terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Reencontros...

Recebi um email da Personare, que dizia como é importante de tempos em tempos reencontrar antigas amizades, que às vezes ao vermos as mudanças de amigos percebemos as mudanças em nós mesmos.

Isso bem é verdade. Uma vez eu revi na rua uma moça que estudou comigo no colegial, e me assustei como ela estava enrugada. E logo em seguida pensei: "caramba, estou enrugada também desse jeito e não percebi?". Não, não estava. Fiz enquete e todos negaram, disseram que eu estava melhor. Mas é fato que vermos pessoas que fizeram parte de nosso passado pode funcionar como um espelho, até para avaliar se progredimos ou ficamos estagnadas.

Mas, na verdade, esse texto me lembrou de uma amiga da faculdade. Entramos com 17-18 anos, saímos com 21-22. Ambas virgens, sem carro, sem namorado. Eu terminei a faculdade empregada, namorando, comprei carro logo após a formatura. Ela não. Ela mudou de país, perdemos o contato. A internet nos reaproximou. Quando isso aconteceu, eu estava casada. Daí eu me separei, ela voltou ao Brasil. Nos últimos anos nos reencontramos todo mês de dezembro, para confraternizar.

Invariavelmente, todo final de encontro eu volto pensativa. Caramba, temos 38 anos nas costas. Não faz sentido uma mulher de classe média de 38 anos não poder sair a noite porque não tem carro. Oi, tem taxi? não é possível que com sua idade e emprego ainda não tenha condições de pagar um taxi! E não que ela tenha grandes despesas: ela AINDA mora com os pais!

E o papo de todo encontro? como ela é funcionária pública, todo santo encontro ela reclama da falta de aumento de salário do funcionalismo, do arrocho, da pqp. E eu mordo mais um pedaço de pizza, pensando: "minha filha, vai trabalhar de verdade numa empresa, depois venha com nhé-nhé-nhé! na vida real não tem disso não!".

Então eu fico abismada toda vez: como pode uma mulher de 38 anos viver como se tivesse 17? que amarras pode ter essa pessoa? e olha, ela era tão boa aluna... tirava notas melhores que eu! sempre achei que seria alta executiva... mas se acovardou, e preferiu ficar escondida e protegida nas tetas do Estado, e se sentindo prejudicada.

Enfim, ver essa amiga me faz ver o quanto EU evoluí. Coisas boas e ruins aconteceram, mas ACONTECERAM. Depois me chateio, que eu deveria dizer alguma coisa para ela. Mas depois me convenço que não tenho mais participação na vida dela, não tenho esse poder, e me calo. Até dezembro seguinte!

PS: Agora estou preocupada se ela vai ler. Ah, bobagem, vai não! ela não está inserida no mundo digital!

Um comentário:

Regina disse...

Queridona....só li agora, mas espero sinceramente que ela leia....amigos são para isso mesmo! Nossa guru sempre me dá altos toques e me sinto alguém bem melhor após alguns momentos de reflexão. Algumas coisas que ouço doem, mas é aquela dor construtiva, dor de quebra de estrutura falida que ainda resistia. Colocar sempre a cara à tapa só nos ajuda a crescer....viver é isso.
Chorar, enxugar as lágrimas e seguir em frente é opção construtiva.
Beijos no coração!