Tive que fechar o balancete do 3o trimestre de 2009, que ela fez até 14 de agosto, data que viajou. Tive que pegar o bonde andando, entender o trabalho dela, decifrar as anotações malucas dela, como as da foto. Deu certo. Fechei o balancete sexta, um trabalho meu e dela.
E é aí que vem a morte número 2. Faz 2 meses que lidamos com a ausência física dela. Mas, de uma forma ou de outra, estamos mexendo com as coisas dela, papéis dela. Os próximos balanços eu farei sozinha. Acabou a participação dela na empresa. O próximo trimestre não terá a presença dela. Em casa, o inventário está na finalização. Daqui uns dias, o nome dela sumirá do contrato social, da escritura da casa, da conta bancária. O nome dela já sumiu das contas de cartão de crédito e contas de consumo. Vamos mexer com ela de novo em abril, para fazer sua última declaração de imposto de renda. E daí, fim. Ela não existirá mais no mundo da burocracia, no mundo dos papéis.
Não sei como será viver no mundo dos adultos, um mundo aonde mamãe nao está para quebrar um galho, emprestar um dinheiro, segurar as pontas na empresa para eu poder viajar. E, principalmente, não sei o que fazer com essas anotações dela. Não dizem coisa com coisa, mas, ainda assim... é a letrinha dela...