terça-feira, 22 de abril de 2014

Lost in translation

A primeira vez que vi esse filme, no Brasil chamado de Encontros e Desencontros, foi em 2004. Saí chorando do cinema. A pessoa que estava comigo odiou o filme, não entendeu nada, só gostou de ver o Japão. Eu senti tudo bem lá no fundo. É um filme sobre solidão, e de pessoas que se tornam cúmplices na solidão. No ano de 2004 eu estava casada, vivendo a época mais solitária da minha vida. Era 10 anos mais jovem, achava que tudo ia acontecer, achava que ia ser mãe, achava que ia amar e ser amada. E não foi o que aconteceu. Era tudo morno, era tudo solidão. E eu vivendo cada dia de uma vez, tentando melhorar. Nada.

Assisti esse filme outras vezes ao longo dos anos. Mas assisti ontem de novo. Me vi de novo lá. Duas pessoas que o acaso junta. Cada um imerso na sua solidão, cada um lutando como pode com suas questões pessoais, mas com aquela chama ardendo lá dentro. Ambos são casados e decepcionados com o casamento. E começa um envolvimento de almas. De um fazer companhia para o outro. Coisas no ar, coisas não ditas. 

Tive uma amostra agora do que era sair dessa solidão. E voltei para ela. Para minha vida feijão com arroz. Sem tempero. E vou viver sabe-se lá quanto tempo de novo presa naquele quarto de hotel do filme, procurando me divertir, me entreter, saindo com os amigos, mas vivendo de novo com aquele vazio bem conhecido.

[e uma parte de mim queria tanto acreditar que o final do filme ele sussurra alguma coisa no ouvido dela, e que isso seja uma nova chance de viver essa relação - ou de formar a banda de jazz - ou éramos nós que estávamos planejando uma banda?]



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