quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

My own apocalipse

Dia 07 de dezembro de 2012, uma sexta feira, cerca de 22:30, eu vi a morte.

A semana tinha sido difícil e puxada no trabalho. Quando a noite chegou, resolvi relaxar. Tomei banho, jantei e deitei no meu delicioso sofá para ver um filme do Telecine. Tava vendo uma comédia boa, dei risada. E comi 2 sonhos de valsa. Deitada em berço esplêndido. Então comecei a sentir calor. Pensei em ir ao quarto pegar o ventilador. Mas pensei que, já que iria para o quarto, terminaria de ver o filme por lá, já que o lençol era mais geladinho que o sofá. Levantei.

Deu cãibra na minha perna direita inteirinha. Uma dor enlouquecedora. Tentei caminhar o metro e meio de chão até o balcão da cozinha americana, foi um suplício. Dei a volta no balcão e coloquei o pé no azulejo, para ver se a perna retornava. Só não contava que minha vista escurecesse completamente. Não enxergava nada, agarrada naquele balcão. Meus ouvidos zumbiam. Não tenho idéia se tinha voz. Todos meus sentidos se foram.

Menos minha mente. Agarrada naquele balcão, a pose que Napoleão perdeu a guerra. Tinha certeza que estava morrendo. E dentro de mim, chorei. Não era justo minha vida acabar daquele jeito. Com aquela camisola chinfrim e esgarçada que eu estava usando. Pelo menos a calcinha estava limpa e ok, sem furos e elásticos soltos. Até eu achar que estava fazendo xixi, pois sentia todo meu corpo molhado. Naquela posição, agarrada no balcão. Pensei quantos dias minha família levaria para vir procurar meu cadáver. Acho que ia ser só na 2a feira, e eu eu estar dura, agarrada no balcão, e qual seria o formato do meu caixão? Quem viria para meu velório? Eu deixei as coisas em ordem na empresa? Ah, deixei sim. Minha irmã tem todas as senhas. As escrituras e certidões estão aqui na gaveta. Meu pai sabe o esconderijo do dinheiro. Mas e o meu caixão, como vão acomodar meu corpo duro e gelado nessa posição que eu morri? Será que é melhor eu me jogar no chão? Meu cachorro vai sentir minha falta, tadinho!

Bom, vou morrer. Deixa eu rezar um Pai Nosso. Encomendar meu corpo. Me arrepender dos meus pecados. Misturei Pai Nosso com Ave Maria, mas certamente Deus perdoa. Fui uma boa pessoa. Vou pro céu. Mas achava que ainda merecia mais uns dias felizes aqui, mas vamos lá. Peraê, cadê minha mãe que não veio me buscar? Não é possível que não vou chegar do outro lado sem ser com minha mãe segurando minha mão! O que ela tem de mais importante pra fazer lá do que me conduzir? ai que raiva! Era o mínimo ver minha mãe! olhei pro outro lado, respirei... inspirei, expirei...respirei... fui voltando. Comecei a ver a minha sala, e nada da minha mãe. CADÊ A MINHA MÃE??? Consegui caminhar até a geladeira, abri, e aquele geladinho foi me acalmando. Tomei água gelada, da garrafa mesmo. Estava totalmente suada, mas não era xxi não. Calcinha continuava OK. Caminhei até o quarto, liguei o ventilador, deitei. 


Acordei no sábado às 9 da manhã. Na minha cama, não na outra dimensão, com minha mãe do lado. Acordei sozinha, calma, tranquila. Não tenho certeza do que aconteceu. O André acha que foi a dor da cãibra, que ele já teve uma desta mesma forma, e perdeu todos os sentidos. Minhas irmãs acham que foi dumping. Dumping é uma reação ao açucar ou gordura que a pessoa que operou o estômago sente. Só que eu nunca tive. Talvez por isso, tenha sido nesta intensidade desta vez. Meu pai se desesperou e quis que eu fosse morar com ele. Aham.

O fato é que eu vivi meu apocalipse naquela sexta. Pode vir o apocalipse desta sexta, 21/12/12. Porque eu não tô nem aí. Desta vez eu vou ver minha mãe. Fim do mundo, vem ni mim!

Update: Nooooooooooo!! Meu Deus, me dá mais uma chance? Me deixa resolver as coisas, me dá um amor, me deixa ser mãe, me deixa mais zen, deixa eu ver minha mãe mais uma vez? Não acaba com o mundo ainda não, juro que vou tentar me transformar em algo melhor!

Um comentário:

Regina disse...

Foi dumping!!!! Tenha sempre água gelada do seu ladinho!!!!