quinta-feira, 28 de junho de 2012

A geladeira motivacional

Sempre tive horror à geladeira entupida de imãs. Não gosto, não uso, acho brega. Prefiro a geladeira branquinha. Os imãs importantes, tipo os de pizzaria, telefone rápido do seguro, eu deixo no ladinho da geladeira, na face que dá de cara com a parede. Ou seja, olho quando preciso, não passo os dias decorando os números.

Então ano passado fui a Londres. E comprei o adesivo do "Keep calm and carry on", frase que eu já adorava antes mesmo de virar modinha. Cheguei no Brasil e imantei o adesivo. Coloquei na geladeira, achando o quanto seria legal ver esse conselho todo dia.

Mas olhem o que aconteceu:


Em Roma, não resisti de comprar o imã do Dedo de Deus, detalhe do belíssimo teto da Capela Sistina, pintada por Michelangelo. Esse quadro mostra Adão sendo criado por Deus. Então trouxe o dedo Dele para me lembrar que tem algo muito maior ao meu redor.

Em Firenze, ao visitar a Galeria Uffizi, dei de cara com o quadro "O nascimento da Vênus", de Botticelli. O guia do museu explicou detalhadamente cada fase deste quadro, que me deixou fascinada. E talvez porque eu tenha a minha relação com a minha Vênus sendo reconstruída, aos trancos e barrancos. Assim, na lojinha do museu, ao ver o imã à venda, achei que seria bom para mim olhar para minha Vênus todos os dias.

Aí, em plena lojinha de cacarecos da Times Square, perdido num mar de imãs de piadas, táxis amarelos e I love NY, acho esse imã: "Don´t be so hard on yourself". Fiquei olhando pra ele. E isso tem tanto a ver com tudo que trabalhei no meu coaching... a compreensão e condescendência que tenho com os outros, mas não comigo. As punições que me aplico, os erros que não me permito. Minha coach sonha com o dia que falarei de mim com carinho. Comprei o imã para me lembrar de me tratar bem.

Cheguei em casa e coloquei o imã, no meio dos outros. E fiquei olhando pra minha geladeira motivacional. O olho cada vez que vou beber água. Minha vida ainda não é uma Brastemp, como a geladeira, mas ainda será!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Cantinho do Leitor e das Amigas

Aí eu fiz aquele post sofrido, sobre meu coração partido no elevador. Gente, essa coisa de não ter um alvo de paixão é tão chata... acho que, mesmo não sendo correspondida, é legal ter alguém por quem seu coração bate, e eu sinto muita falta disso, faz pelo menos 3 anos que não sinto borboletas no estômago.

Minha amiga Fernanda não se fez de rogada e me mandou o seguinte comentário:

Foi engraçado ela escrever isso justamente no dia em que li uma bobagem tão imbecil que esse cara escreveu no Facebook. Sim, esse cara por quem chorei tanto na adolescência. Ele virou um adulto tão chatinho e sem noção. Acho graça eu um dia ter desejado viver minha vida com ele. Quando você está sofrendo, e as pessoas dizem que você ainda vai rir disso, a gente fica louca de ódio, como vamos rir disso? O pior é que vamos mesmo... 

Aí tenho uma amiga tão querida sofrendo por amor nesse momento. Eu queria pegar no colo e dizer o quanto ela é linda, o quanto ela merece a felicidade, e como tenho certeza que Deus reservou isso pra ela. Porque ela merece. A mesma certeza que tenho que tudo vai dar certo pra mim. Por mais que eu às vezes me sinta fraca e escreva essas coisas, no fundo tenho esperança.

Minha amiga, vai passar. Nós vamos rir disso. Como rimos dos 2 paspalhões anteriores, né? Quem diria na época? O tempo, esse lindo, cura tudo, resolve tudo. Tenha fé!

E Fernanda...ah, amiga, como você me faz falta no meu dia a dia! Te amo! Obrigada por me lembrar sempre de quem eu sou!

domingo, 24 de junho de 2012

The secret post

Todo domingo é dia de Post Secret. Esse site aí, linkado aqui e nos blogs queridos do lado. Já falei dele aqui. É um site para onde as pessoas mandam cartões postais com seus segredos. E todo domingo é renovado, e os anteriores deletados. E é sempre tão interessante ler os segredos dos outros. Tem segredos que chocam, como certa vez postou um estuprador. Tem segredos engraçados, tipo da mulher que sonha em fazer xixi em pé. E tem segredos que a gente se reconhece. Ou reconhece alguém que você já foi um dia, e superou.

O da semana passada, que era dia dos pais nos Estados Unidos, foi dedicado à esse tema. Tinha uns fofos, tinham uns de agradecimento, tinha um que achei muito louco, da menina que não queria acreditar em reencarnação, pois não queria que o pai fosse de outra pessoa nunca mais! E tinha esse aqui:


Quem conhece meu pai não acredita na minha angústia. Mas acho que muito dos meus problemas com o amor e com confiança vem da minha relação com o meu pai. Tenho lidado tanto com isso nos últimos tempos. Percebo essa lacuna na minha relação com as outras pessoas. E é tipo isso: se nem teu pai te ama incondicionalmente, como outra pessoa vai te amar?

