domingo, 13 de maio de 2012

A falta que Potira que me faz

Esse negócio de dia da mães é muito esquisito. Não acho que esse é o pior dia desde que ela se foi. Tem dias piores. Tem dia que eu queria chorar no ombro dela. Tem dia que eu queria bater perna no shopping com ela. Queria muito saber como ela estaria reagindo à nova lei da proibição da sacolinha plástica no supermercado. Ela faz falta todo dia. Faz falta ligar pra ela quando viajo, avisando que cheguei bem. E comprar a lembrancinha dela. É uma lacuna permanente no coração. E, ao mesmo tempo, uma presença permanente. Falta, mas não falta. Sinto ela perto o tempo todo.

Essa semana fui buscar um remédio numa farmácia de manipulação. Paguei e ia saindo, quando a atendente correu atrás de mim trazendo uma rosa, presente de dia das mães. Comecei a chorar na loja. A moça não tem culpa. Ela devia olhar pra mim e supor que eu já fosse mãe. Ou que tinha mãe. Fiquei pensando nessa coisa do comércio. Como isso é invasivo. Ontem fui comprar um presente para uma amiga, e após escolher e tals, o vendedor perguntou se eu já tinha comprado o presente da minha mãe. Ok, é o trabalho dele. Mas e se eu não tenho? e se fui abandonada? e se odeio minha mãe? Nem toda relação é um mar de rosas, a vida não é perfeita, e vem o comércio fazer você expor seus sentimentos. Ou você abre seu coração para um estranho, ou você reage com raiva/indiferença/silêncio. Fica chato de qualquer maneira.

Não sinto falta nenhuma de comprar presente de dia das mães. Mas hoje fiquei sem programa. Não é um domingo qualquer, tem algo diferente no ar. E eu sou uma outsider. Vou almoçar na casa de uma amiga - que ficou orfã uns 7 anos, detestando esse dia, e então ano passado ela virou mãe, e resolveu voltar a comemorar. A vida tem desses ciclos mesmo.

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