí a relação termina. E chega o dia 25 de novembro, e ele é um dia como qualquer outro, mas um alarme dentro de você toca. Ele era um dia de festa, um dia de jantar à luz de velas. E ele volta a ser um dia no calendário, um dia que você vai ao banco, vai ao supermercado, vê a novela. Tudo funciona de forma muito esquisita.

Hoje, 26 de julho, é outro dia desses. Há 3 anos atrás, comemorava um aniversário. Comprava presente, almoçava com ela, cantava parabéns, comia bolo. Um dia inteiro em volta da mamãe. E agora ela não está aqui. E você acorda e pensa nela. Faz uma oração. E pensa se deve chorar. Ou se deve tratar o dia 26 de julho da mesma forma que trata o dia 25 ou o dia 27. Se deve falar disso, ou fingir que nada está faltando, que já se acostumou, se vai na reunião, se faz o relatório, ou se vai ao shopping e faz um brinde a ela.

E sempre penso em como minha mãe lidava com as coisas. Quando quero explodir e ficar histérica com a falta dela, lembro dela sendo a mãe que foi, mesmo quando a mãe dela morreu. A vida dela seguiu, porque a minha não seguiria? Não conheci o pai dela, mas sei que o aniversário dele era 20 de junho. Ela lembrava e seguia com a vida ou aquilo a assombrava o dia inteiro?

A verdade é que a gente tem que seguir. Mas até onde a saudade segue? Até onde devemos alimentá-la? Devo fazer de conta que nada aconteceu? Será que daqui a 15 anos nem vou lembrar que o dia 26 de julho era uma data especial?




segunda-feira, 23 de julho de 2012

Cause that´s thriller...

(e este post não é uma brincadeira)

Uma semana se passou do inferno, e finalmente estou conseguindo escrever. Agora que está tudo bem, Agora que sei que ninguém morreu. 

Sou uma pessoa que guarda coisas. Que somatiza coisas. E que chora, e que explode, e que desabafa com as amigas. Mas não sei se tenho condições de entender pessoas que guardam tudo para si e explodem como um psicopata. Que ganham uma força que não sei de onde vem, que metem medo, que subjugam, que ameaçam. E meio que não me conformo de ter abrido a guarda, e convivido com alguém e não ter percebido o que estava latente.

Eu costumo achar que Deus nos fez perfeitos. Mas tenho apenas uma ressalva. Porque ele nos fez, mulheres, tão delicadas? Acho muito injusto a mulher poder se equivaler ao homem em quase tudo: habilidade, inteligência, salário, e tudo mais que podemos fazer igual (ou melhor). A única coisa que não conseguimos, com raríssimas exceções, é na força.

Porque os homens são tão trogloditas? porque batem, humilham, gritam com voz forte, colocam medo? porque, de repente, tudo que você é e estudou e fez da vida não vale nada, você é apenas um ser frágil na frente de um idiota?

Tem coisas que até consigo entender. Perdoar, não sei.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Rainha do lar

Ontem completei mais uma primavera, verão, outono, inverno. Resolvi reunir alguns amigos à noite. André me trouxe, junto com outros presentes, uma coroa de rainha. Ele achava que eu não teria coragem de usar. Ora, parece que não me conhece, né? Prendi os cabelos num coque, coloquei a coroa e reinei a festa inteira.

Hoje, acordei e tentei me localizar na cozinha abarrotada de garrafas e taças de vinho, espátulas, pratos, copos, pedaços de queijo e pão italiano. Na sala ainda estava a faixa presente do meu Precioso, escrito PARABÉNS, e um lindo vaso de flores. As 11 velas que acendi para enfeitar a sala estavam lá, sem glamour nenhum pela manhã. Sim, era um cenário de fim de festa, e foi uma noite despretensiosa e deliciosa com pessoas queridas.

Sentei no sofá para tomar meu café da manhã e me senti adulta. Sim, adulta. Adultas é que fazem festa na sua casa, sem pedir autorização dos pais. Tinha reservado o salão de festas do prédio, mas na última hora resolvi apertar todos na sala, e aparentemente todos preferiram o resultado: ficou aconchegante e descontraído.

Como eu não sei cozinhar nada, sou muito insegura para receber pessoas. Como não bebo, não sei comprar vinho. Me preocupo em agradar, fico extremamente ansiosa antes das recepções. E no fim, sempre percebo que isso não conta a mínima para os meus amigos. E me sinto feliz. E adulta.

Lembrei hoje da consulta com meu astrólogo querido, @Acuio, há pouco menos de 1 ano atrás. Ele me disse que, como canceriana, minha casa é meu templo. E é aqui que serei feliz. E que neste ano era para eu fazer curso de culinária, aprender alguma coisa, trazer amigos para provar, me cercar dessas pessoas e dessas alegrias. Nem preciso dizer que não movi uma palha em relação a isso, mas hoje isso me parece ter um fundo de razão. Essa rainha precisa assumir o seu reino.