É injusto, eu sei. Meu pai me ama como pode, e é uma pessoa muito presente. Mas devo admitir que não é o amor que eu precisava. E me sufoca. E não me preparou para algumas coisas desse mundo. Mas esse fardo é tão pesado para dar para uma pessoa carregar, né? a culpa é minha também em tantos níveis. 

E pode ser ainda que esse post seja deletado logo logo, com a mesma duração de um Post Secret. Porque isso aqui ainda dói demais.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O souvenir

Nesses dias em New York, sabe, me sinto ridícula escrevendo New York. Mas não concordo em escrever Nova York, pois fica uma palavra em português e a outra em inglês, e Nova Iorque nem pensar, um horror. Então vai na grafia correta, mas me sinto pedante. Aff!. Anyway, fugi do assunto. No último dia em NY, conversei com a minha amiga sobre aquela minha ex-amiga, que resolveu que eu era a pior pessoa do mundo por mera loucura da sua cabeça. De como foi tudo tão doido, como eu fiquei do lado dela, e ela não entendeu, como ela pensa que ser amigo é ser fútil. E não, amigo tem que dar toques, tem que pegar no pé, e tem que fazer cafuné também. Mas, que pena, passou, segue ela na vidinha dela e eu na minha aqui. Coitada, trocou de Facebook, atravessou a rua pra não me encontrar. Mal sabia ela que podia seguir a vida tranquilamente pois eu não corro atrás. Eu não forço a minha presença. Não precisava do teatro todo, bastava me dizer e me deletar.(não corro atrás de homem, vou correr de mulher? é ruim, heim?!!)

Nesse dia, mais tarde, assistimos o lindo show "The Lion King" na Broadway. De lá, fomos pra Times Square jantar e depois nas trocentas lojas de cacarecos de lá, comprar as lembrancinhas de quem ficou aqui.


Nesses últimos 9 meses, onde esta é a 3a viagem internacional que faço, e o 5o. país que visito, comprar cacareco fica complicado. São as mesmas coisas, só muda a cidade. Ou você compra um Big Ben, ou uma Torre Eiffel, ou uma Estátua da Liberdade. Ou um Coliseu. As canetas são as mesmas, do mesmo fabricante chinês. Nada é do país que você está. Só na Alemanha consegui comprar um boné "made in Germany" pro meu tio. O resto é tudo um grande mundo Xing Ling. 

Com este meu grande saco cheio de ver as mesmas coisas e comprar por "obrigação", somado à minha mão-de-vaquice sempre presente, levei minha listinha de pessoas e fiz as compras: canetas, borrachas, camisetas, moletons, chaveiros... tudo aquilo que não pode faltar.

Tarde daquela noite, no hotel, sentando em cima da mala pra ela fechar e eu ir embora no dia seguinte, comecei a praguejar que aquela mala estava entupida de cacareco, que saco, que droga, que porcaria de mundo capitalista! Aí me veio um pensamento: nossa, estou aqui reclamando de levar presente para umas 20 pessoas, na mais enxuta das listas? E se eu fosse levar coisinhas pra todos que eu amo e me amam e eu não convivo, quantas mais teria que levar? E essa minha ex-amiga aí de cima, que não tem quase ninguém? perdeu o pai, a mãe, não tem família, e a amiga que foi amiga foi deletada? pra quem ela compra presentes?

De repente, me senti muito presenteada por Deus, por ter tanta gente com quem me importo, que estão à minha volta me amando, me provocando, me cutucando, me enchendo, mas existindo na minha vida. A mala ficou bem mais leve depois disso.


quarta-feira, 20 de junho de 2012

The date

Vocês que ainda tem paciência de me acompanhar aqui sabem do meu muro da lamentação, que eu estou sozinha, que não acho ninguém, blá blá blá wiskas sachê. Ano passado, fui no @Acuio, meu lindo astrólogo, logo após meu aniversário e ele viu um novo ciclo de 11 anos se iniciando na minha vida. Como nos 2 anos anteriores ele só me via sozinha mesmo, me reconstruindo, nesse ano ele viu o início desse ciclo, aonde eu me casaria, e provavelmente com um estrangeiro. (Sortuda que sou, já sabia que esse casamento ia rolar dia 08 de julho de 2022, final feliz só no último capítulo, né?)

>>> Pausa pra pedir calma que eu não vou casar agora, ok? é só uma introdução pro assunto do post!

Ano passado, em Paris, me surpreendi com o indiano dono da lojinha de souvenirs em Montmartre me dando seu cartão pessoal e telefones de casa, loja e celular, para o caso de eu querer conhecer Paris mais a fundo (ui!!). Levei minutos pra entender a cantada. As coisas não acontecem comigo como naquela propaganda antiga do Impulse (e se de repente te oferecerem flores, isso é Impulse!). No dia seguinte, no dia mais frio da minha vida, fugi pro metrô, usando o cachecol como burca (visualize a beleza da garota) e veio um negão atrás de mim, falando sabe Deus o quê em francês. Eu falei em inglês que não entendia, e ele, em inglês, pediu meu telefone. Fiquei incrédula de estar pegando homem no metrô francês baranga do jeito que estava. E ademais, que numero eu daria? meu celular do Brasil? Sorri e agradeci. Entrei no vagão com a auto estima lá em cima da Torre Eiffel (por que mulher só tem auto estima legal por causa de homem, meu Deus, por que??)

