sábado, 31 de outubro de 2009

Quando a minha mãe morrer...

Esta semana foi uma semana triste para mim. Sinto que a morte da minha mãe está bem próxima. Calma, eu explico:

Tive que fechar o balancete do 3o trimestre de 2009, que ela fez até 14 de agosto, data que viajou. Tive que pegar o bonde andando, entender o trabalho dela, decifrar as anotações malucas dela, como as da foto. Deu certo. Fechei o balancete sexta, um trabalho meu e dela.

E é aí que vem a morte número 2. Faz 2 meses que lidamos com a ausência física dela. Mas, de uma forma ou de outra, estamos mexendo com as coisas dela, papéis dela. Os próximos balanços eu farei sozinha. Acabou a participação dela na empresa. O próximo trimestre não terá a presença dela. Em casa, o inventário está na finalização. Daqui uns dias, o nome dela sumirá do contrato social, da escritura da casa, da conta bancária. O nome dela já sumiu das contas de cartão de crédito e contas de consumo. Vamos mexer com ela de novo em abril, para fazer sua última declaração de imposto de renda. E daí, fim. Ela não existirá mais no mundo da burocracia, no mundo dos papéis.

Não sei como será viver no mundo dos adultos, um mundo aonde mamãe nao está para quebrar um galho, emprestar um dinheiro, segurar as pontas na empresa para eu poder viajar. E, principalmente, não sei o que fazer com essas anotações dela. Não dizem coisa com coisa, mas, ainda assim... é a letrinha dela...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

As coisas que as mulheres fazem...

Rosa* é excelente funcionária. Fala bem, escreve bem, executa as tarefas com perfeição. Faz diversos cursos de aperfeiçoamento para melhorar mais ainda no cargo. Se antecipa aos problemas, resolve tudo, é um braço direito. Por monitorar seu email comercial, conheço sua boa redação, quase nunca necessitando alterações. É muito bom trabalhar com ela.

Eis que recebo uma denúncia de que ela está usando de forma inadequada o MSN na empresa. Junto vem uma cópia das conversas. E a conversa é com um funcionário de um cliente. Vou ler preocupada: "será que ela está concedendo privilégios? será que liberou informações sigilosas?"

Abro o arquivo e vejo:
- Oiii... ki calor.... cum saudadi...
- hasahasuhasu (risada miguxa)
- vc naum me acha bunita? qtos anos vc me dah?

Ou seja: a moçoila numa dança do acasalamento miguxês!!

Mulher quando está a fim de um cara faz cada coisa... e eu agora não sei o que faço: se repreendo pelo uso inadequado do MSN, ou pelo uso inadequado da Língua Portuguesa!

* Rosa é nome fictício, claro!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Novos horizontes...

Um dia antes de começar a desmontar o apartamento, tirei essa foto para recordação:

Eu adorava o entardecer da janela da sala. A linha dos prédios ficava linda contra a persiana. Adorava a vista da rua Sergipe com a Consolação. Adoro esse sofá, delicioso e aconchegante, que já abrigou várias sonequinhas vespertinas. Nesse sofá já sentaram bundinhas de pessoas que amo muito. Essa sala, com esses puffs e almofadas, já foi cenário de noites deliciosas e divertidas. Sim, essas almofadas também já foram molhadas com muitas lágrimas. Mas isso não é a vida?

No dia seguinte, esse sofá foi desmontado e embrulhado em plástico bolha. (Nota: eu MATO alguém se ele tiver algum problema na montagem!). A persiana arrancada, o tapete enrolado. Acabou a alma da casa.

Ontem estive no apartamento para supervisionar a pintura. Sim, Britto Jr não merece, mas eu procuro ser correta, e estou pintando e refazendo o cascolac meia boca dele. O Universo me devolverá isso um dia. Mas não é disso que quero falar. O que quero falar é sobre minha sensação ao entrar no apartamento.

Eu não senti nada! Ele estava lindo, pintadinho. Mas parecia tão sem vida, tão anônimo, tão estranho... nem parecia que eu vivi os últimos 6 anos da minha vida lá. Não sei se é o fato de que estou indo para coisa melhor, mas estou completamente desapegada do apartamento, e incrivelmente tranquila na casa do meu pai. Me preparei tanto para sentir desespero e falta do meu espaço, que a realidade se tornou fichinha perto do que imaginei. Bom assim.

Dizem que LAR é onde seu coração está. E hoje, meu coração está aqui, com meu pai e irmãs, junto com minhas quinquilharias, gatos e cachorros. Sempre aguardando algo melhor que está por vir.

domingo, 25 de outubro de 2009

Ainda sobre redes sociais...

