quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O Natal

A vida inteira escutei de pessoas que perderam entes queridos que o Natal era a época mais difícil. E isso virou meio lugar comum. Mas como a gente só entende as coisas quando acontecem com a gente, chegou a minha vez de experimentar isso.

Para mim, o Natal há muito tempo vem sendo uma época delicada. Há um bom tempo não venho curtindo essa data direito. É um tal de nos enchermos de compromissos, de confraternizações. Ano passado, se bem me lembro fui à 13 confraternizações. Foram 7 amigos-secreto. É um corre-corre dos infernos para na semana seguinte a vida continuar como a vida sempre foi.

Esse é o lado consumista. Você TEM QUE dar lembrancinhas, e vai receber algumas de volta. Essas que você receber de volta, provavelmente vai trocar. E vai injetar mais dinheiro na ciranda do consumismo. No fim das contas, você gasta um dinheiro legal para girar uma grana que poderia comprar algo bem legal para você, mas gastou picadinho. Alguém vai dizer: "mas o que importa não é o presente, é a brincadeira, é estar junto". Desculpa, para mim não é mais uma brincadeira gostosa ter que me enfiar num shopping 8 vezes no mês, lotado, sem vaga de estacionamento, para comprar lembrancinha.

Tem o lado emocional. Você já parou para pensar no desgaste emocional que provoca você TER QUE ligar para as pessoas queridas e desejar felicidade, alegria, amor, sucesso, tudo de bom? E escutar isso de volta? ao invés de soar como mensagens alegres, tem me soado como meta inalcançável, cobrança. Tem sido cansativo.

E tem o lado "agenda". Façam as contas comigo: se dezembro tem 23 dias, e eu fui à 13 confraternizações, me sobraram 10 noites. Dessas 10 noites, umas 7 eu tive que ir ao shopping fazer compras. Sobraram 3 para eu viver, ver um programa de tv, dormir mais cedo. Fora que alem desses compromissos "noturnos", sua vida normal segue: trabalho, casa, etc. Eu me canso de ver uma agenda lotada assim. Eu estou cansada de tanto compromisso!

Não, não. Em 2009 eu não vou viver isso. Fiz diferente já: não entrei em absolutamente nenhum amigo secreto. Expliquei minha total falta de vontade de fazer compras. Estou dizendo que é por causa da perda da mamãe, mas na verdade não é. Isso vem de antes. E vou nas confraternizações se estiver com vontade NO DIA. Sábado passado faltei num almoço. Ah, estava um dia esquisito, e eu não amanheci sociável. Esse ano, eu me permiti fazer o que tiver vontade. E se no frigir dos ovos gostar da receita, vai virar meu modus-operandi para sempre.

Voltando ao assunto inicial, sobre o Natal ser a estação mais difícil quando se perde alguém, acho que entendi o motivo. Passeando de carro por São Paulo, vi luzes enfeitando prédios, vi árvores lindas. É a celebração de um NASCIMENTO. Que é justamente o aposto do momento que vivemos hoje, que é a morte na nossa família.

Vamos armar a árvore, vamos nos reunir, vamos brincar, vamos festejar como mamãe bem gostava, mas... can we just skip X-mas this year?

Post Secret. O site onde descobrimos segredos que são nossos segredos também.

5 comentários:

Anônimo disse...

Amei! Fazer APENAS o que se tem vontade. Bárbaro! Bjs H.

Anônimo disse...

Digo o mesmo da mensagem acima: Fazer apenas o que se tem vontade. SEMPRE!

Bjs
Letícia

Regina disse...

Eu sempre faço aquilo que me dá prazer.....mesmo se isso significar ficar em casa, no computador ou na minha varandinha!
Eu também já quis pular o Natal...duas vezes, mas não deu! Celebre a memória de sua mãe...de onde estiver ela vai gostar de olhar; as lembranças dela também se reavivarão....olhe no céu e a estrela que estiver brilhando mais será ela....com a alma sorrindo de tanta alegria!
Eu amo você!

Alina disse...

Eu parei de gostar do natal desde os meus 2 anos. Tá, é difícil de acreditar, até porque eu me lembro bem vagamente. Mas foi justamente por causa da morte da minha avó. Não sei explicar direito, sinto um vazio enorme nesta época. Ainda tenho 14 anos e sou obrigada a celebrar, um dia terei o direito de fazer o mesmo que você, que, aliás, fez uma ótima escolha, te admiro por isso! Gostei muito, parabéns! Beijos

Fernanda Reali disse...

Eu sempre faço o que tenho vontade. Bem, sempre, não , mas umas 90% das vezes sim.


Para mim é mais fácil pular o natal e o ano-novo, porque moro no Rio e os parentes moram em Porto Alegre. Vamos uma vez a cada 3 ou 4 anos, e só quando quero. Muito bom não ter que fazer essas convenções sociais.

Nosso natal será eu, meu benhê, as crianças e Gabi, de havaianas, bermudinha, com um camarão na moranga. Planejamos isso e estou adorando a ideia.

Nao me sinto bem em fazer coisas só porque todo mundo faz. Tenho medo de morrer contrariada, então procuro viver satisfeita para morrer sossegada, hahah!

Beijos