quinta-feira, 30 de junho de 2011

Julho


Quando o dia do meu aniversário vai se aproximando, eu sinto uma ansiedade quase incontrolável. E meio que uma paralisia também. Não sei o motivo. Talvez pelo fato de meu aniversário ser nas férias. E você sabe, quem faz aniversário em julho não tem festinha na escola. Quando eu era pequena, como eu queria um bolo na escola! Sim, algumas mães faziam a festa tardiamente. Mas a minha mãe provavelmente nunca pensou nisso (por ter a agenda absolutamente cheia) e eu nunca fui de pedir as coisas. Tenho certeza de que se tivesse falado com ela dessa minha vontade, ela teria atendido. Mas eu sou assim mesmo, bundona: quero que as pessoas PERCEBAM o que eu sinto. Coisa de canceriana mesmo, desde sempre.

Então quando eu fiz 15 anos, não tive nem festa. Naquele ano, a nossa casa estava caindo aos pedaços, e meus pais precisaram comprar todos os móveis de novo, além de uma super reforma. Ninguém tinha grana para uma festa. Ainda mais em julho, né? todo mundo viajando...

Aí eu prometi que faria uma super festa de 30 anos. Faltava 2 anos e eu bradava aos quatro ventos da minha super mega blaster festa de 30. E os 30 vieram... e estão indo embora e nada de festa. Quando vai chegando perto volta o sentimento da menina que não tinha festa, e o aniversário ainda cai em dia de feriado em São Paulo, não sobra um. Mas eu acho que a minha grande questao é a timidez e o medo de ser rejeitada.

Bom, dia 09 de julho faço 40. E galera geral cobrando a festa. Inclusive porque este é meu primeiro aniversário no meu apartamento novo, e ele tem salão de festa. Mas o salão é pequeno e cabem apenas 40 pessoas. E minha lista básica tem 78. Sofri com isso por dias, e por fim dividi a festa em 2 dias: uma para amigos, e outra para família. Mas ainda assim estou tensa. Muito tensa.

E, como aquela menina da escola triste por não comemorar com a classe, fico tão chateada com alguns amigos optando por não passar esse dia comigo. Sim, eu sei que o mundo não gira ao meu redor, que não é pessoal, mas o que eu posso fazer? Sentimento é coisa que a gente sente. Eu deveria me apegar aos que dizem SIM, mas os NÂOS pegam pesado em mim. Alguns NÃOS eu compreendo, outros eu fico buscando o porquê.

Tudo o que eu desejo para mim nessa nova década da minha vida é que eu seja mais leve. Que eu não pense tanto, especule tanto. Uma coisa meio aquela canção dos Beatles: live and let live.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Repensando a maternidade

Eu sempre quis ser mãe. Mas o destino não quis (até agora, pelo menos). Já engravidei uma vez, mas perdi. A criança teria 14 anos hoje e estaria me enlouquecendo, eu sei.

O fato é que sou mãe de um bebê (de 12 anos) cocker spaniel. Ele foi tão mimado por mim, e pela minha mãe, que agora não conseguimos domar este monstrinho lindo. Minha mãe deixava de sair para ele não ficar sozinho. E eu achava minha mãe exagerada. E agora, que não moro mais com ele, fico atazanando minhas irmãs para saber que horas elas chegam para ver quantas horas o menino vai ficar sozinho.

Eu acho que quando elas lêem meu nome no celular ligando, elas suspiram. Aì elas não atendem. E aí eu vou lá ficar uma horinha com ele. E quando eu chego ele chora, esperneia, faz todo aquele drama com aquela cara de chantagem emocional que só um cocker tem. E devo admitir: isso me abala. Quando falo TCHAU, ele se enrola no sofá e fica desolado. Juro, meu coração fica junto dele. Não o levo para morar comigo por culpa DELE, que não sabe se comportar no elevador e late que nem... um cachorro!

Ontem minha irmã disse que chegaria em casa às 18hs. Fiquei tranquila, seriam só 3 horas de "solidão". Às 18:30 liguei em casa e ela não atendeu. Já me bateu o pânico: liguei para ela, e ela disse que apareceu uma emergência e ainda ia demorar mais 1 hora. Bastou para meu stress começar. Comecei aquela briga comigo mesma: uma parte de mim me mandava ficar quieta na minha casa, que as minhas irmãs são co-donas do bebê e elas tem que ter responsabilidade. A outra parte de mim queria ir correndo lá para pegar ele no colo, beijar, pedir desculpas pelo abandono.

