terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Too much

Tem dias que cansa. Sabe aqueles dias que você quer ser mulherzinha?

Fui agraciada com um pai maravilhoso. Ele formou meu caráter, me ensinou a ser trabalhadora. Mas nunca me deu um carro. Nunca me ajudou a escolher um carro, no sentido mecânico da coisa. Nunca foi no posto abastecer, calibrar meus pneus, cuidar disso para mim. Sempre fui eu que tive que ir em oficina ou concessionária sem uma figura masculina ao lado.

Também tive um namorado/marido, que hoje é amigo, por muito tempo. Mas no mundo dele, por opção ele não dirige. Então a Mara dirige. A Mara busca, a Mara leva, a Mara resolve. Aí o casal aluga um apartamento e é a Mara sai com corretor, quem assina, que cauciona, que é responsável. A Mara cuida das contas. Ele colabora, lógico, mas a administração é dela.

Então sua mãe morre. E você quer um ombro para escorar. Não, não vai escorar em ninguém. Você é que vai negociar o cartão da sua mãe, mudar as titularidades das contas de consumo, fechar conta corrente, providenciar documentos de seguro, dar pitaco em inventário (sorte que sua outra irmã é advogada, senão também estaria sob sua tutela, certeza), cuidar das contas do seu pai viúvo. E você resolve voltar a morar com sua família por um tempo, e descobre que seu cachorro se apegou demais a você, e quando você viaja ele não come. E vamos dispensar a empregada, e quem vai dar a notícia é você.

E a sua nova casa é barulhenta. Sempre foi, mas você tinha esquecido. E depois de 3 anos morando sozinha, difícil se reacostumar. Mas tudo bem, você vai comprar um apartamento. Daí você se lembra que não olhou um único imóvel sequer. Tudo porque, saco, tem que procurar uma imobiliária. E não tem praga maior neste mundo que corretor de imóveis te ligando. E você sabe que vai ter que procurar esse imóvel SOZINHA. Não tem um pai ou namorado para ajudar nas decisões técnicas. Se o dinheiro não der e precisar de empréstimo, você é quem vou procurar e negociar. E ainda se preocupar com cachorro, se não vai ter depressão com sua saída.

É gratificante sim ser dona de seu nariz. De tomar decisões. Mas tem dias que tudo que eu queria era ter um marido que me mimasse muito e cuidasse de tudo para mim.

Um comentário:

Regina disse...

Ok....sem marido, mas amiga decoratriz, designer, engenheira civil você tem....cáspite! Pode contar comigo!!!!