quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Flores

Hoje, no meio da mudança da minha mobília para a empresa de boxes, descubro que esta fica bem próxima ao cemitério que minha mãe está. Eu ainda não tinha ido visitá-la. Resolvi o que tinha para resolver e fui correndo estar com ela.

Engraçado. Olhei o túmulo, olhei a placa. Joguei uma rosa lá dentro. Tentei rezar, tentei conversar com ela. Mas eu não consegui. Esse tipo de momento solene parece tão estranho para rezar. É como na missa: sempre que comungo, não consigo rezar, fazer pedidos, me concentrar. A hora de rezar é na cama, no carro, sempre que estou sozinha. E no cemitério não foi diferente: tentei falar com ela, mas minha voz fazia eco no túmulo e isso era engraçado.

O que fiz então? liguei para minhas 2 irmãs e perguntei se tinham recado para a mamãe. Uma delas, que estava na Receita Federal resolvendo inventário na hora que liguei, mandou eu dar uma bronca pela bagunça na papelada. "Que palhaçada é essa de morrer e deixar ITCM para a gente pagar, manhê?", gritei lá dentro. Então falei com a outra irmã, que mandou um beijo e perguntou como ela estava. Daí falei com minha tia, que pediu para eu avisar que elas iam viajar, e que a mamãe podia ir junto com elas que seria muito bem vinda. Dei o recado.

Então foi isso. Tentei fazer uma visita solene, mas acabou sendo uma gostosa reunião de família , como ela bem curtia. Mas Ok, resolvi parar pois achei que ela e os outros lá dentro mereciam um descanso eterno, e eu tagarelando por lá não era muito legal.

Outra coisa aconteceu: fui comprar um vasinho de margaridas, flor que ela adorava, para enfeitar o túmulo. Custava R$ 3,00. Eu só tinha uma nota de R$ 50,00, e a mulher não tinha troco. Visa Electron não funcionava. Eis que a mulher me entrega o vaso e diz:

- Pode levar. Um dia você me paga.

Fiquei muito feliz com o gesto inesperado. Minha mãe, que tinha nome de flor, sempre ajudou tanta gente, conhecida e desconhecida. E, com este singelo ato, ela recebeu de volta. Achei lindo. E vou pagar quando voltar lá, claro.

6 comentários:

fádia disse...

Que lindo! Atitude bem dela!

Paula Gutierrez disse...

Adoro quando acontece esse tipo de coisa. Parece mesmo que é um sinal.
Certa vez fui comprar um chaveiro de sapinho pra colocar junto com as chaves da minha nova casa, a moça da loja falou que sapinho tínhamos que ganhar e me deu...fiquei tão sem reação. Acabei comprando outras coisas na loja, mas nunca mais esqueci do gesto desta vendedora. Achei o máximo!!!

Anônimo disse...

Que legal esse post!
A saudade da ausência existirá, mas sempre terá uma ligação entre vcs, mãe não se afasta nunca!
Qto a moça da flor, a atitude dela foi supreendente, né? O mundo tá precisando desse tipo de pessoa.

Regina disse...

Bom Dia minha amiga querida!!!!
A oração é atitude! Sentiu a oração da vendedora? Você nunca mais vai esquecer que Cristo sempre pregou a caridade....e esta aqui não é caridade material....foi a emocional, a espiritual!!! Com certeza ela sabia da emoção do momento e ela pregou o AMOR!!!!!
Quanto ao encontro familiar.....que delícia reunir a família.....AMOR fraternal!
Beijos no coração!

Miss Me disse...

a vida é um bumerangue gigante!

Mara disse...

Obrigada, meninas!
Hoje voltei lá e paguei a dívida, e comprei mais 4 vasinhos. Essa é a lei do retorno: tudo volta em dobro, tanto para mim, quanto para a vendedora!