Há algum tempo atrás, Precioso disse uma coisa que ficou martelando na minha cabeça, mais ou menos assim:

"antes, a gente ficava aguardando um telefonema. Pegava no gancho para ver se dava linha, e aguardava. Hoje? além do telefone, tem o celular, a caixa postal, o torpedo, o email, o email comercial, o msn, o orkut, o twitter, o facebook, o sonico, e o que mais inventarem nessa vida. Na verdade, são apenas mais canais aonde podemos nos sentir rejeitados."

É tanta rede social para interagir e dar satisfação, e procurar satisfações, que acho que pode gerar mais ansiedade que prazer.

Ou eu estou numa má fase, sei lá.

Vou refletir. Reflita você também.

Out!


Acabei de ficar de saco cheio. Deletei minha conta no Facebook. Eu juro que tentei, pessoal. Mas não rola. Tentei ter a mente aberta, não comparar com o Orkut. Mas não consegui me adaptar. Além de não conseguir me adaptar, consegui me irritar! Vejam:

1. A pessoa te manda um "sorriso". Aí você tem a opção de ignorar ou retribuir. Pessoa educada que sou, vou retribuir. Então, para retribuir, eu tenho que selecionar pessoas para mandar o tal sorriso, não só a que me mandou. O que significa que vou encher as caixinhas dos outros...

2. Você coloca o que está pensando. E o povo comenta. , o Twitter não é para isso?

3. Outra pessoa te manda um convite para "farmville". Aparentemente seremos fazendeiros. Só que a pessoa só prospera na fazenda conforme seus amigos também se tornam fazendeiros. Praticamente um esquema de pirâmide virtual. Ai que saco!

É isso. Não vi graça nenhuma. E fica esse monte de pendência para aceitar perturbando minha home page. No orkut já fiz isso também: deletei o Buddy Poke. É engraçadinho, é fofinho, mas é mais uma coisa para ver. Vamos combinar que tempo não é um produto em sobra por aqui.

Num post anterior, havia comentado que não tinha entendido a graça do Twitter. Agora já encontrei e estou me divertindo bastante. E chega de outras redes sociais!

sábado, 24 de outubro de 2009

Chocotone na moranga

Todo ano, quando entra outubro, já conseguimos encontrar Chocotone Bauducco nas gôndolas de supermercados. Adoro chocotone! Bom de comer com café com leite, a qualquer hora...

A mamãe adorava comprar a primeira fornada, às vezes até em setembro, para me dar o primeiro chocotone do ano. Além do primeiro, ela dava o segundo, o terceiro... ela via chocotone e comprava para mim! Tinha que pedir para ela parar, pois não dava conta... coisas de Potira!

Mamãe odiava fazer camarão na moranga. Meu prato preferido. Então ela sempre fazia no dia 09 de julho, meu aniversário, que eu podia escolher o cardápio. Todo ano ela reclamava, mas fazia. E era a coisa mais deliciosa do mundo! Mal sabia eu que o desse ano seria o último...

Mas esse post não é para lamúrias. É para agradecer às pessoas maravilhosas que me cercam e me mimam...

Fadinha, linda, chegou aqui ontem com a primeira caixa de chocotone do ano. Já veio dizendo: "vou dar continuidade à tradição da sua mãe!". Oba, posso contar com meu chocotone todo fim de ano!

E a Júlia... se ferrou! se ofereceu para fazer um camarão na moranga amanhã. Coitada, ganhou um compromisso para todo dia 09 de julho até o final das nossas vidas! E isso não é pouca coisa não!

Meninas, obrigada a vocês, e a tantas outras pessoas que estão do meu lado e de minha família, fazendo com que as lembranças sejam deliciosas e festivas, ajudando os dias a serem mais leves. Amo!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

de volta ...


Faz 10 dias que voltei a morar com minha família. Foi uma decisão repentina, impulsiva, achei até que fosse me arrepender. Bom, 10 dias ainda não é um bom parâmetro, mas ainda estou bem.

Claro, estou sentindo falta de minha privacidade. E fico com medo de deixar meus perfumes, bolsas e bijuterias à mercê de minhas irmãs. E elas dormem de janela aberta, e a luz do sol incomoda demais logo cedo (máscara para os olhos já resolveu!). Fora que os 2 cachorros e 3 gatos estão adorando a "carne nova" e vão todos dormir comigo. Então é aquela suruba a noite inteira.

Mas de repente estou gostando de chegar e encontrar café da manhã pronto. E a roupa passada e limpa no guarda roupa. E de ter companhia a noite - isso diminuiu bastante minha vontade de comer doce a noite.

