sábado, 12 de abril de 2014

Não é você, sou eu.

Sete anos se passaram. Tanta raiva, tanta magoa, tanta decepção se passou. Tantas sessões de terapia, tantos posts, tantos ombros amigos se passaram. Tantos perdões se passaram. Tanta certeza de que tudo estava no passado.

Aí você finalmente consegue dar um passo. Sempre naquela sua certeza arrogante de que tem domínio de tudo, que sabe levar as coisas, que as coisas são como você quer. E olha, o Universo, Deus, sei lá qual força maior, fez a coisa ser boa pra você: te mandou um cara legal, gentil, que te trata da melhor forma e consideração. Que liga, que responde, que sai, que brinca, que te diverte, que transa.

E você não está bem. E descobre que não está bem por SUA CAUSA. Porque a relação está onde deve estar, no tempo dela. Sempre achei que o meu problema seria não confiar mais em ninguém. E, quando aconteceu, vi que tiraria isso de letra, que meu coração e intuição me ajudariam nisso. O que não esperava acontecer fosse um MEDO terrível de do fim. E, com medo de que isso acabe, cada ligação não atendida, cada SMS demorado para responder é como um pé na bunda.

Essa noite, enquanto ele dormia do meu lado, com as pernas apoiadas nas minhas costas, cheirei o seu ombro, profundamente. E pensei: quero guardar esse cheiro para quando ele não estiver aqui. Em seguinda me dei um tapa na cara mental e pensei: Mara, aproveita esse momento, não pensa no amanhã. Carpe diem, já dizia o filme.

Foi então nessa hora, ali, deitada do lado dele, que acho que entendi: eu já fui feliz. Eu já acreditei que os momentos felizes durariam sempre. E não foi. E descobri que momentos felizes acabam. E acabou, dolorosamente. Levantei, recompus meus pedaços, mas agora descubro que ainda existem rachaduras. Em mim. E o outro não tem nada a ver com isso. Ele não pode resolver isso pra mim. É um processo eu comigo mesma. Aprender que nem todo momento feliz tem prazo de validade.

Espero que reconhecer isso seja o primeiro passo para acabar com essa ansiedade. Não posso causar sofrimento gratuito em mim nem jogar nele o peso das falhas passadas. E eu estou gostando tanto da forma leve que ele tem de ver a vida...


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