quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Xaveco na terceira idade

Fui almoçar no shopping com o André. E eu achei que o ponto alto era a mocinha do CQC entrevistando o povo na praça de alimentação segurando uma melancia. E ainda periga eu aparecer atrás de uma entrevistada, totalmente papagaia de pirata.

Após o furdunço da praça, fomos comer brigadeiro no Amor aos Pedaços. Sentamos no sofá e começamos a conversar, quando entra um casal idoso. Ele senta a senhora na cadeira, beija a mão dela e se dirige ao balcão para fazer o pedido. Achei fofo. Daí ele grita de lá:

- Professora, quer só o café ou um docinho?

Aí me emocionei, meu pai chamava minha mãe de professora (mesmo ela não exercendo essa profissão desde antes de se conhecerem). Aí ele gritou de novo se ela queria água, e a chamou de "bem". A senhora negou com a cabeça e olhou na minha direção, percebendo que eu estava prestando atenção na conversa deles. Sem graça, sorri e disse:

- que lindo o jeito que ele te trata!

Então ouvi tudo o que nunca imaginei escutar:

- Ah é? Então quando ele voltar para a mesa, pergunta o nome dele porque eu não sei. Ele me pegou alí no corredor, fica me abraçando, me beijando a mão, me fazendo poema, e eu não faço idéia de quem é esse homem!.

Eu e o André ficamos naquele momento de incredulidade e sem saber o que fazer. A primeira coisa que passou na minha cabeça foi que a senhora tinha Alzheimer, e não lembrava do marido. Aí ele chegou na mesa, e reparamos que não usavam aliança. André se encheu de coragem e perguntou o nome do senhor. Chama-se Antonio, e abriu a vida para nós: tem 80 anos, advogado aposentado, professor de Administração e Contabilidade na Faculdade de Medicina (oi?) de Atibaia. E hoje ele "cultiva" cristais (oi?). Mas que hoje, 25/08/2011, ele encontrou a maior jóia da vida dele, a dona Ida, e essa ele não deixaria escapar.

Detalhe: enquanto ele falava essas coisas para nós, dona Ida lá atrás ria e fazia careta, como que dizendo: "esse véio é doido!" Ele percebeu, virou para ela e começou a cantar uma ópera, e emendou em declarações de amor em francês. Perguntou para mim se eu falava francês, disse que não, então ele me perguntou if I speak English, e começamos a conversar em inglês.

Bom, chegou uma hora que eu precisava voltar para o trabalho, então nos despedimos. Brinquei com dona Ida e falei para ela ficar esperta, que homem é uma raça muito esquisita. Ele riu e desejou felicidades para nós dois. Fomos embora com a certeza de ter presenciado o xaveco mais surreal de toda a história.

Tomara que dona Ida seja esperta e não caia na lábia do seu Antonio!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Socializo, logo consumo

Nos últimos dias, estive presente em alguns seminários e congressos sobre livro digital, mídia social, propaganda, etc e tal. E é unânimidade que TODO MUNDO tem que estar no Twitter, que sua empresa tem que estar no Facebook, que a integração com o seu consumidor blá blá blá...

E eu me pego pensando com meus botões: "É?" Quer dizer... eu abro minha conta no twitter para falar bobagem, comentar reality show, dizer que o Rodrigo Lombardi é lindo. Tempos depois, pessoas que trabalham comigo descobrem meu twitter, e eu tenho que policiar o tamanho das minhas bobagens. E ainda recebo conselho de que deveria comentar mais sobre o mercado onde trabalho. Respondo que, quando quiser usar meu @marinha como trabalho, eu crio o @marameusobrenome e vou lá.

Aì eu crio o meu Facebook. Com o mesmo intuito: falar com os amigos, com meus familiares que moram longe. Contar uma piada, reclamar de alguma coisa genérica, postar uma música. Mas claro, as pessoas que trabalham comigo me adicionam. Povo que eu conheço profissionalmente me adiciona. Gerente do banco me adiciona. E eu tenho que repensar o meu comportamento. Afinal, o presidente da associação de classe do mercado onde atuo é meu amigo. E ele só posta coisas sérias, o que ele vai achar de mim se eu postar bobagens?

E, como se não bastasse, ainda tem as propagandas. Amiga me sugere que eu curta o Ford Focus. Amiga, só vou curtir o Ford Focus se eu ganhar um de presente, #fikdik. Curte a Brastemp, o Sonho de Valsa, a L`Oreal... Mas que saco! eu criei esse facebook para INTERAGIR COM PESSOAS, e não com marcas!

E então voltamos ao início desse post: os especialistas sugerem que as pessoas participem das redes sociais. Para quê? Para ser mais um que copia e cola no mural? Para dar RT em bobagem? Querem as pessoas nas redes sociais só para ampliar a gama de CONSUMIDORES. Só isso.

E lá vou eu. A Mara Pessoa Física acha isso tudo um saco. E a Mara Pessoa Jurídica, fazer o quê? Tem que se render a abrir as redes sociais da empresa...