A lua de mel meio que acabou no domingo, quando eles começaram a assistir programas sertanejos pela manhã. Acordar com a música "é que a viola bate no meu peito..." e bem difícil para uma roqueira. A viola não bate no meu peito não. Isso é um contra na lista de prós.

E a saudade da mamãe... amanhã faz 2 meses que ela se foi. Voltar a morar aqui me faz sentir pertinho dela. Ela ia adorar me ver de volta. Essa noite sonhei que assistia um filme que podíamos entrar dentro dele. E nesse filme, ela abria um portão, e eu e minhas irmãs corríamos para abraçá-la. Eu a apertava tanto, tanto, tanto...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Flores

Hoje, no meio da mudança da minha mobília para a empresa de boxes, descubro que esta fica bem próxima ao cemitério que minha mãe está. Eu ainda não tinha ido visitá-la. Resolvi o que tinha para resolver e fui correndo estar com ela.

Engraçado. Olhei o túmulo, olhei a placa. Joguei uma rosa lá dentro. Tentei rezar, tentei conversar com ela. Mas eu não consegui. Esse tipo de momento solene parece tão estranho para rezar. É como na missa: sempre que comungo, não consigo rezar, fazer pedidos, me concentrar. A hora de rezar é na cama, no carro, sempre que estou sozinha. E no cemitério não foi diferente: tentei falar com ela, mas minha voz fazia eco no túmulo e isso era engraçado.

O que fiz então? liguei para minhas 2 irmãs e perguntei se tinham recado para a mamãe. Uma delas, que estava na Receita Federal resolvendo inventário na hora que liguei, mandou eu dar uma bronca pela bagunça na papelada. "Que palhaçada é essa de morrer e deixar ITCM para a gente pagar, manhê?", gritei lá dentro. Então falei com a outra irmã, que mandou um beijo e perguntou como ela estava. Daí falei com minha tia, que pediu para eu avisar que elas iam viajar, e que a mamãe podia ir junto com elas que seria muito bem vinda. Dei o recado.

Então foi isso. Tentei fazer uma visita solene, mas acabou sendo uma gostosa reunião de família , como ela bem curtia. Mas Ok, resolvi parar pois achei que ela e os outros lá dentro mereciam um descanso eterno, e eu tagarelando por lá não era muito legal.

Outra coisa aconteceu: fui comprar um vasinho de margaridas, flor que ela adorava, para enfeitar o túmulo. Custava R$ 3,00. Eu só tinha uma nota de R$ 50,00, e a mulher não tinha troco. Visa Electron não funcionava. Eis que a mulher me entrega o vaso e diz:

- Pode levar. Um dia você me paga.

Fiquei muito feliz com o gesto inesperado. Minha mãe, que tinha nome de flor, sempre ajudou tanta gente, conhecida e desconhecida. E, com este singelo ato, ela recebeu de volta. Achei lindo. E vou pagar quando voltar lá, claro.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Cidoca

Minha fama com empregadas não é das melhores. Não que eu seja desumana, ou pegue no pé, ou seja chata. É que qualquer pessoa, por melhor que seja, comparada à bondade e doçura da minha mãe, é considerada chata. Minha mãe permitia tudo, aceitava as desculpas mais esfarrapadas. E eu colocava ordem. Então era a chata. Sou chata.

Há 6 anos saí de casa. Quando saí, decidi o tipo de pessoa que queria que trabalhasse comigo. Não sou exigente, mas não gosto de nhé-nhé-nhé. A primeira pessoa que contratei não deu certo, e levei um ano para demití-la (minha mãe, na mesma situação, levou 20 anos..). Em seguida veio a Cida, que estava comigo até ontem.

Não que ela seja perfeita. Ela fala mais que o homem da cobra, tem dia que chega com um mau humor dos infernos. Mas ela tem semancol, ela cumpre o trabalho dela sem firulas, e não me perturba com seus problemas pessoais. Ela comenta por cima e pronto. (A empregada da minha mãe fica o dia inteiro reclamando do cartão de crédito que ela não tem dinheiro para pagar - quase que mandei ela ir a uma sessão espírita tentar ver se minha mãe pagava, porque de mim não sai mesmo!)

E ontem foi o último dia de Cida aqui. Vejam bem, ela perdeu o emprego. O que ela fez? encaixotou todas minhas coisas de cozinha e cama, mesa e banho. Detalhe: sem eu pedir! Embalou no jornal, fechou caixa, etiquetou. Tudo no maior carinho. Ela fez em 6 horas tudo que adiei desde domingo! E quando voltei achei esse bilhete:


É inevitável a comparação com a empregada da minha mãe. Acabamos de perder a mãe, e a pessoa não tem a sensibilidade de perceber o momento difícil que nós estamos passando, e nos atazana com seus problemas, que não temos nada a ver. Já Cidoca, que perdeu o emprego, percebe meu momento de mudança, que isso não é algo pessoal, e me ajuda até o último dia. Isso é realmente demais. O que falta às pessoas é o exercício de se colocar no lugar dos outros.

