terça-feira, 13 de novembro de 2012

If you love somebody, set them free

Dia 22 de fevereiro de 2007 foi um dia divisor de águas na minha vida. Esse foi o dia que o vaso de cristal rachou, e junto com o vaso todas as minhas crenças e até o que eu ACHAVA que conhecia de mim. Porque a gente sempre fala do outro assim: "ah, se fosse comigo eu não perdoava". Até o dia que acontece com você e você descobre que as coisas não são tão cartesianas assim. Que há possibilidades. Que há dúvidas. Que pode existir perdão. Que poderá haver trauma para sempre. E que pode haver final feliz.

Uma das coisas mais tristes e chocantes desse dia foi a minha vida passar diante dos meus olhos e eu me descobrir uma pessoa arrogante. Sim, a Mara fofinha e querida se achava melhor que os outros, pois sua vida era perfeita. Nem ela sabia que era isso que ela sentia, mas era. E descobrir que era humana, falível... foi praticamente um tsunami emocional.

E hoje, novembro de 2012, olho para mim. A Mara sobreviveu, mais fortalecida. Algumas feridas daquele 2007 ainda doem, alguns traumas ficam e a gente tenta conviver com eles. Mas o que tenho percebido é que ando, mais uma vez, arrogante e julgadora, questionando os relacionamentos alheios pelos meus medos, meus traumas, minhas desconfianças. E quem está vivendo o relaciomento é o outro, porra!






Coloca o cd pra tocar e vai viver sua vida, Mara!


domingo, 11 de novembro de 2012

O dia depois da raiva

Foi como o que minha coach disse: amar não é fácil. Esse negócio de "na alegria e na tristeza" não tem nada de tranquilo. Porque tem momentos que as pessoas que amamos nos magoam (e isso acontece com razoável frequência). E as pessoas não são descartáveis. Não posso deixar de ser amiga, irmã, namorada, filha de outra pessoa só porque discordamos em uma opinião. Amar é saber passar por cima disso, saber que o que aconteceu é menor que todo o resto, e lidar com a situação. O que não significa ceder, ou sobrepor. Significa co-existir.



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Quem eu sou

Eu sou quem eu sou. E isso é uma coisa muito difícil nos dias de hoje. Neste mundo globalizado, cheio, lotado de pessoas que pensam e que tentam impor suas idéias. E talvez eu tente impor as minhas, não devo ser diferente.

O fato é que eu sou diferente. Não posso pertencer a um mesmo grupo o tempo todo. E tem momentos, como esse, que não me encaixo em nenhum. Sou pobre demais para ser rica. Sou rica demais para ser pobre. Mas a vibe "classe média sofre" também não combina comigo. Não consigo fechar os olhos para a dor humana. Tocar a letra F me dói muito, costumo ter consideração pelo sentimento alheio.

Se eu fosse diferente... se eu fosse de família quatrocentona paulistana, talvez votasse no PSDB. Mas de onde eu vim, ou de onde meu pai veio, não consigo. Se meu pai tivesse me dado meu primeiro carro, talvez eu achasse normal gastar 70.000 reais num carro. Como todos meus carros foram comprados com meu dinheiro, fruto de economias ou prestações mensais, escolho o mais simples. Como andei muito de ônibus e de metrô, sei valorizar o básico. Achei lindo andar de Mercedes em Viena, mas isso não é parte de mim.

Teve uma época de "vacas magras" que eu só tinha UMA calça. E um maloqueiro na casa da minha avó roubou a calça para comprar drogas e minha avó foi peitar, mas isso é assunto pra outro post. Eu só tinha uma calça. Hoje tenho bem mais que isso, mas não tenho o coragem de ir num outlet nos Estados Unidos e comprar 15 calças só porque o preço é bom. Uns bons anos antes da polêmica lei da proibição das sacolinhas plásticas eu já usava sacolas reutilizáveis, pelo simples fato de que todo aquele plástico me irritava. Alías, o consumo excessivo me irrita demais. Não consigo passar 6 meses sem fazer limpeza no closet e mandar coisas embora. Talvez seja mais fácil mandar coisas do que sentimentos embora.

Eu sou os meus sonhos. O sonho de ser mãe que ainda não aconteceu e eu procuro formas de concretizar. Já fui mais gorda, mas já fui mais magra e engordei porque achei que perderia o amor. Perdi o amor de qualquer forma. E até hoje não achei o tamanho certo para encontrá-lo de novo. Talvez eu não esteja pronta para o amor. Será que eu quero me abrir para o amor? Será que eu amo a minha solidão?

Eu sou os traumas que vivi. As rejeições que sofri. Os nãos que levei. As lágrimas que chorei. Os nãos que falei. As lágrimas que provoquei. Os beijos que beijei, os abraços que dei e recebi. Os orgasmos que tive. Os dias de alegria. Os dias de ingenuidade. Os dias que eu acreditei. E todos os outros tantos dias que eu duvidei. Porque o que mais tem dentro de mim é dúvida. E medo de ser dona da verdade.

Eu queria que algumas coisas fossem diferentes. Que fossem mais simples. Que a decisão fosse mais fácil. Que algumas coisas que eu ouço, e que às vezes nem me dizem respeito, não me doessem tanto. Mas não posso fazer nada, eu sou tudo isso que falei.


Para que serve esse post? Não sei. Talvez para ele simplesmente existir. Para talvez eu ler de ver em quando e lembrar de que eu sou feita.