terça-feira, 12 de abril de 2011

Atestado de imbecilidade

Tem um cara que trabalha comigo (não no meu setor), que todo mundo detesta. Ele só sobrevive lá em função das metas que atinge. Sempre vi muita gente dizer que ele é péssimo companheiro de equipe, cheio de manias, difícil de conviver. Eu, de onde estou, vejo que é comprometido com empresa, meio chato, bastante puxa-saco, mas nunca havia entendido de onde vinha toda esta animosidade do resto do pessoal. Até hoje.

Estamos lá, no meio de um treinamento de RH. Buscando a motivação e engajamento da equipe num novo projeto. Galera interagindo. Acaba a palestra, todo mundo aplaude. Ele pede a palavra, e diz que tem uma dúvida que gostaria que a RH respondesse:

- Por que pessoas que andam a pé, ou pegam ônibus, chegam para trabalhar felizes, e pessoas que vem trabalhar em carro com ar-condicionado chegam mal-humoradas?

Não acreditei que ouvi isso. Ele, claro, o iluminado, anda de ônibus e é feliz. O mal-humorado do carro do ar-condicionado, não. Ele estava alfinetando alguém, que pode ser inclusive eu. Juro que invejo o jogo de cintura dos palestrantes em lidar com situações assim sem dizer para a pessoa que ela é sem noção, além de trazer uma coisa totalmente fora do assunto discutido. Ela educadamente respondeu que isso depende da motivação de cada um, e não de status, e além disso, as pessoas tem dias melhores e dias piores. Dã!

Minha vontade era virar e falar: Oi? Desde quando você compra um carro e adquire com ele um passaporte para a felicidade eterna? Todos seus problemas acabaram porque você tem um carro? As pessoas adoram olhar as conquistas dos outros e achar que é simples. Mesma coisa que eu hoje achar que, se eu ficar magra, serei feliz. Claro, mulheres magras não levam chifre, não ficam sozinhas, não perdem emprego, não choram, não ficam doente. É superestimar demais o poder das coisas. Menos, né?

Não tenho mais paciência para isso não.

3 comentários:

Iara disse...

Que moço inteligente e simpático esse não? Deve ser muito bom ter um colega assim, mas deixo só pra você.
Quero não.
Bjs

Anônimo disse...

Manda se lascar!!!

Fernanda Reali disse...

Eu sou prova disso: a felicidade não tem nada a ver com o exterior. Em caso de saúde, claro, porque na doença tudo muda de figura.

Em dias de saúde normal, sair a pé no calorão arrastando as sandalinhas e carregando pacote pesado de supermercado pode me dar a mesma felicidade que sair no carro importado com ar condicionado.

Tudo depende de como a gente resolve encarar o dia na hora em que acorda.

Costumo acordar e olhar para meu quarto. A primeira coisa que penso é: ai, que bom que acordei na minha cama e não num hospital!!! Juro, isso é um pensamento recorrente. E aí já fico bem animada e feliz para levantar e fazer tudo.

Beijoooo