Cida, tenha certeza! assim que tiver minha casa de volta, vou precisar de você. Porque nós precisamos de pessoas que facilitem a vida da gente, não que atrapalhem.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Basta!

Eu escrevi o post abaixo no dia 01. No dia 02 resolvi mudar. Ia enrolar aqui uns 6 meses, mas não deu. Chega uma hora na vida da gente que temos que avaliar a real importância das coisas. Eu suporto Britto Jr há 6 anos. Já fomos amigos, e depois da pisada de bola dele, mal nos tolerávamos. Aí ele inventou o aumento, eu não aceitei. Ok, isso você já sabia no post abaixo.

O que você não sabia é o seguinte: Britto tem 2 opções: ou pede a revisão na justiça, ou pede a desocupação do imóvel. Só que percebi que ele não vai fazer uma coisa nem outra. O que ele vai fazer é me procurar semanalmente, mensalmente, e bater na mesma tecla, over and over and over and over and over...

E é esse o momento do basta. Quando se vive uma situação limite como a minha, de perder a mãe, você repensa muita coisa da vida, o que tem valor e o que não tem. Então eu decidi que não preciso mais aturar essa pessoa. Na minha escala de pessoas e prioridades, Britto Jr está lá no final. Eu tenho uma relação facilmente "rompível" com ele. Então, tchau! Quero boas energias na minha vida, quero chegar em casa e chamar de lar, não de inferno.

Voltarei para a casa dos meus pais até comprar meu apartamento, ainda estou decidindo o que fazer com os móveis. Vai ficar tudo bagunçado, vou perder privacidade, minhas irmãs acordarão gritando, os cachorros e gatos vão tirar meu espaço na minha cama. Sim, eles vão encher o saco. Mas são PESSOAS QUE EU AMO enchendo o saco. De quem eu não amo não tolerarei mais isso.

(*) ah, alguém teve essa dúvida: somente esclarecendo, Britto Jr é um nome fictício, em homenagem à semelhante aparência física da figura

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Brigas mentais

Você já brigou mentalmente com alguém? Então sabe bem como é. Você está com raiva e pensa num monte de impropérios para dizer para a pessoa. Daí imagina qual seria a resposta dela (e esta nunca é apaziguadora). Então você briga mais ainda. E mais, e mais... transformando seu dia numa trincheira!

Eu brigo mentalmente com um indivíduo, vamos chamá-lo carinhosamente de BRITTO JUNIOR, há pouco mais de um ano. Ok, não sou xarope totalmente, eu briguei pessoalmente também. Mas nos outros dias que não falo com ele, quando penso nele a briga vai longe.

Britto Junior é o dono do apartamento onde moro. Sempre tivemos relação pacífica e amigável. Eu cedi em várias bobagens, por dó da triste figura que ele é. Até o dia que cometi um engano. Daí Britto Junior esqueceu todas as gentilezas e resolveu fazer valer o contrato. Isso me feriu de uma forma absurda. Nunca fui questionada na minha idoneidade. Imagina, logo eu que sou a mais caxias do mundo! E então resolvi pedir de volta todas as bobagens que cedi no contrato. E ficamos nesse bate boca, mas ninguém faz nada.

Essa pendenga completou um ano agora. Este mês, exatamente no dia da missa de 1 mês da minha mãe (sim, porque o mundo não para por causa da sua dor, saiba disso), Britto resolve reajustar aluguel como se não houvesse amanhã. Então é isso. Fiz o que deveria ter feito há um ano atrás: consultei uma advogada.

Queria dizer que foi a melhor coisa que fiz. Não que mude muito a minha vida. Ela entendeu que eu me sinto injustiçada e com razão, mas explicou aonde eu não vou ter razão aos olhos da justiça. Eu não posso ceder e depois voltar atrás e cobrar 4 anos retroativo. Isso é picuinha. Foi um papo bem legal. Entendi aonde posso mexer. Hoje vejo quanta energia gastei com raiva, com mágoa dessa pessoa. E isso, mediante tudo o que aconteceu, é tão pequeno...

Minha conclusão? é um ciclo da minha vida terminando. Eu vim para este apartamento com um sonho de constituir família. Mas o casamento acabou, o marido se foi, eu fiquei. Esse apartamento já tem um pouco a cara de sonho destruído. Todo esse auê com Britto contribuiu para esse saco cheio. Agora, com a morte da minha mãe, é hora de repensar novos caminhos, novos lugares, novas paredes.