sábado, 7 de novembro de 2009

Vida de ladrão

Fui acordada pelo vizinho às 6hs da manhã, avisando que um cara tentava roubar meu carro. O vizinho gritou que ia chamar a polícia, e o "meliante" desapareceu. Mas ainda deu tempo de estourar meu vidro, que não caiu por causa do insulfilm.

Desci na rua para ver o carro, e o guarda da obra ao lado veio me contar que o cara já havia tentado roubar por voltas das 3hs, mas que desistiu ao vê-lo. Mas que voltou depois, e conseguiu entrar.

Dois pensamentos me passaram pela cabeça:
1. Porque o guarda impediu o cara de roubar? facilitaria muito a minha vida receber o seguro, e comprar carro de novo apenas quando comprar meu apartamento Agora que moro perto do trabalho, nem uso tanto. Cuidar de vidro, insulfilm, vai encher mais o saco do que ficar sem o carro. Meu pneu furou há mais de 1 mês e eu ainda não consertei o estepe. Imagine quanto tempo vai levar para eu recolocar insulfilm?
2. Que interesse tem o ladrão de vir 2 vezes atrás do meu carro? ele nem é essas coisas. Já estou com a pulga atrás da orelha que é encomendado, alguém quer alguma peça. E se é encomendado, o fdp vai voltar e tentar outra vez. Será que merece então que eu corra atrás de conserto se vou perder de qualquer jeito?

O mais interessante é que já vieram 4 pessoas me consolar pelo ataque ao meu carro. E eu, sinceramente, não estou nem um pouco abalada com isso. Não estou vendo motivo para estresse. Gente, eu perdi minha mãe há menos de 3 meses, vocês acham que eu vou chorar, espernear, sair do eixo por conta de um vidro quebrado?

Aí voltei a dormir e pensei no ladrão. Pensei na vida fdp que ele tem. Será que ele teve uma mãe tão especial quanto eu tive? será que ele tem para onde voltar como eu tive agora? será que ele tem amigos verdadeiros e queridos como eu tenho? será que ele tem um emprego que paga suas necessidades, seus fricotes, seus planos, como eu tenho? será que ele deita a cabeça no travesseiro e dorme, como eu? longe de sentir dó da figura, mas eu me acho privilegiada e esse dissabor me parece bem pequeno diante de tantas coisas boas na minha vida. Se eu fosse assaltada e me roubassem a carteira, a preocupação seria muito maior. Então tá, Universo, se eu tenho que sofrer mais alguma coisa, que seja o carro.

Ou não. Pode ser que mais tarde eu acorde que isso é um absurdo e fique histérica!

3 comentários:

poesia potiguar disse...

Parabéns pelas reflexões extraídas do episódio. Nos leva, automaticamente, a refletir também.

beijos!

Paula Gutierrez disse...

Mara, vc é demais!!! São poucos os seres humanos capazes de fazer uma reflexão desse porte diante de uma cena que não deixa de ser de violência.
Bom, mas a vida é assim...agente acaba fazendo esse tipo de comparações mesmo.
Na semana passada meu filho foi assaltado e o ladrão levou um óculos que eu tinha acabado de comprar pra ele um dia antes, um óculos desses de marca. Após 2 ou 3 dias eu estava na praia e passou um rapazinho embaixo de um sol escaldante vendendo uns brincos e tranqueirinhas de artesanato. Eu nem gostei das peças, mas comprei só pra ajudar o menino porque ao invéz de roubar ele estava fazendo e vendendo brincos.
Que país é esse em que temos que agradecer por não sermos violentados por alguém?

Mara disse...

estou tentando ser zen e desapegada, meninas!
mas, 3 dias depois, continuo tranquila com o fato. devo mesmo ter evoluido! :D