Venceu a parte durona de mim. Com muito sofrimento e peso na consciência. Ah, quero mais não esse negócio de ser mãe. Eu vou ficar assim cada vez que o filho sair de casa?

domingo, 19 de junho de 2011

O preço das coisas

Esses dias assisti o filme "O amor acontece", com a Jennifer Aniston e o gatón Aaron Eckhart. O filme é assim, assim... sei lá. Mas ele teve um aspecto que me pegou pesado. Burke perdeu a esposa num acidente de carro, e escreve um livro de auto-ajuda sobre como lidar com perdas. E fica famoso, e dá palestras, programas intensivos, negocia programa de TV. Ele, todo compreensivo e acessível, ajudando as pessoas a lidar com a morte. Menos ele. Porque ele, sempre que está sozinho, está contido e reprimindo suas reações.

E no meio de uma palestra, aparece seu ex-sogro. Que pergunta como ele consegue enriquecer, ficar famoso, com a dor de alguém. Com a morte da filha dele. E até quando ele iria mentir para si mesmo?

É uma coisa que eu evito de falar em voz alta, mas sempre martela minha cabeça. Eu estou tão feliz com meu apartamento. E qual o custo dele? o seguro de vida da minha mãe. É tão difícil aceitar que você realizou um sonho com um preço tão alto. Como ser feliz com isso? Aí eu minto que considero esse apartamento um presente dela. Mas eu não queria o presente, eu queria ela de volta. Mas eu não quero abrir mão do meu apartamento. Talvez uma coisa não tem nada a ver com a outra, talvez eu precise dar uns gritos daqui da janela, talvez precise rezar uma missa, não sei.

Essa semana sonhei com ela quase todos os dias. Será que vai ser esse buraco para sempre no coração?

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Casamento # amor # felicidade

Já falei mil vezes aqui o quanto essa vida de comercial de margarina nas redes sociais me incomoda. Não porque a felicidade alheia me incomode. Mas porque a gente sabe que nem todo mundo achou sua alma gêmea, todo mundo tem problemas. E pessoas como eu, que não mascaram a realidade, começam a questionar porque todo mundo é feliz, menos eu.

Aí hoje tive mais uma prova. Estava eu no Facebook, e aparece uma "pesquisa" sobre sua situação nesse dia dos namorados, recomendada por uma amiga. Apareceu assim na minha página:

Quatro conhecidos responderam esta pesquisa. Uma delas respondeu "solteira vivendo a vida", e eu acho que é isso mesmo. Um rapaz respondeu "solteiro procura". Ah, e ele procura MESMO. Ele ataca toda e qualquer mulher que passa pelo facebook, já adicionou 3 amigas minhas que ele não conhece.

Das duas que clicaram na opção CASADA E FELIZ: Uma já levou uns belos sopapos do marido, e só aceitou não fazer B.O. porque ele pagaria seu mestrado, o que ele fez. Ou seja, negociou o casamento. A outra casada e feliz está no 5o. amante, cujas peripécias sexuais ela me contou com riqueza de detalhes. E eu ouvindo com cara de espanto.

Daí eu fico pensando: isso é ser casada e feliz? ou elas são felizes apesar de serem casadas? ou a felicidade não vem do casamento? Ou sou eu a romântica incurável que quer acreditar que pessoas que seguem casadas QUEREM estar casadas? Que o casamento é uma união de almas, não de interesses?

E, além das pessoas que fingem que são casadas e felizes, tem aquelas que estão sozinhas e estão em absoluto desespero com a chegada do dia dos namorados. Recebi uns 15 emails, posts e mensagens com a frase: "eu não fico com índio no dia do índio, eu não abraço uma árvore no dia da árvore, então não preciso de um namorado no dia dos namorados". Eu fingi que achei engraçado, mas não achei. Que bobagem. Porque esse ar blasé? Quem não quer estar com o coração apaixonado? Qual o problema de admitir isso? E porque também dar importância ao dia dos namorados? isso é data comercial. Restaurantes, motéis, tudo fica lotado e caro nesse dia.

Amor a gente vive todo dia. Não precisa de data comercial para isso. E não precisa fazer de conta que não quer. Chega na hora que tem que chegar.
(e eu, que não tenho vergonha nenhuma, quero que o meu amor venha logo!)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Jogando a vaca da torre

É, o mundo dá voltas. E na correria dessas voltas, a gente nem percebe as voltas acontecendo.

