segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Contenhe probrema

Aí eu me dei conta que não postava há mais de um mês. E não foi por falta de assunto. Mas faltou tempo, sobrou calor, e muitas vezes, neurônios para concatenar idéias.

Eu resolvi demitir uma assistente. Dessa vez, sofri menos que da outra vez, mas não quer dizer que não  sofri. Mas consegui ser mais profissional, separar emoção do trabalho. Já tinha identificado o problema, conversado com ela por 3 ocasiões. A pessoa não muda, não colabora, não se integra. Chega uma hora que fica muito claro que é a pessoa que se adapta à equipe, não a equipe à pessoa. Demiti. Fiquei uma semana sozinha, sem ajudante, só pra fazer auditoria. Achei sarna pra me coçar, obviamente.

Aí vamos para a segunda parte: a substituição. Delineei o perfil, encaminhei pro RH. Esse fez seleção, me mandou 5 pessoas para entrevistar. Entrevistei - e não há nada mais vago no mundo do que uma entrevista - liguei o achômetro e selecionei a pessoa que considerei mais adequada. PRIMEIRA HORA de trabalho na segunda-feira, ela vai escrever um email, eu ao lado ditando o texto: "a duplicata contém.." e a pessoa escreve: "a duplicata CONTENHE...". Pausa para eu sofrer uma isquemia cerebral. Eu corrijo: "não é contenhe, é contém, M no final". Ela vai e coloca o M no final: CONTENHEM. Segunda isquemia cerebral do dia. E já percebi o que vem por aí.

Ao longo da semana foi uma chuva de emails para mim com belezas da tipo: vencerão no lugar de venceram, verifica-se no lugar de verificasse. E um texto de 3 linhas sem absolutamente nenhuma vírgula. Na 5a feira ela veio pedir feedback, porque estava adorando a empresa e precisava demais do emprego. "Tecnicamente, você é boa. Mas sua ortografia e redação é péssima, e isso é realmente um problema para mim". Agradeceu o feedback, disse que na escola não gostava de português (nota-se), mas que iria se esforçar. Bom, vamos ver. Tenho dó. Mas ultimamente tenho mais dó de mim também, sabe?


Sei que é uma ilusão, que isso não existe... eu sei, eu sei. Mas eu estou tão cansada do mundo corporativo. Das brigas, das encrencas, dos egos, das decisões, de ter que agradar a todos, de não poder agradar a todos. Cansada. Mundo bom de acabar, esse.

Um comentário:

Fanzine Episódio Cultural disse...

Lágrimas de Areia

Lá estava ela, triste e taciturna.
Testemunha de efêmeros conflitos,
Com um olhar perdido no tempo,
Não exigia nada em troca
A não ser um pouco de atenção.

Sentia-se solitária, oca,
Os homens admiravam-na pelos seus dotes.
As crianças, em sua eterna plenitude,
Admiravam-na muito mais além...
... Mais humana!

De sua profunda melancolia
Lágrimas surgiram.
Elas não umedeceram o seu rosto,
Mas secaram o seu coração,
O poço da alma,
Aumentando cada vez mais
A sua sede.

Lá ela permaneceu; estática, paralisada!
Esperando que o vento do norte a levasse
Para bem longe dali!

O dia começou a desfalecer.
Seu coração, outrora seco e vazio,
Agora pulsava em desenfreada arritmia.
Desespero!
A maré estava subindo...

Em breve voltaria a ser o que era:
Um simples grão de areia.
Quiçá um dia levado pelo vento,
Quiçá um dia... Em um porto seguro.


Do livro (O Anjo e a Tempestade) de Agamenon Troyan