Volto pro Brasil e volta aquela vidinha marromeno. Aí em março vou pra Itália. Gatinho do restaurante em Firenze me oferece uma bebida pra tomar com ele, eu aceito, despede com beijinho. Fora outras cantadas, olhares, risadas. Não foi melhor porque me estressei demais com os italianos, fora a alergia que me atacou. Volto ao Brasil. Nada de paquera, zero a zero. Sempre.

Vou a New York no início desse mês. Chego lá e pego uma van pro hotel. Motorista brasileiro, mora nos Estados Unidos há 15 anos, Marcos. Papo vai, papo vem, ah, me dá seu Facebook pra gente continuar se falando? Aham, claro, respondi (claro que não dei, né? eu lá libero meus dados pessoais pra quem não conheço?). Dias depois, no restaurante, um moleque (moleque mesmo, faz High School no Kentucky) elogia meu perfume pra mãe, e diz que estou tão deliciosa que queria encostar em mim. O único problema é que ele falou em português, achando que eu fosse sabe Deus de que nacionalidade. Minutos depois ele me espiou digitando no celular e gritou: "mas você é brasileira????" Sou, filhinho, e entendi tudo o que você disse! ahahahaha! Fora que ele teve um ataque que me conhecia aqui no Brasil, e tipos que não tem como a gente se conhecer, e porque diabos um menino de 17 anos está reparando em mim? Eu heim!

Mas o ápice foi a saída desse restaurante! Ele ficava na Times Square. Aliás, vou falar dele, é o Bubba Gump, restaurante temático do filme Forrest Gump, onde só serve camarão, como o Bubba do filme tanto sonhava. E eu amo camarão, e esse restaurante é uma delícia e voltei lá na última noite só pra me despedir! Enfim, saí de lá linda e satisfeita e fomos a pé da Times Square até o hotel. Na muvuca da Times Square aparece um negão que distribui folhetos de peças da Broadway, segura minha mão e fala:

- How about going out on a date with a black guy?

Genteee! eu fui ASKED ON A DATE!! a date!! Eu que vejo filmes e séries o tempo todo, dates acontecendo toda hora, e eu fui asked on a date??? Falei pra minha amiga: "você pode se dar muito melhor que eu, ser chamada pra sair, pro que for, mas ASKED ON A DATE, só eu mesma!! ahahahaha!

Um dia pra lembrar: 10 de junho de 2012, o dia em que fui asked on a date! :D

Em tempo: bundona que sou, só dei risada e fui embora. A coisa empaca comigo. Mas um dia darei esse passo. 

Em tempo 2: é muito uó a pessoa relatar todos seus contatos com o sexo oposto em quase um ano, heim? esse post é pra rir ou chorar?


sábado, 2 de junho de 2012

New York... again!

Essa semana estava falando com uma amiga pelo Facebook. Aí contei que esta semana iria tirar uns dias e ir para New York com umas amigas. Ela se assustou e disse: "uau! vai viajar de novo?". Respondi: 

- ué? não tenho marido, não tenho filho, estou com o apartamento quitado, carro em dia. Vou usar o dinheiro que sobra pra conhecer o mundo mesmo. Enquanto não estou tão velha e tenho saúde para andar.

Ela me deu razão, conversamos mais um pouco, desligamos. E eu fiquei pensando nisso que escrevi. Escrevi isso achando certo ou com um toque de amargura? Estou viajando muito para fugir de alguma coisa? Estou me compensando? Trocaria essa vida de "glamour" e independência por marido e filhos? Não dá pra ter tudo na vida?


O fato é que hoje embarco para New York. Amanhã acordo "in that city that never sleeps" (Hello, Frank!). Sim, é a 3a viagem internacional em menos de 1 ano. Só que voltar a NY, 12 anos depois, é muito estranho.

Penso na Mara que foi aos Estados Unidos pela primeira vez em 2000. Essa Mara tinha mãe para ligar toda noite e contar o que fez. Essa Mara era solteira, mas tinha um namorado muito querido de quem ela lembrava toda hora e queria repetir essa viagem com ele - o que nunca aconteceu. Essa Mara foi com uma amiga de muito tempo, que hoje não fala mais com ela. Essa Mara almoçou no World Trade Center, que não existe mais. Essa Mara não existe mais. Essa Mara não tem mais 28 anos. O mundo mudou tanto...

Vai ser bom essa nova Mara reencontrar uma nova cidade. Vai ser bom. Aqui não tem lugar para amargura não. A partir de agora, só diversão!


(e um beijo pro Dedé que hoje entra pro time dos enta... feliz aniversário, meu amor!)