Era uma vez uma mulher. Vamos chama-la de Mara * (*nome fictício, rá!). E ela estava vivendo uma enorme crise no seu casamento. E o casal tinha uma amiga, vamos chamá-la de Vaca (Le Vaquê, carinhosamente falando). Le Vaquê era francesa. Mara e seu marido deram total guarida a Le Vaquê. Foram amigos. Emprestaram panelas, edredon, seu tempo precioso. E o casamento da Mara em crise. Daí Le Vaquê volta para França. E só depois disso, Mara fica sabendo que Le Vaquê deu em cima de seu marido o tempo todo, dentro de sua própria casa. E Mara não percebeu isso porque confiava na Vaca, no marido e estava totalmente absorvida com seu problemas, e não percebia os sinais que estavam no ar.

Mara quase em depressão com a traição de Le Vaquê (porque uma coisa é desejar o marido de uma pessoa, outra é se fazer de amiga para roubar informações), e marido propõe que se faça uma viagem, para salvar o casamento. Para Paris, a cidade do amor. Mara entra em histeria, e grita que NUNCA, NUNCA, NUNQUINHA, NEVER, EVER irá pisar na terra de Le Vaquê. Que uma bomba caia naquele país.

Cinco anos se passam. Casamento acabou, vida seguiu. Mara vai ter que fazer uma viagem a trabalho para uma cidade européia. Filha de Deus, resolve que vai tirar mais uma semaninha e conhecer outra localidade. E escolhe Paris. Porque Paris é linda, precisa conhecer. Conversa com pessoas, vê sites, escolhe coisas.

Mara conta seus planos de viagem para sua terapeuta. E esta começa a rir e pergunta: Mas não era você que nunca pisaria na França?

Mara olha para a terapeuta com cara de tacho... tinha ESQUECIDO do acontecido... É... quando a coisa perde importância, a gente foca no que realmente importa: nossa felicidade e sonhos.


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Betty, a feia.

E faz uma semana que eu coloquei aparelho nos dentes. E dói, incomoda, machuca, arranha, aperta. E nada de me fazer perder a fome. A única vantagem é que pensamos 20 vezes antes de comer pelo saco que é escovar, mas quem quero enganar? Gordinha sempre prefere escovar do que não comer.

E aí o povo amigo pede foto, e eu enrolando. E ontem foi aniversário do André, e ele quis tirar uma foto minha no restaurante, que tinha uma decoração bonita. Quinze shots depois, toda foto eu saia com cara de fiofó ou bocuda. Se tiro de boca fechada, o sorriso fica torto por causa do aparelho. Parece que tenho uma batata escondida lá dentro. Se tiro de boca aberta, o lábio prende no aparelho, e fica um sorriso tão falso e sem graça...

Desisti de tirar foto. Aliás, não pretendo mais tirar foto nenhuma. Estou igualzinha a Betty, a feia. Inclusive, parece que só falta a minha cirurgia de miopia de 10 anos atrás expirar e eu voltar a usar óculos, seria a cereja do bolo!


Fazendo o jogo do contente, talvez eu devesse usar esse 1 ano e meio de Betty para emagrecer, fazer plástica, puxar aqui e alí, para quando tirar o aparelho: tcharam!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

I´ll send a S.O.S. to the world...

E o post anterior foi o POST DA DEPRESSÃO. Nem sei porque precisei gritar aquilo. Podia ter escrito no Twitter. Mas no twitter me sinto vigiada, sei lá. Mas eu precisava naquele momento dizer aquilo.

Mas a ironia foi que neste dia que escrevi essas palavras depressivas no blog e no meu Facebook escrevi uma mensagem bem motivacional, falando para as pessoas não darem importância ao que não tem importância e serem felizes. Tive várias respostas e botões "curtir" desta mensagem. E depois que disse aquilo, meu dia foi tranquilo. Eu esvaziei minha caixa de emails (alguém me aplaude, por favor?), resolvi várias coisas que estavam truncadas e terminei o dia bem tarde, mas de bem comigo mesma.

Quando chego em casa, tarde da noite, descubro que deixei o gás ligado. Casa fedendo, abre as janelas no meio do frio para sair o cheiro. Teria sido um acidente. E poderia ter sido sério. E eu só conseguia pensar nas minhas mensagens virtuais naquela manhã, e como as pessoas teriam achado que foi uma despedida, um bilhete suicida virtual.

Enfim, só para esclarecer que enquanto canceriana pré-inferno astral eu fico bem melancólica às vezes, mas nunca vou tirar minha vida, ok? Pretendo ficar na área por um bom tempo!

I´ll send an S.O.S. to the world
I´ll send an S.O.S. to the world
I hope that someone gets my
I hope that someone gets my
message in a bottle...

(The Police - Message in a bottle)